Geografia social

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Geografia social é o nome dado a um ramo da geografia dedicado aos estudos de cunho social, combinando conhecimentos de geografia e sociologia, avaliando povos, regiões, culturas, conflitos, relações internacionais de uma perspectiva mais humanista.

O termo "geografia social" surgiu há pelo menos cem anos na França, quando estudiosos de geografia daquele país europeu resolveram dar uma conotação mais social em detrimento a um certo cientificismo em seus estudos. Até a segunda metade dos anos 60, teremos estudos dispersos, ao invés de um movimento e de uma disciplina constituída formalmente. O panorama começa a mudar justamente com as mudanças político-sociais de final da mesma década, resultando na afirmação e reconhecimento da geografia social como legítimo campo de estudos. À época predominava a vertente conhecida como Geografia Radical, de inspiração nos estudos marxistas, concentrando-se em temas como o produto das relações sociais de produção como base essencial da estrutura vigente de classes. Do ponto de vista empírico, os objetos de estudo dos radicais estavam concentrados em dois domínios, a saber: o processo de formação do espaço urbano, como por exemplo as questões de segregação espacial (pobres ocupando determinadas áreas, como que se fossem "reservadas" a eles, negros em situação semelhante em diversos locais, assim como outros grupos geralmente excluídos); o segundo tema de atenção dos radicais eram as relações de dependência e subdesenvolvimento, desigualdades em escala mundial (questões como a da pobreza das grandes áreas urbanas em capitais africanas, que mal podiam fornecer os serviços públicos básicos aos seus habitantes, enquanto que em centros importantes do chamado "primeiro mundo", havia uma abundância, um excesso de ostentação e riqueza).

A partir dos anos 70 e 80 a geografia social irá atenuar seu foco em relação à questão da justiça social, saindo um pouco do terreno marxista de ideias de produção e estrutura de classes, conceitos basicamente de teor econômico, para outros focos mais humanistas, como por exemplo o patriarcado e o racismo, temas que não decorrem naturalmente do mesmo raciocínio marxista.

Ao mesmo tempo iniciava-se uma crise estrutural, (com o enfraquecimento da infra-estrutura dos EUA e pouco depois a extinção do bloco socialista), que incrementou os estudos de cunho econômico em meio ao campo da geografia. O estudo da competitividade econômica começará a dominar o ambienta da geografia social, ainda mais depois do declínio do "welfare state" e ascensão do liberalismo em fins dos anos 80.

Após esse período, a geografia social buscará resgatar o estudos puramente sociais, especialmente em correntes como o realismo, que se concentrará na problemática de grupos menos favorecidos, marginalização de determinadas populações, racismo, patriarcado, em fim, todo o tipo de luta emancipatória social, que é o formato atual com que se configuram os estudos mais atuais de geografia social.

Bibliografia:
http://www.apgeo.pt/files/section44/1235567557_INFORGEO_07_08_p115a126.pdf - Página da Associação Portuguesa de Geógrafos - Malheiros, Jorge Macaísta. Tendências recentes na geografia social: o estudo dos grupos favorecidos.

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