Viola-de-cocho

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Recebe o nome de Viola de Cocho um instrumento musical tradicional na região dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, em especial na área pantaneira, onde este é utilizado em festas populares, particularmente entre os cantadores do cururu mato-grossense. Acompanhada pelo ganzá e o tamboril ou mocho, é indispensável nas rodas de cururu e siriri, em homenagem aos santos católicos ou em ocasiões de simples divertimento.

Classificado como pertencente ao grupo dos alaúdes curtos, é entendido que a origem de tal instrumento é fruto da união entre as culturas europeia e americana, ou seja, mistura de tradições de portugueses e indígenas brasileiros. Estes últimos, ao tomarem ciência da música dos colonizadores e de seus instrumentos, passam a buscar formas de reproduzi-los utilizando material típico da área onde se encontravam, muitas vezes memorizando o formato daquilo que viam para depois fabricá-lo, sem um modelo à mão, além de desenvolverem um modo particular e diferente de construir os instrumentos.

Desse modo, surgiam não apenas violas, mas rabecas, violões, e violas, como a viola-de-cocho. O nome vem exatamente do modo particular como o caboclo mato-grossense passou a construir a viola, partindo de um bloco maciço de madeira, que é moldado na forma definitiva do instrumento, sendo o seu interior escavado tal qual um cocho, peça de madeira também escavada que se utiliza nas fazendas para abrigar o alimento principalmente de cavalos e bois. Moldada a parte principal do instrumento, resta cortar um tampo para a parte superior da viola, e instalar demais acessórios, como o cavalete, que prenderá as cordas ao corpo do instrumento, e as cravelhas, chaves de madeira num total de cinco, atarrachadas à cabeça da viola. Antigamente feitas de material de origem animal, a matéria-prima para as cordas popularmente utilizada é o nylon, vinda dos carretéis de linhas de pesca distribuídas industrialmente.

Com forma e sonoridade singulares, a viola-de-cocho possui sempre cinco ordens de cordas, denominadas prima, contra, corda do meio, canotio e resposta. São afinadas de dois modos distintos, canotio solto e canotio preso: de baixo para cima, ré, lá, mi, ré, sol; e ré, lá, mi, dó, sol.

Durante quase toda a segunda metade do século XX a viola-de-cocho entrou em declínio, sendo o seu desuso bastante acentuado a ponto de quase levar à sua completa extinção. Violeiros como Roberto Corrêa, ao fazerem pesquisa do mesmo em meio aos círculos universitários, resgatou o instrumento para outras audiências, fazendo com que atualmente os próprios sul-matogrossenses adquirissem maior respeito e promovessem por conta própria toda a cultura associada à viola-de-cocho.

Bibliografia:
Viola de Cocho. Disponível em <http://www.cnfcp.gov.br/interna.php?ID_Secao=111>. Acesso em: 29 out. 2011.

VIANNA, Letícia. O caso do registro da viola-de-cocho como patrimônio imaterial. Disponível em <http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/703/70380204.pdf>. Acesso em: 29 out. 2011.

Foto: http://educarbrasil.org.br/Portal.Base/Web/VerContenido.aspx?ID=205906

Arquivado em: Música
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