Revolução Egípcia de 2011

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A Revolução no Egito de 2011, também chamada de Dias de Fúria, Revolução de Lótus e Revolução Branca e Revolução da Juventude, foi uma sequência de importantes manifestações da população egípcia, além de protestos e atos de violência civil e militar que aconteceram no Egito, entre 25 de Janeiro até 11 de fevereiro de 2011. As manifestações, e seus organizadores, foram diretamente inspirados pela Revolução de Jasmim, que levou à queda do presidente da da Tunísia, Zine el-Abidine Ben Ali, como aconteceu em grande parte dos países árabes.

Os motivos fundamentais para o início das manifestações e conflitos foram a violência policial, leis de estado de exceção, as altíssimas taxas de desemprego, baixos salários, falta de moradia digna, forte desvalorização da moeda, a violenta corrupção da administração, falta de liberdade de expressão, além de fatores demográficos estruturais, causada por um processo de superpopulação das regiões povoadas do rio Nilo. A população, que em 1950 era cerca de 20 milhões e em 1980 era de cerca de 44 milhões, em 2010 atingiu a insustentáveis 83 milhões de habitantes. Logo, objetivo primordial dos protestos se tornou a derrubada do regime ditatorial de Hosni Mubarak, no poder administrativo e militar do país desde 1981, tendo herdado o cargo após o assassinato do então presidente Anwar El Sadat, no mesmo ano.

Quando 2011 começou, o Egito já estava acostumado com protestos pequenos e localizados que perduravam já em anos anteriores. O dia 25 de Janeiro foi escolhido pela oposição egípcia para dar início ao que ficou conhecido como o "Dia da Fúria", a data estabelecida para a realização de uma gigantesca manifestação popular sem precedentes, ficando logo conhecida como "a maior exposição de insatisfação popular na memória recente" naquele país. De fato, desde a Revolta do Pão, em 1977, o Egito não via todas as esferas da sua sociedade se juntarem em grandes manifestações.

Na tentativa de sufocar os dissidentes, Mubarak dissolveu todas as esferas de governo, e nomeou o ex-chefe de Inteligência do Egito, Omar Suleiman, como vice-presidente, deixando os esforços para a formação de um novo governo para o Ministro da Aviação, e ex-chefe da Força Aérea do Egito, Ahmed Shafik, após o próprio Mubarak ter declarado que não pretendia concorrer à presidência.

Em 11 de Fevereiro de 2011, o vice-presidente Omar Suleiman anunciou que Mubarak deixaria o cargo de presidente, dando o poder ao Conselho Supremo das Forças Armadas (SCAF). A junta militar, liderada pelo primeiro-ministro Mohamed Hussein Tantawi, anunciou em 13 de Fevereiro que a Constituição seria suspensa, e ambas as casas do parlamento dissolvidas, e que a junta iria governar por mais seis meses, até que as eleições pudessem ser realizadas com segurança. O gabinete anterior, incluindo o primeiro-ministro Ahmed Shafik, continuou a funcionar como um governo nesse período. Shafik renunciou em 3 de Março, um dia antes de imensos protestos marcados para o próximo dia 4, que planejavam pedir a sua renúncia. Ele foi substituído por Essam Sharaf, o então Ministro dos Transportes. Em 24 de Maio, Mubarak foi obrigado a enfrentar um julgamento por acusações de assassinato premeditado de manifestantes.

Em 2 de Junho de 2012, Hosni Mubarak foi considerado culpado de cumplicidade em assassinatos de protestantes, sendo sentenciado à prisão perpétua, sendo essa sentença suspensa logo após o julgamento, graças a um recurso. Em 24 de Junho de 2012, a junta militar anunciou Mohammed Morsi havia vencido as eleições. Em 30 de Junho Morsi tomou posse como o 5° Presidente do Egito.

Os eventos principais da revolução em ordem cronológica:

25 de Janeiro de 2011: O "Dia da Fúria". Protestos explodem por todo o Egito, dezenas de milhares de manifestantes de concentrando nas ruas do Cairo e outros milhares nas outras cidades principais do país. Os protestos acusam o Presidente Hosni Mubarak, e seu governo, de corrupção e do uso de extrema violência militar contra militantes. Surgem relatos de baixas tanto entre civis quanto entre militares e policiais.

26 de Janeiro de 2011: Após muitos grupos no Facebook terem sido criados, e uma diversa exposição da situação egípcia através de postagens feitas no Twitter, o governo egípcio derrubou os serviço de Internet na maior parte do país. Essa atitude foi tomada para desmembrar as ferramentas principais da mobilização, além de impedir o fluxo de notícias para fora do país.

28 de Janeiro de 2011: A Sexta-feira da Ira começa. Centenas de milhares de manifestantes surgem nas ruas do Egito, principalmente no Cairo. O líder da oposição, Mohamed ElBaradei, chega à capital, que está em meio a uma intensa onda de saques e assassinatos. Prisões foram abertas e incendiadas, supostamente sob ordens do então Ministro do Interior Habib El Adly. Essa atitude causa uma fuga em massa de prisioneiros, nunca tentativa de aterrorizar os protestantes. As forças policias são removidas das ruas, substituídas pelas patrulhas militares. Naquele dia, Mubarak fez o seu primeiro pronunciamento desde a explosão da revolução, suplicando ao povo para que as manifestações e prometendo a formação de um novo governo. Após o pronunciamento, revoltosos e grupos pro-Mubarak se enfrentaram na Praça Tahrir, com pessoas de ambos os lados saindo feridas e algumas mortas.

29 de Janeiro de 2011: A presença militar no Cairo aumenta. O toque de recolher é declarado, mas é fortemente ignorado, com um fluxo cada vez maior de protestantes se aglomerando na Praça Tahrir. Supostamente, os militares se recusam a seguir ordens de atirar nos manifestantes com munição letal,

1º de Fevereiro de 2011: Mubarak faz outro pronunciamento na televisão, oferecendo diversas concessões. Ele prometeu não participar das eleições, planejadas para Setembro, além de apoiar as reformas políticas. Ele declarou que ficaria presente no gabinete presidencial para supervisionar o processo de transição. Após o pronunciamento, poucos, mas violentos conflitos aconteceram entre grupos pro e anti-Mubarak.

2 de Fevereiro de 2011: "O Incidente do Camelo". A violência entre os grupos antagonistas da revolução tomou grandes proporções quando muitas ondas de grupos pro-Mubarak cavalgaram em camelos, armados com varas, sobre os protestantes na Praça Tahrir. Em diversas entrevistas, Mubarak reiterou que não pretendia renunciar à presidência. Jornalistas e repórteres passam a sofrer violência, sob uma forte especulação que seria por ordem de Mubarak, numa tentativa de terminar com os protestos.

6 de Fevereiro de 2011: Uma missa ecumênica, juntando cristãos e muçulmanos acontece na Praça Tahrir. As negociações envolvendo o vice-presidente egípcio Omar Suleiman e representantes da oposição começam em meio a densos e incessantes protestos em todo o país. O exército egípcio assume maiores responsabilidades na segurança, como a manutenção da ordem a proteção do Museu Egípcio da Antiguidade. Suleiman oferece reformas, enquanto outros nomes do regime acusam a interferência de países estrangeiros, como os EUA, em assuntos internos do Egito.

10 de Fevereiro de 2011: Mubarak faz mais declarações formais se dirigindo a todo o Egito, em meio a especulações sobre um golpe militar, mas ao invés de renunciar (como era esperado), ele apenas declarou que gostaria delegar alguns de seus poderes ao vice-presidente Suleiman, enquanto continuava como chefe de Estado do Egito. A população reagiu com muita frustração e raiva às declarações de Mubarak, e a escalada da violência nas cidades demonstrava isso claramente.

11 de Fevereiro de 2011: A "Sexta-feira da Partida": Grandes protestos em muitas cidades egípcias mostram que a maior parte da população se recusam a sequer continuar dialogando com Mubarak. Finalmente, às 18 horas, no horário local, Suleiman anuncia a renúncia de Mubarak, e que o poder ficaria na mão do Conselho Supremo das Forças Armadas. Instantaneamente por todo o país os habitantes celebram a vitória da revolução.

Estima-se que, durante todo o período da revolução, 846 manifestantes foram mortos, sendo desses, 232 assassinados na cidade do Cairo.

Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/2011_Egyptian_revolution
http://www.aljazeera.com/news/middleeast/2011/01/201112515334871490.html

Arquivado em: Idade Contemporânea
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