A Farra do Boi é um ritual que consiste em soltar o animal em local aberto, fazendo com que ele corra atrás das pessoas que participam desta ação. O boi é provocado, ferido e torturado até que fique exausto, tendo que ser sacrificado na maioria das vezes.
A Farra do Boi passou a ser muito combatida a partir da década de 1980. Entidades de proteção aos animais e a sociedade em geral iniciaram a realização de campanhas de conscientização. Por meio da mídia, a polêmica teve repercussão tanto nacional quanto internacional.
No Brasil, esta prática é ilegal desde 1998, por meio da Lei de Crimes Ambientais (9.605/98). A Lei define como crime “praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos”, com pena prevista de até um ano de prisão. Os ministros consideraram a prática “intrinsecamente cruel”, qualificando como ato criminoso por meio de Recurso Extraordinário nº 153.531-8/SC; RT 753/101, em 1.997.
Essa manifestação que ainda acontece no país às escondidas, é típica do litoral do Estado de Santa Catarina. A Farra do Boi foi trazida ao Brasil pelos imigrantes açorianos entre 1748 e 1756. Na época, a coroa portuguesa havia estimulado a vinda do povo para a Ilha de Santa Catarina e para terras próximas do continente. As ilhas do arquipélago dos Açores apresentavam excesso de população.
A origem da história é a seguinte: os açores engordavam o boi durante um período de tempo, e quando ele estava preparado para ser servido de alimento, era realizada a farra, e logo após, eles sacrificavam o animal para dividir a carne entre as famílias. Com o passar dos anos, a prática foi modificando de forma a piorar as perseguições e as agressões, além do intuito de descaso e abandono da parte dos farristas.
O significado exato da Farra do Boi ainda é desconhecido. Alguns historiadores informam que possui uma conotação simbólica-religiosa, onde a ação ocorria em época de Quaresma e o boi representava Judas.
Em fevereiro de 2019, a Associação Catarinense de Proteção aos Animais (Acapra) realizou uma campanha nas redes sociais solicitando o aumento de fiscalização nos casos de Farra do Boi em Santa Catarina. A atitude impulsionada flagrou mais uma ação no bairro Costa da Lagoa, em Florianópolis – capital de Santa Catarina.
Ainda em 2019, a Prefeitura de Florianópolis, criou a campanha “Farra do Boi é Tortura”. A iniciativa estimulava denúncias, ações de repreensão para quem cometesse este tipo de crime, além de intervenções realizadas em vários pontos da cidade como faixas de segurança, outdoor, busdoor, faixa de entrada na Ilha de Santa Catarina, entre outros. O processo dará continuidade e conta também com o apoio da Polícia Militar.
De acordo com o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, não é aceitável que a capital catarinense ainda produza episódios de maus tratos aos animais. “Florianópolis é, hoje, referência no cuidado com os animais, com diversas ações que estamos desenvolvendo. Mas precisamos erradicar de vez uma prática antiga que infelizmente, é confundida com cultura”, declara o prefeito.
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Farra_do_boi
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/tema74.html
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/folclore/farra-do-boi/