Blues

Mestre em Artes Visuais (UDESC, 2010)
Graduada em Licenciatura em Desenho e Plástica (UFSM, 2008)

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Ainda em meados do século XVII enquanto milhares de pessoas na África eram arrancadas de suas propriedades e obrigadas a cruzarem o Atlântico e trabalharem como escravas nas Américas, a música se tornou um canto de fuga afim de faze-las “escapar” daquela realidade. A realidade desses grupos humilhados e oprimidos eram os vastos campos de algodão do Sul dos Estados Unidos e as constantes chibatadas. Por meio dos Spirituals (cantos de lamentos) eles extravasavam seus sentimentos em raros momentos de prazer. As letras geralmente passavam uma mensagem de protesto contra aquela situação, além de entoar a saudade e as raízes de sua terra natal. Enquanto um vocal lançava um verso, um coro de outras vozes o seguiam repetindo aquele verso. Não raro, esses cantos eram acompanhados por instrumentos musicais de precursão rudimentares fabricados pelos próprios escravos. Episódios como estes podem ser observados em cenas do filme “Doze anos de escravidão” lançado em 2014 pelo diretor Steve McQueen.

Foto: optimarc / Shutterstock.com

Esses cantos abriram caminho para um estilo musical denominado Blues que pode ser definido como um estilo baseado no uso de notas baixas que mantem uma estrutura musical repetitiva, em geral com letras expressivas. W.C.Handly, considerado o pai do Blues, ao esperar um trem na cidade de Tutwiler, Mississipi ouviu o dedilhar de um homem negro num velho violão. Inspirado por aquelas notas, W.C.Handly compôs a canção “Memphis Blues”, o primeiro Blues registrado da história, datado de 1912. Anos mais tarde W.C.Handly registrou outro Blues “St. Louis Blues” que os dias atuais se desdobra em várias releituras.

Com o passar dos anos este estilo musical foi ganhando força e adentrando na cultura da elite norte americana. Um dos primeiros artistas a fazer sucesso foi Charley Patton na década de 1920. Outros nomes surgiram nas décadas seguintes como Son House, Willie Brown, Leroy Carr, Bo Carter, Muddy Waters e B.B. King. Os instrumentos musicais também acompanharam essa caminhada. À medida que iam se modernizando, permitiam que os artistas explorassem esse gênero musical de diferentes formas criando novas possibilidades.

Bandas como The Beatles, Rolling Stone e Led Zeppelin surgem manifestando forte influência do Blues. Artistas como Elvis Presley, também, tem sua origem enraizada neste estilo.

No final do século XX, o Blues tem uma recaída na cena musical, mas com o auxílio do guitarrista americano Stevie Ray Vaughan, o Blues ressurge com suas forças renovadas. Stevie começou a regravar grandes clássicos combinando elementos e criando sua própria marca.

No Brasil o Blues, também, possui certa popularidade influenciando artistas como Raul Seixas, Barão Vermelho e Velhas Virgens.

Juntamente com o Jazz, o Blues é considerado o pai do Rock, do Hip-Hop, da música latina entre outras. Entre a vasta lista de canções e artistas é possível citar: “Crossroad Blues” de Robert Johnson; “Manish Boy” de Muddy Waters; “Spoonful” de Howlin Wolf; “Baby please don’t go” de John Lee Hooker; “Keep it to yourself” de Sonny Boy Williamson; “Pearline” de Son House; “They Thrill is gone” de B.B.King; entre outros grandes clássicos de peso que fazem sucesso até os dias atuais.

Arquivado em: Música
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