Tetraplegia

Graduação em Fisioterapia (Faculdade da Serra Gaúcha, FSG, 2014)

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A tetraplegia ou quadriplegia é uma condição física caracterizada pela interrupção total ou parcial dos sinais medulares transmitidos para o organismo de forma global, resultando em paralisia, ausência de sensibilidade do nível da lesão para baixo, alterações no funcionamento dos sistemas de forma geral. Alguns fatores são levados em consideração para definir o grau de limitação de cada paciente, sendo estes:

  • Nível da lesão: altura onde ocorreu o trauma. Quando mais alta for a lesão, maior serão os comprometimentos corporais; quando mais baixo, menor será o comprometimento neural. No caso da tetraplegia, o paciente apresentará lesões cervicais, podendo apresentar-se nos seguintes segmentos: C1, C2, C3, C4, C5, C6 ou C7, apresentando comprometimento de membros superiores, tronco e membros inferiores.
  • Extensão da lesão: caracteriza-se pelo tamanho que a lesão pode apresentar, podendo ser completa ou incompleta. Quando completa, não há atividade motora voluntária nem sensibilidade do nível da lesão até S1; em alguns casos podem apresentar alguns níveis abaixo da lesão com sinais de contração muscular voluntária parcial e/ou sensibilidade parcial, denominado como ZPP – zona de prevenção parcial). Quando incompleta, pode existir atividade motora voluntária parcial e sensibilidade parcial até S4-S5). Vale lembrar que com esse conhecimento, sabe-se que podem existir lesões altas incompletas e lesões baixas completas.

No caso da tetraplegia, o paciente apresentará grande acometimento a partir dos membros superiores. Quando se apresentam lesões cervicais até a vértebra T11, esse indivíduo apresenta a paralisia espástica, podendo manifestar contrações musculares involuntárias. Já no caso de lesões a partir da torácica 12 para baixo, apresentam paralisia flácida (sem contração involuntária). Cada lesão, dependendo da altura onde acontecem, apresentam um nível neurológico de funcionalidade, onde o paciente responde às atividades que consegue realizar. Esse nível é determinado através do último nível da medula com atividade motora e sensitiva normal, geralmente apresenta o nível superior acima do nível de lesão. Para que o nível neurológico possa ser corretamente avaliado, utiliza-se a Avaliação da ASIA (Tabela da American Sinal Cord Injury Association).

A fisioterapia no paciente tetraplégico busca inicialmente manter a funcionalidade, podendo torna-lo independente para a realização de grande parte das AVD’s. A partir da característica do nível neurológico de funcionalidade, a fisioterapia será realizada para manter como meta mínima de funcionalidade do paciente. Metas mínimas de funcionalidade:

  • NN C1-C3: necessitam assistência ventilatória; fala difícil e limitada, bem como movimentos de cabeça e pescoço; busca-se facilitar a comunicação e deslocamento em cadeira de rodas motorizada, com controle de cabeça.
  • NN C4: paciente consegue respirar necessitando apenas assistência manual para a tosse. Conseguem realizar movimentos de cabeça, pescoço e elevação de ombros. Utilizam-se tecnologias assistidas para o deslocamento.
  • NN C5: paciente consegue realizar o movimento de flexão de cotovelo (integridade de movimento do bíceps), controle de movimento do ombro, possibilitando a movimentação da mão em direção ao rosto e cabeça, bem como movimentos de virar a palma da mão para cima. Equilibram-se sem o encosto das costas e apoio dos braços.
  • NN C6: paciente realiza extensão do punho através da “preensão por tenodese”, controle parcial de tronco. Participa ativamente das transferências. Podem utilizar cadeira de rodas manual, pois com o nível de atividade consegue aliviar a pressão sobre os tecidos prevenindo o surgimento de escaras.
  • NN C7: movimentação semelhante à C6, porém com o ganho de atividade do tríceps. Busca-se independência total nas transferências, trocas de decúbito, alívio de pressão, banho alimentação, higiene pessoal, vestir-se, dirigir com carro adaptado.
  • NN C8-T1: movimentos dos dedos preservados, podendo desempenhar atividades de motricidade fina, mantendo a utilização funcional da mão.

O diagnóstico da tetraplegia pode ocorrer de origem traumática, geralmente associado à TRM (trauma raque-medular) ou através de alguma patologia congênita, com quadro de degeneração progressiva, onde ocorre a desmielinização das terminações nervosas, fazendo com que o movimento seja reduzido até tornar-se ausente na rotina do paciente.

Leia também:

Fonte:

http://abrafin.org.br/wp-content/uploads/2015/01/LESAO_MEDULAR.pdf

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Arquivado em: Neurologia, Traumatologia
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