Medo da Eternidade

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Medo da Eternidade é uma crônica escrita por Clarice Lispector, e pode-se dizer que é uma reflexão a respeito de um dos maiores medos humanos, que é a morte, a eternidade. Muitas pessoas não gostam de conversar a respeito ou sentem medo por não saberem ao certo o que lhes espera após esta vida. Clarice faz com que o leitor reflita a respeito da eternidade, algo incompreensível para a mentalidade finita do ser humano.

A crônica trata a eternidade de uma maneira bem simples, talvez até simplória, comparando-a a um “chicle”, uma bala que, segundo a história, não acaba nunca. O encanto da história se dá no fato de que é contada sob o olhar de uma criança, que descreve seus pensamentos e sentimentos ao experimentar aquele chicle que não acaba nunca. A inocência e pequenez da criança diante de um mistério tão grande como este é uma alusão à pequenez e ingenuidade do ser humano diante do mistério da eternidade, incompreensível a mentes tão limitadas.

A menina é apresentada ao tal “chicle” pela sua irmã, que lhe presenteia com um e lhe dá as instruções de como ela deve proceder, tomando cuidado para não perdê-lo, pois seria a única forma de não permanecer com ele eternamente. Primeiramente a menina se assusta com tal engenhosidade, envolvida pela ideia de uma bala que duraria para sempre. Ao mastigá-la, porém, a criança se sente desconfortável, nervosa, e faz uma reflexão altamente adulta dizendo que não é capaz de suportar o peso da eternidade, e que não está à altura da eternidade. Para resolver o problema, a menina finge que deixou cair o chicle no chão sem querer, e após dar as explicações à sua irmã, se sente aliviada por não ter mais que carregar o peso da eternidade consigo.

Se trata de uma crônica típica, que utiliza uma situação cotidiana para abordar um tema reflexivo. Ao analisar a situação, o leitor é levado para dentro da mente da menina, vendo seu espanto e estranhamento diante de algo novo e desconhecido, e a partir daí compara a situação vivida por ela consigo mesmo. No início da história a personagem parece ser inocente, mas ao longo desta vai mudando, a ponto de, ao final, tomar a atitude de ignorar a eternidade, por se enxergar incapaz de lidar com ela. A crônica ressalta a fragilidade humana e leva à reflexão. A personagem tem profundidade psicológica que é revelada a partir dos pensamentos que são relatados na história.

A narração é contada em primeira pessoa (narrador-personagem), semelhante a um relato de memórias, já que a pessoa que viveu a história não é mais criança quando faz o relato. A visão é unilateral e subjetiva, limitando-se as percepções da personagem que conta a história. O tempo se dá com base no espaço que é o caminho entre a sua casa e a escola, porém a certo ponto da narrativa o tempo deixa de ser cronológico e passa a ser psicológico, pois a personagem se detém em descrever seus pensamentos e sentimentos.

Fontes:
http://claricelispector.blogspot.com/2009/04/medo-da-eternidade.html
http://joiaslusofonas.blogspot.com.br/2012/02/medo-da-eternidade-clarice-lispector.html
http://pt.shvoong.com/books/novel-novella/1645049-medo-da-eternidade/
http://revistavixe.com.br/medo-da-eternidade-de-clarice-lispector/

Arquivado em: Livros
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