O Brasil na Primeira Guerra Mundial

Por Bruno Izaías da Silva

Graduação em História (Universidade do Vale do Sapucaí, UNIVÁS, 2008)

Categorias: Primeira Guerra Mundial
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A participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918) é um episódio importante da história brasileira, ainda que a atuação do país não tenha sido muito grande e direta, tendo marcado a historiografia política, econômica e militar.

Durante a maior parte da Primeira Guerra Mundial, o Brasil se manteve neutro no conflito, pois possuía acordos econômicos com países tanto da Tríplice Entente quanto da Tríplice Aliança.

De início, o Brasil cedeu à Inglaterra um navio denominado “Rio Branco”, que acabou sendo perdido após ataque. Sua perda não teve tanta repercussão junto à população, pois era um navio que estava a serviço do Reino Unido e, naquele momento, não havia tripulantes brasileiros.

No entanto, pouco depois, o navio “Paraná”, um dos mais poderosos de nossa marinha, foi atacado pelos alemães em águas neutras e, finalmente, despertou a opinião pública para a realidade da guerra. Brasileiros se manifestaram atacando lojas e estabelecimentos comerciais alemães. Três brasileiros morreram nesse incidente naval, que abalou as relações diplomáticas entre o Brasil e o Império Alemão. Ainda seis meses mais tarde, outro navio, o Macau, também foi destruído pelos alemães, piorando as relações teuto brasileiras. Isso fez com que o Brasil, à época comandado por Venceslau Brás, entrasse oficialmente na Guerra ao lado da Tríplice Entente (com Estados Unidos, Império Russo, França e Inglaterra). No entanto, o país ainda não tinha condições materiais e econômicas para fornecer apoio efetivos aos seus aliados.

A participação efetiva do Brasil no cenário de Guerra foi proporcional às condições que o país tinha naquele momento. O Brasil ofereceu pilotos, navios militares e, principalmente, estruturas de apoio médico para atuar na região do estreito de Gibraltar, onde havia, na época, um surto de Gripe Espanhola que afetava não só os civis como as forças militares em combate, com alta taxa de mortalidade.

Em Gibraltar, os navios brasileiros se encarregaram de proteger a principal entrada para o Mar Mediterrâneo da presença de submarinos alemães, que vinham fazendo estrago em águas internacionais desde o início do conflito. Buscavam também oferecer o apoio necessário às forças aliadas estacionadas na região. Houve também a participação do efetivo brasileiro na região da Jutlândia, entre a Dinamarca e a Alemanha, e na frente Ocidental da Europa, onde se travaram as principais batalhas da Primeira Guerra Mundial.

À parte esta participação efetivamente militar, a grande contribuição brasileira para a Tríplice Entente foi suprir a necessidade da Europa por matérias-primas e produtos agrícolas, escassos por conta do conflito generalizado. Essa situação econômica europeia colaborou para o crescimento econômico brasileiro, sobretudo por ter aberto as portas para a industrialização do país, que até então priorizava a produção agrária. E oportunidade de expandir seus mercados, atuar no comércio com a Europa, fortalecer a economia nacional e colaborar com a Tríplice Entente fizeram com que o período fosse de grande valia para o país.

Considera-se então que a participação brasileira na Primeira Guerra Mundial, ainda que bastante discreta do ponto de vista material e militar, contribuiu satisfatoriamente com o esforço de guerra aliado, gerou para o país uma oportunidade de crescimento econômico, colocando-o entre os importantes atores do cenário internacional, sobretudo no aspecto regional.

Bibliografia

Celso Castro; "A invenção do exército brasileiro" Jorge Zahar 2002

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/11/141110_brasil_guerra_fd

Donato, Hernâni "Dicionário das Batalhas Brasileiras" IBRASA 1987

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