Leão-marinho

Por Paulo Henrique Pinheiro Ribeiro

Mestre em Zoologia (UESC, 2013)
Graduado em Ciências Biológicas (UEG, 2010)

Categorias: Mamíferos
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Os leões-marinhos são membros da ordem Carnivora, e a família Otaridae assim como cães, gatos, lobos, tigres, leões e lontras. Apesar de serem da mesma ordem e possuírem o mesmo nome popular, os leões-marinhos são evolutivamente mais próximos dos ursos que dos leões. Sim, por mais que pareçam diferentes, os leões-marinhos e os ursos são “primos” distantes. O nome leão-marinho vem do fato de os machos possuírem densas jubas em torno dos pescoços e formarem haréns (um macho com muitas fêmeas), assim como os leões.

Leão-marinho-da-patagônia. Foto: 3268zauber (CC 3.0 SA), via Wikimedia Commons

Características

A família Otariidae compreende os leões-marinhos e os lobos-marinhos. Ao contrário dos Phocidae (família das focas) e dos Odobenidae (família das morsas) os membros dessa família possuem pavilhão auditivo externo, ou seja, possuem orelhas evidentes. Os leões-marinhos possuem focinho curto, atarracado, quatro nadadeiras, sendo que as anteriores são evidentemente maiores que as traseiras e não apresentam unhas aparentes. Ao contrário das focas, leões-marinhos conseguem caminhar em terra firme pelo fato de conseguirem girar a cintura pélvica para a frente. Essa habilidade dá aos leões-marinhos grande mobilidade na água, possibilitando muitas manobras.

Alimentação

Leões-marinhos são carnívoros, ou seja, se alimentam de outros animais. A principal fonte alimentar dos leões-marinhos são os peixes, crustáceos e moluscos (como lulas e polvos), mas ocasionalmente podem ser alimentar de aves. A organização social é composta por haréns, com um macho dominante e muitas fêmeas. Esse tipo de organização é denominada poliginia.

Habitat

São animais aquáticos, sendo a maior parte marinhos, e possuem para isso diversas adaptações que favorecem a vida e a movimentação dentro d’água. Os membros anteriores e posteriores passaram por pressões seletivas, onde as nadadeiras espalmadas foram os mais adaptados. O corpo hidrodinâmico e a capacidade respiratória ampliada também foram fatores determinantes para o sucesso adaptativo desses animais.

No Brasil, a ocorrência desses animais é bem limitada. Durante o nosso inverno, um grupo de leões-marinhos costuma frequentar a chamada Ilha dos Lobos, na cidade de Torres no Rio Grande do Sul, fugindo do inverno rigoroso da Patagônia. A maioria dos animais que vem para o Brasil são machos e jovens, uma vez que as fêmeas permanecem na Patagônia para cuidar dos filhotes.

Espécies

Atualmente, são conhecidas cinco espécies de leão-marinho: o leão-marinho-da-patagônia (Otaria flavescens), o leão-marinho-australiano (Neophoca cinerea), leão-marinho-de-Steller (Eumetopias jubatus), leão-marinho-da-Nova-Zelândia (Phocarctos hookeri), leão-marinho-da-Califórnia (Zalophus californianus).

Leão-marinho-da-Patagônia (Otaria flavescens)

Leão-marinho-da-Patagônia (Otaria flavescens). Foto: Enrique Aguirre / Shutterstock.com

O leão-marinho-da-Patagônia possui um visual atarracado e robusto. Os maiores machos podem passar de 2,5 metros de comprimento e pesar mais de 300 kg. É a única espécies de leão-marinho a ocorrer na América do Sul, e tem uma distribuição bem ampla que vai do norte da costa peruana à Terra do Fogo, toda a costa Argentina chegando inclusive ao sul do Brasil.

Leão-marinho-australiano (Neophoca cinerea)

É uma das menores espécies de leões-marinhos que existem, com comprimento máximo de 2,5 metros e, em casos excepcionais, chegando à 300 kg. O leão-marinho australiano, como o nome diz, ocorre na costa sudoeste australiana.

Leão-marinho-de-Steller (Eumetopias jubatus)

Os leões-marinhos-de-Steller são animais grandes e robustos. Os maiores machos podem passar de três metros de comprimento e pesar mais de uma tonelada. São encontrados da região central do litoral californiano até à costa do Japão.

Leão-marinho-da-Califórnia (Zalophus californianus)

Os leões-marinhos-da-Califórnia são os animais mais utilizados em apresentações de zoológicos, circos e parques aquáticos. Ocorrem em áreas similares ao leão-marinho-de Steller, no entanto apresenta tamanho consideravelmente menor que esse, com os machos alcançando em torno de 2,5 metros e com peso aproximado de 400 kg. Ocorre do México central até o norte da Columbia Britânica, passando por toda a costa californiana.

Leão-marinho-da-Nova-Zelândia (Phocarctos hookeri)

Leão-marinho-da-Nova-Zelândia. Foto: WitR / Shutterstock.com

Os leões-marinhos-da-Nova-Zelândia são animais com grande comprimento (próximo ou até igual ao leão-marinho-de-Steller) chegando a mais de três metros, porém mais esguios quando comparados às outras espécies, pesando até 400 kg. Ocorrem nas áreas mais ao sul da Nova Zelândia.

As maiores ameaças aos leões-marinhos foram a caça, pela sua carne, pele e gordura. O óleo era usado como combustível para iluminação. Atualmente, apesar de em alguns lugares eles ainda serem caçados, os maiores problemas enfrentados pelos leões-marinhos são acidentes causados por barcos de pesca, que podem gerar danos permanentes e até matar os indivíduos.

Referências

Brunner, S. (2004). Fur seals and sea lions (Otariidae): identification of species and taxonomic review. Systematics and Biodiversity, 1(3), 339-439.

Jefferson, Thomas A., Stephen Leatherwood, and Marc A. Webber. Marine mammals of the world. Food & Agriculture Org., 1993.

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