Campanha Civilista

Graduada em História (UVA-RJ, 2014)

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Em 1889, com o fim da Monarquia no Brasil foi instalada em 15 de novembro do mesmo ano a Primeira República, conhecida também como República Velha. Durante esse regime (1889-1930) os eleitos à presidência da República deveriam alternar entre os estados de Minas Gerais e São Paulo.

Porém, no ano de 1910 ocorreu uma divergência entre os dois estados, sobre quem deveria ocupar o cargo de presidente. Assim, no mesmo ano foi criada a Campanha Civilista, onde de um lado está o militar Marechal Hermes Fonseca e do outro um candidato civil, Rui Barbosa. A campanha tinha o objetivo de promover a candidatura de Barbosa como presidente. Como ele era um civil, a campanha foi nomeada de “Campanha Civilista”.

A conjuntura que promoveu toda essa desorganização política iniciou quando Afonso Pena (mineiro) foi eleito para o cargo de presidente em 1906, com o apoio dos dois estados que comandavam o país. Todavia, Pena morreu em julho de 1909 e não conseguiu completar seu mandato de quatro anos, dando lugar ao seu vice Nilo Peçanha que prosseguiu até o final do mandato.

O Marechal Hermes da Fonseca (gaúcho), tinha o apoio político de Nilo Peçanha e planejava se candidatar para as próximas eleições. Porém com o acordo estabelecido entre Minas Gerais e São Paulo, o correto seria candidatura de um paulista para a presidência. Por essa razão, São Paulo decidiu lançar o candidato Rui Barbosa para a presidência da República.

Rui Barbosa não era mineiro muito menos paulista, mas sim baiano. São Paulo escolheu um baiano como candidato à presidência, com o objetivo de realizar políticas com os estados do nordeste — que em parte eram esquecidos na política; e concentrar as eleições nas áreas urbanas — a proposta de dar fim ao voto do cabresto. Essa forma de voto era realizada no interior, onde os funcionários eram obrigados a votar em quem o fazendeiro apoiava para a presidência.

O candidato Rui Barbosa era intelectual e influente dentro da política. Sua campanha para presidente foi baseada no corpo a corpo com a população, a realização de discursos e comícios, que eram voltados para a modernização economia da nação. Essa forma de fazer uma campanha política ocorreu a primeira vez em todo o período da República Velha. Isso fez que Barbosa fosse personalizado como um novo modelo de candidato político a ser seguido.

Apesar da forma inovadora que Barbosa conduziu sua campanha, não foi suficiente para vencer as eleições no dia 1º de março de 1910. O militar Hermes da Fonseca foi eleito para o cargo de presidente da República. Fonseca foi acusado de fraudar as eleições, porém nada foi comprovado. Barbosa teve mais votos em áreas urbanas, em grandes capitais Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador.

Talvez o grande erro de Barbosa foi restringir sua campanha somente à áreas urbanas. Mas a Campanha Civilista foi um grande marco para a história política do Brasil. Inovar a campanha presidencial com a realização de discursos e comícios era uma aproximação para uma nova forma de fazer campanhas políticas.

Referências bibliográficas:

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo. 1995.

LINHARES, Maria Yedda (ORG.). História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000.

ARAÚJO, Bernardo Goytacazes. A Instabilidade Política na Primeira República Brasileira. Juiz de Fora: Ibérica. 2009.

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