Desenvolvimento de uma vacina

Mestre em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas (FIOCRUZ, 2011)
Graduada em Biologia (UGF-RJ, 1993)

Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição:


Ouça este artigo:

Vacinas são importantes para prevenir doenças. Atualmente, no mundo inteiro estão sendo desenvolvidas vacinas para várias doenças, causadas pelos mais diversos patógenos, como fungos, bactérias e parasitos. O desenvolvimento de uma nova vacina é um procedimento que leva muito tempo, pois ela precisa ser segura, eficaz e que cause o mínimo possível de efeitos adversos. Só assim ela pode ser disponibilizada para a população. A vacina também precisa ser aprovada pelos órgãos reguladores de cada país. E claro, obedecer a padrões éticos em todas as suas fases.

Foto ilustrativa. Créditos: Gorodenkoff / Shutterstock.com

1. Pesquisa

É a primeira etapa, onde há a identificação do patógeno e como é o seu mecanismo de indução da resposta imune. Nesta fase, procura-se quais moléculas, substâncias ou partes do agente patogênico servirão como alvo para o desenvolvimento da vacina.

2. Testes pré-clínicos (in vitro e/ou in vivo)

Nesta fase, a vacina em desenvolvimento é testada em modelos celulares (células de animais - in vitro) e testada diretamente em animais (camundongos, coelhos e macacos - in vivo) para demonstrar a segurança e o potencial imunogênico da vacina. Só depois dessa fase é que ela será testada em seres humanos.

3. Ensaios clínicos

É a etapa mais longa, mais cara e mais importante etapa do desenvolvimento de uma vacina. Os ensaios clínicos são divididos em quatro fases: Fase I, Fase II, Fase III e Fase IV.

  • Fase I: o medicamento é usado pela primeira vez em humanos. Participam de 20 a 100 indivíduos saudáveis e que não tem a doença que está sendo estudada. Avaliam-se diferentes doses, testes de segurança são realizados e é avaliada a interação com uso de drogas e álcool. Esta fase procura descobrir se há toxicidade para os seres humanos e se causará muitos efeitos adversos.
  • Fase II: nesta etapa participam indivíduos que tem a doença. Verifica-se a capacidade que a vacina tem de estimular o sistema imunológico a produzir anticorpos. É aplicado em dezenas de participantes. O objetivo é obter mais dados de segurança e avaliar a eficácia da nova vacina.
  • Fase III: é a fase mais importante do estudo. Milhares de participantes são testados no que se chama estudo de “duplo-cego”. Uma parte dos participantes recebe o novo imunizante e o outro grupo recebe um “placebo” (produto sem eficácia). Nem os pesquisadores nem os voluntários sabem o que cada um recebeu. No final desta fase, os dados são avaliados para saber se a vacina é realmente eficaz ou não. A análise desses dados permitirá descobrir se o produto é eficaz e se pode ser registrado e aprovado para uso comercial pelas autoridades sanitárias. No Brasil, não existe uma porcentagem mínima de eficácia para que a vacina seja aprovada. No Brasil, o órgão que concede o registro de medicamentos e vacinas é a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
  • Fase IV: Vacina é produzida em larga escala, e é disponibilizada para a população através da rede básica de saúde.

O desenvolvimento de vacinas é um processo longo e de custo elevado. Esse custo não é somente da fase de estudos para o desenvolvimento da doença, mas também existem custos elevados para a produção e distribuição da vacina em larga escala.

Leia também:

Bibliografia:

Como descobrimos novas vacinas. Disponível em https://br.gsk.com/pt-br/pesquisa-and-desenvolvimento/como-desenvolvemos-nossos-produtos/como-descobrimos-novas-vacinas/ Acessado em 19/10/2020.

Como é a pesquisa? Disponível em: https://radis.ensp.fiocruz.br/index.php/home/reportagem/uma-vacina-para-a-humanidade#access-content Acessado em 19/10/2020.

Ensaios clínicos. Disponível em: http://www.butantan.gov.br/pesquisa/ensaios-clinicos Acessado em 19/10/2020.

Quais são as fases da pesquisa clínica? Disponível em: https://www.fcm.unicamp.br/fcm/cpc-centro-de-pesquisa-clinica/pesquisa-clinica/quais-sao-fases-da-pesquisa-clinica Acessado em 19/10/2020.

AVISO LEGAL: As informações disponibilizadas nesta página devem apenas ser utilizadas para fins informacionais, não podendo, jamais, serem utilizadas em substituição a um diagnóstico médico por um profissional habilitado. Os autores deste site se eximem de qualquer responsabilidade legal advinda da má utilização das informações aqui publicadas.
Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição: