Energia nuclear é limpa?

Mestre em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais (UFAC, 2015)
Graduada em Ciências Biológicas (UFAC, 2011)

Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição:


Ouça este artigo:

A energia nuclear é proveniente da fissão de um átomo pesado, ou seja, da divisão do núcleo do átomo de metais. Ao serem divididos os átomos liberam grande quantidade de energia. A energia nuclear geralmente está associada às bombas atômicas e armas nucleares, mas ela tem sido aplicada em diversas atividades na sociedade (medicina, agricultura, indústria). Sua principal utilização é na geração de energia elétrica, sendo geralmente apresentada como uma fonte limpa. Mas nem todos pensam assim, por isso sua utilização sofre resistência por grande parte dos ambientalistas e da sociedade em geral. Será que a energia nuclear é realmente limpa?

Usina Nuclear de Energia. Foto: TTstudio / Shutterstock.com

A produção de energia elétrica ocorre nas usinas nucleares e o reator nuclear é o equipamento onde se processa a reação de fissão nuclear. A fissão libera calor que aquece a água, produzindo vapor. Esse vapor movimenta a turbina, que aciona um gerador elétrico, que por sua vez transforma energia cinética (movimento da turbina) em energia elétrica. A fissão do átomo de urânio é a técnica mais empregada nesse processo. A energia nuclear não é renovável, uma vez que não utiliza recursos que são naturalmente reabastecidos.

Um dos principais argumentos utilizados para defender o uso da energia nuclear como uma alternativa limpa é o fato de que ela não emite CO2 para a atmosfera, não contribuindo para o aquecimento global. De fato, as emissões de CO2 de uma usina nuclear são praticamente nulas, pois o urânio é utilizado como combustível, não havendo queima de combustíveis fósseis. Entretanto, o CO2 é emitido durante as etapas do ciclo do combustível nuclear (transformação do mineral urânio para que ele possa ser utilizado como combustível nas usinas nucleares). A etapa de enriquecimento do urânio, por exemplo, costuma depender da eletricidade gerada por combustíveis fósseis.

Outro aspecto negativo do uso da energia nuclear é o lixo gerado pelas usinas. As usinas nucleares produzem uma elevada e variada quantidade de rejeitos, que incluem o próprio urânio utilizado nos reatores e os equipamentos contaminados pelo urânio e por outros elementos resultantes das reações ocorridas. Esses resíduos são altamente tóxicos e nocivos ao meio ambiente e à saúde humana. Um dos principais problemas é que estes resíduos permanecem contaminados por um longo período de tempo. Embora diversos métodos de destinação final tenham surgido, ainda há muitas incertezas sobre o correto tratamento e disposição final do lixo radioativo.

A possibilidade da ocorrência de acidentes nucleares também gera muitas discussões. Esses acidentes podem ocorrer por falhas humanas ou técnicas, causando danos irreversíveis ao meio ambiente e à saúde humana. Entre os acidentes de maior destaque na história das usinas nucleares estão: Three Mile Island, Fukushima e Chernobyl. Mas as novas tecnologias empregadas nas usinas são bem mais seguras, o que diminui o risco de acidentes.

Enfim, considerando apenas que os reatores nucleares não emitem gases do efeito estufa durante sua operação, a energia nuclear pode ser considerada limpa. Mas uma grande quantidade de energia é consumida nas atividades de construção da usina, extração e enriquecimento do urânio, tratamento e armazenamento dos rejeitos, etc., e durante esses processos ocorre a liberação de gases poluentes. Nesse sentido percebemos que ela não é uma energia realmente limpa. Portanto, a energia nuclear não é a melhor alternativa para países que possuem potencial para o uso de outras fontes de energia mais seguras, limpas e renováveis.

Referências:

Sovacool, B. K. Repensando a energia nuclear. In: Estudos avançados, vol. 26, n.74, São Paulo, 2012.

Moreira, M. A. et al. Análise do uso da energia nuclear: Aspectos institucionais, sociais, ambientais, econômicos e segurança energética. In: XXXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Bento Gonçalves. 2012.

Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição: