Cururu - canto de improviso

Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição:


Ouça este artigo:

Dentro da cultura musical e folclórica brasileira, a palavra cururu assume três significados: é uma dança típica da região do Pantanal, no Mato Grosso do Sul; é ainda um ritmo típico da música caipira brasileira, sendo um de seus maiores exemplos a imortal composição "O Menino da Porteira", de Teddy Vieira; e finalmente, é um canto de improviso característico da região do Médio Tietê, interior do estado de São Paulo, semelhante ao repente no nordeste e à trova no Rio Grande do Sul. Sua origem é creditada a uma mistura de tradições indígenas, europeias e africanas.

A origem do termo cururu é envolta em controvérsia, sendo que alguns especialistas atribuem o nome a uma referência ao sapo cururu, do qual a antiga dança associada ao canto seria uma imitação de seus saltos. Outros associam o nome aos costumes indígenas derivados da catequização jesuíta, do qual teria surgido o termo como uma vertente local da dança de São Gonçalo. Além do termo, paira uma dúvida sobre a origem deste canto improvisado, que muitas vezes é até relacionado aos bandeirantes paulistas, mas também ao caboclo do interior paulista, que com o tempo foi misturando tradições de várias origens.

Os executores deste canto de improviso recebem o nome de cururueiros (ou canturiões) e são geralmente acompanhados de músicos, que ditam o ritmo e a melodia na viola caipira de dez ou doze cordas, instrumento típico do interior brasileiro. Os principais cururueiros são encontrados em Conchas, Laranjal, Piracicaba, Porto Feliz, Tietê, Sorocaba, Tatuí, e outras localidades próximas.

Outra discussão envolvendo o cururu é se este originalmente também seria acompanhado de dança de roda, mas é certo que ao decorrer dos anos a tradição sofreu transformações substanciais, e o cururu já há um bom tempo constitui apenas canto e improviso de versos.

Cada improviso deve respeitar um tipo de regra: as rimas dos versos obedecem às carreiras, que podem ser do "A", que implica como rimas no verbo "...ar", por exemplo: "dançá" e "cantá";do Sagrado, com rimas em "...ado", por exemplo: "cansado" e "desajeitado"; do ano (ano), do presumido (ido), do divino (ino), de São João (ão), carreira do Navio (o); temos também a carreira do Pai Eterno (erno), da cinza (iza), de Santa Rita (ita), do Divino Amante (ante), do S, de São Roque, São Bento, São Benedito, Santa Catarina, Santa Teresa e muitas outras. É importante em meio à apresentação a participação do público, que geralmente se manifesta aplaudindo uma boa combinação de versos e rimas, ou então criticando o cantador quando este faz o contrário, ou seja, no jargão tradicional "perde a batida".

O Cururu foi levado como espetáculo ao público urbano pela primeira vez em 1910, por Cornélio Pires, grande promotor da cultura caipira do interior paulista da primeira metade do século XX e do cururu em particular. Talvez o seu mais famoso praticante foi Antonio Cândido, mais conhecido como "Parafuso", nascido a 19 de fevereiro de 1920 em Recreio, distrito de Piracicaba, e falecido a 2 de dezembro de 1973. Ele foi imortalizado por Tião Carreiro & Pardinho com a música Negrinho Parafuso, e era conhecido como o caçoísta (sarrista), tendo ganho o apelido por rodopiar num salto como um parafuso ao arrematar um repente bem sucedido.

Bibliografia:
oalleoni (?). Cururu em Piracicaba Disponível em <http://oalleoni.blogspot.com.br/2008/11/cururu-em-piracicaba.html>. Acesso em: 18 abr. 2012.

GAROTO, Cido. Cururu. Disponível em <http://www.violatropeira.com.br/cururu.htm>. Acesso em: 18 abr. 2012.

Arquivado em: Cultura, Música
Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição: