Transplante Fecal

Por Débora Carvalho Meldau

Graduada em Medicina Veterinária (UFMS, 2009)

Categorias: Medicina
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O transplante fecal, também conhecido como terapia bacteriana, trata-se de um tipo de tratamento médico que visa repovoar intestinos com bactérias pertencentes à flora bacteriana benéfica, que pode ser exterminada em alguns transtornos, ou devido ao uso de certos medicamentos (por exemplo, antibióticos).

A microbiota intestinal auxilia no combate à  infecção causada por diferentes patógenos, como as causadas pela superbactéria Clostridium difficile, que é extremamente resistente ao uso de antibióticos.

Estudiosos acreditam que se trate de uma técnica eficaz, porém, deve ser utilizada somente como último recurso.

O que ocorre no caso de infecção pela bactéria C. difficile é o seguinte: esta bactéria é altamente resistente aos antibióticos e, estes últimos, exterminam a flora bacteriana benéfica do intestino. Isso propicia um ambiente adequado para que a sua proliferação, produzindo grandes quantidades de toxinas que causa diarreia e pode levar à morte.

A solução poderia ser administrar maiores quantidades de antibiótico; todavia, nem todos os pacientes respondem bem a esse tratamento, podendo desenvolver infecções crônicas. Portanto, a teoria estabelecida por pesquisadores é a de que a introdução de bactérias benéficas ao intestino irão competir com a bactéria C. difficile, controlando, então, a infecção.

Comumente, o material doado é de um parente, preferencialmente que viva no mesmo ambiente que o receptor, pois provavelmente ambos comem da mesma comida, apresentando, portanto, maiores chances de possuírem flora bacteriana similar.

Coleta-se aproximadamente 30g da matéria fecal do doador, que deve ser misturada em um liquidificador com um pouco de água salgada, sendo, por conseguinte, filtrada, restando apenas um líquido. Este preparado é introduzido até o estômago do paciente através de uma sonda nasogástrica.

Estudos apontam um índice de sucesso de aproximadamente 90%. No entanto, o preconceito por parte dos pacientes ainda representa um grande obstáculo para que mais enfermos sejam beneficiados com esta técnica. Além disso, ainda não foram feito estudos padronizados de acordo com o padrão para se determinar se um tratamento realmente funciona. Este deve ser feito por meio de um teste clínico randômico, ou seja, deve ser pego um grande grupo de pacientes e fornecer, a uma parte deles, o tratamento em análise e, a outra parte, um placebo ou tratamento distinto. Por fim, deve ser feita uma comparação entre ambos os grupos, objetivando observar se o tratamento faz diferença ou não.

Também foi observado melhora na sensibilidade à insulina em pacientes diabéticos e obesos, após transplante fecal com material obtido de pacientes magros e saudáveis.

Fontes:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/12/111212_transplante_fecal_c_difficile_rw.shtml
http://www.microbiologia.ufrj.br/informativo/novidades-sobre-microbiologia/448-transplante-fecal-restaurando-nosso-ecossistema-interno
http://www.diabetes.org.br/colunistas-da-sbd/debates/1506

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