Exames de rotina em cães

Mestre em Ciência Animal (UFG, 2013)
Graduada em Medicina Veterinária (UFG, 2010)

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É importante que o estado de saúde dos animais de companhia seja monitorado periodicamente. Tal como em seres humanos, por meio de exames clínicos, laboratoriais e de imagem é possível obter e registrar informações sobre a higidez do indivíduo e, principalmente, prevenir inúmeras doenças.

Foto: Alexander Raths / Shutterstock.com

Além de manter atualizado o protocolo de vacinas e vermífugo, a consulta médico-veterinária envolve uma avaliação física minuciosa, em que o profissional avaliará o aspecto geral do animal, por meio da observação, palpação e auscultação. Nessa etapa, verifica-se características como por exemplo o nível de consciência do cão, o turgor cutâneo, a coloração das mucosas, a presença de algum ectoparasito, a condição do pelame, o peso do animal, o aspecto dos linfonodos e a presença de nodulações. Com o auxílio de alguns instrumentos tais como otoscópio, estetoscópio e termômetro estima-se as condições do conduto auditivo, do sistema cardio-respiratório e a temperatura do animal, que fisiologicamente é um pouco maior que a do ser humano.

Ainda nessa inspeção física é fundamental uma avaliação da saúde bucal do cão, haja vista que o acúmulo de placa bacteriana e sua posterior transformação em tártaro é bastante comum. Entretanto os danos que podem ser gerados ao organismo vão além da perda dentária, pois as bactérias são capazes de atingir a corrente sanguínea e infectar alguns órgãos, como o coração e também as articulações.

A análise hematológica é um exame laboratorial muito vantajoso, pois demonstra os dados quantitativos e morfológicos dos componentes do sangue como: hemácias, plaquetas, leucócitos, proteínas plasmáticas e outros. Seu custo é acessível e a amostra é adquirida a partir da coleta do sangue venoso do animal. O resultado é obtido em curto prazo, demonstrando informações sobre possíveis infecções, anemias, parasitoses sanguíneas, resposta vacinal; e por meio do perfil bioquímico sanguíneo tem-se indícios sobre algumas funções como hepática, renal e tireoidiana.

O teste de urina é um exame bastante utilizado para verificar a sanidade do trato urinário dos cães e a amostra pode ser coletada de 3 maneiras: por meio da micção espontânea do animal, por cateterização, ou ainda, por cistocentese. Após a coleta, preconiza-se uma análise rápida, em até 30 minutos, mas caso não seja possível, o ideal é refrigerá-la por no máximo 12 horas. Os parâmetros observados nesse exame incluem cor, odor, aspecto, densidade, presença de sedimentos e moléculas, que demonstram a propensão a doenças renais, vesicais, formação de cálculos e diabetes.

Conforme os resultados desses exames básicos, o veterinário poderá solicitar outros, como os de imagem (ultrassonografia, raio-x, tomografia), os de avaliação do sistema cardiovascular (eletro e ecocardiograma), a anatomia patológica (biópsia) e alguns mais complexos como os de biologia molecular (PCR, ELISA, Western Blot). O profissional poderá também encaminhar o animal para um especialista, de acordo com as necessidades observadas.

Ressalta-se que os cães de imunidade mais baixa, como os filhotes, os idosos ou os portadores de doenças crônicas precisam receber mais cuidados que os outros animais, em razão de serem mais propensos às diversas enfermidades. Dessa forma, o ideal é que eles sejam encaminhados para consultas em intervalos de tempo mais curtos, do que o preconizado para aqueles animais hígidos.

Em filhotes deve-se realizar além dos exames básicos, a análise coprológica, haja vista que alguns parasitas podem ser transmitidos pela mãe, durante a gestação ou na amamentação.

Os animais idosos são acometidos por alterações físicas, metabólicas, genéticas e portanto, eles precisam de atenção extra. As neoplasias são bastante comuns nesses cães e muitas vezes elas não podem ser visualizadas sem o auxílio de imagens, ou seja, os pacientes geriátricos necessitam de exames mais apurados.

Muitas enfermidades se iniciam de forma silenciosa e podem não ser detectadas a tempo. Dessa forma, o encaminhamento periódico dos animais para exames de rotina, preserva a saúde desses e promove-lhes uma sobrevida com qualidade.

Referências:

FEITOSA, F.L.F. Semiologia Veterinária: a arte do diagnóstico. 3ed. São Paulo: Roca, 2014. 644p.

ROSA, B. T et al. Urinálise na medicina veterinária. Revista Científica Eletônica de Medicina Veterinária. n11, 2008.

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Arquivado em: Medicina Veterinária
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