Mecanismos de Defesa do Ego

Psicóloga (CRP 06/178290), graduada pela PUC-SP.
Mestranda em Psicologia Social na mesma instituição.
Pós-graduanda no Instituto Dasein.

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Mecanismos de defesa são conceitos da psicanálise. Foram pela primeira vez descritos por Sigmund Freud, posteriormente tornando-se importantes temas das investigações de Melanie Klein e Anna Freud.

O que são?

São o conjunto de estratégias efetuadas pelo ego diante perigos da realidade externa do sujeito e das exigências e dos impulsos de suas instâncias psíquicas id e superego, contribuindo ao seu equilíbrio e à sua adaptabilidade. Assim, não são ações unicamente contra patologias, mas também reivindicações pulsionais e diversos fatores que podem suscitar o desenvolvimento de angústias, como emoções ou exigências superegóicas.

Os mecanismos, encontrados de acordo com o repertório e a plasticidade do indivíduo, apresentam variabilidades quanto à sua eficiência e ao seu dispêndio de energia psíquica. Há, logo, uma categorização entre os mecanismos maduros (mais bem-sucedidos e com menos demandas energéticas), neuróticos (mais ineficazes e mais custosos) e primitivos (que resultam em experiências cindidas).

A atividade excessiva de algum deles pode ser indicadora de neurose. Classicamente, assumem formas de
na neurose histérica, substituição na obsessiva e projeção na paranoia

Quais são?

Eis alguns dos mecanismos de defesa mais comuns:

Deslocamento: trata-se de um mecanismo no qual a representação incômoda de uma pulsão é separada de seu afeto e transferida à outra, ligada à primeira via processo associativo. Habitualmente opera no caso das fobias (projeção do pulsional no real).

Isolamento: consiste na separação da representação do seu afeto. Uma ilustração se dá em casos em que o sujeito lembra de traumas ou fatos importantes de sua vida, todavia desprovidos de cargas e significados emocionais.

Introjeção: é o processo no qual o indivíduo, de forma fantasística, faz passar característica de terceiros para si.

Projeção: é a operação na qual um fato neurológico ou psicológico é deslocado do sujeito para o objeto, de forma que ele o expulsa de si qualidades, sentimentos e desejos que recusa, localizando-os no outro. O mecanismo é a base das técnicas projetivas, como teste de Rorschach e o T.A.T.

Retorno sobre a própria pessoa: processo pelo qual a pulsão substitui, pela própria pessoa, um objeto independente. (LAPLANCHE, 1996)

Inversão em seu contrário: é a transformação da pulsão em seu contrário, como por exemplo a passagem da atividade para a passividade

Formação reativa: é o contrainvestimento de um elemento consciente, de igual força, mas oposta direção ao investimento inconsciente.

Sublimação: é a derivação da pulsão sexual para objetivo socialmente aceitável ou valorizado, de forma a não visar, manifestamente, seu objetivo. Exemplos são as realizações de atividades artísticas ou de lutas com regras.

Regressão: é o retorno do sujeito a etapas ultrapassadas de seu desenvolvimento (como fases libidinais, relações de objeto, identificações...), assim como a passagem a modos de expressão e de comportamento de nível inferior no ponto de vista da complexidade, estruturação e diferenciação.

Recusa: é a eliminação da representação incômoda através da negação da realidade ligada a ela, que é consciente e não considerada como tal. Além de ser mecanismo de defesa, é um processo característico na psicose e perversão.

Racionalização: é o processo pelo qual o sujeito busca tornar logicamente coerentes determinadas ações, sentimentos ou ideias

Recalque: é o afastamento dos conteúdos indesejáveis da consciência, que se mantem inconsciente.

Referências bibliográficas:

Freud, Anna. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: BUP, 1968. (originalmente publicado em 1946).

Freud, Sigmund. Edição Standard das obras psicológicas completas. Rio de Janeiro: Imago.

LAPLANCHE, J; PONTALIS, J. B. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

Arquivado em: Psicanálise
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