Cloroquina e o Coronavirus

Mestre em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas (FIOCRUZ, 2011)
Graduada em Biologia (UGF-RJ, 1993)

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Conhecido cientificamente por SARS-CoV-2, coronavírus é o agente causador da COVID-19, também conhecida como a doença do novo coronavírus. O primeiro caso humano relatado aconteceu na província de surgiu na Wuhan na China em 30 de dezembro de 2019. A infecção humana foi causada, provavelmente, pela transmissão do vírus circulante em espécies animais possivelmente morcegos ou pangolins. Contudo, esta hipótese ainda não está demonstrada cientificamente. Possui um alto grau de transmissão e se disseminou rapidamente pelo mundo. Vários países, inclusive o Brasil, decretaram medidas de restrição de circulação, visando a diminuição da transmissão. Os sintomas variam de simples resfriado para infecções respiratórias severas, e uma parte dos doentes necessita de ventilação mecânica. A transmissão ocorre pela dispersão de gotículas de indivíduos contaminados e pelo contato com materiais infectados pelo vírus.

Cloroquina

É um medicamento utilizado para profilaxia e tratamento contra a malária (Plasmodium vivax, P. ovale e P. malarie). Possui propriedades imunomoduladoras, que são substâncias que atuam no sistema imunológico conferindo aumento da resposta orgânica contra determinados microrganismos (vírus, bactérias, fungos e protozoários).

Fórmula estrutural plana da Cloroquina. Ilustração: Danijela Maksimovic / Shutterstock.com

A cloroquina é indicada também no tratamento de amebíase hepática, artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, e lúpus discoide, na sarcoidose e nas doenças de fotossensibilidade como a porfiria cutânea tardia e as erupções polimórficas graves desencadeadas pela luz. É um medicamento com alta toxicidade e possui alguns efeitos colaterais sérios como: arritmia cardíaca, complicações nos rins, comprometimento da saúde dos olhos. Pode ocorrer também diarreia, náuseas, gastrite, exacerbação de refluxo, e problemas sanguíneos.

A hidroxicloroquina é outro fármaco da mesma categoria da cloroquina, mas menos tóxico.

Cloroquina e o coronavírus

No início da pandemia, especulou-se que a cloroquina seria eficaz no tratamento da Covid-19 porque ela inibiria a replicação do vírus e a adesão dele às células humanas. Diversos estudos foram feitos para comprovar ou não a eficácia da cloroquina como terapia contra a Covid-19, mas ainda não há resultado que sustente os benefícios desta terapêutica.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) suspendeu os estudos sobre a eficácia da cloroquina no tratamento da Covid-19 porque os resultados iniciais dos trabalhos indicaram que não houve melhora significativa dos pacientes estudados. Nesse sentido, a OMS recomenda que a utilização da cloroquina no tratamento da Covid-19 deve ser feito com rígido acompanhamento médico para minimizar os efeitos adversos.

Mesmo sem comprovação científica e indo contra as recomendações médicas, muitas pessoas tomaram o remédio por conta própria, se arriscando a terem o seu quadro clínico agravado. No Brasil, a cloroquina é utilizada para tratamento de pacientes com sintomas leves de Covid-19, ficando a administração ou não do medicamento a critério do médico e do paciente.

O fato de alguns pacientes apresentarem melhora quando fizeram uso do medicamento pode ser explicado pelo “efeito placebo”. O indivíduo, ao tomar o medicamento, acredita, por um estímulo cerebral, que irá melhorar. Neste sentido, realmente pode ocorrer melhora de alguns sintomas, mas o vírus continua a sua atividade dentro do organismo. O risco do efeito placebo, é que ao se sentir melhor, o indivíduo pode relaxar as medidas de prevenção como uso de máscara e álcool, podendo assim contaminar assim outras pessoas e piorar o seu próprio quadro de saúde.

Deve-se sempre acreditar nas informações divulgadas pelos órgãos científicos e seguir as recomendações difundidas. Portanto, não é sensato acreditar em informações propagadas pelas redes sociais que muitas vezes são referências falsas, não respaldadas pela ciência.

Bibliografia:

Cloroquina: Mitos e verdades sobre os efeitos no Coronavírus. Disponível em: https://dasa.com.br/blog-coronavirus/cloroquina-para-coronavirus-e-efeitos-colaterais. Acessado em 11/11/2020.

Hidroxicloroquina e cloroquina não são o mesmo medicamento. Disponível em: https://revistaconsulta.com.br/noticias/corona-virus/diferenca-hidroxicloroquina-cloroquina/ Acessado em 11/11/2020.

Mas, afinal, para que servem a cloroquina e a hidroxicloroquina? Disponível em: https://fcmsantacasasp.edu.br/mas-afinal-para-que-servem-a-cloroquina-e-a-hidroxicloroquina/ Acessado em 11/11/2020.

Parecer Científico da Sociedade Brasileira de Imunologia sobre a utilização da Cloroquina/Hidroxicloroquina para o tratamento da COVID-19. Disponível em: https://sbi.org.br/2020/05/18/parecer-da-sociedade-brasileira-de-imunologia-sobre-a-utilizacao-da-cloroquina-hidroxicloroquina-para-o-tratamento-da-covid-19/ Acessado em 11/11/2020.

Se cloroquina não cura covid, por que há "curados" por ela? Ciência explica. Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/07/10/se-cloroquina-nao-cura-covid-por-que-ha-curados-por-ela-ciencia-explica.htm Acessado em 11/11/2020.

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Arquivado em: Saúde
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