Vacina

Graduada em Ciências Biológicas (Unifesp, 2013)

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Em 1789 um médico britânico, Edward Jenner observou que trabalhadores de laticínios que contraíram/tiveram contato alguma vez com a forma bovina da varíola, uma forma bastante branda da varíola humana, não adoeciam quando em contato com a forma humana da doença. Esta observação partiu do boato popular e instigou Jenner a fazer seus primeiros experimentos afim de testar tal hipótese. Ele observou que vacas, as quais que possuíam a forma bovina da varíola (ou bexiga vacum) possuíam feridas nas tetas semelhantes a que os humanos possuíam no corpo. Dessa forma, observando que o contato com as pústulas das vacas, faziam com que os trabalhadores tivessem uma forma bem mais branda da varíola, Jenner quis testar se o contato com pústulas humanas teria efeito semelhante. Para isso ele injetou em James Phipps, uma criança de 8 anos, o conteúdo das bolhas das mãos de Sarah Nelmes, uma leiteira que apresentava a forma bovina (branda) da varíola, através do contato com gado. O menino teve algumas reações como febre e algumas lesões, mas não desenvolveu a varíola, da maneira como normalmente observava-se. Depois disso Jenner usou o conteúdo das pústulas de paciente com varíola e expôs o menino ao contato com o material. Para a surpresa de muitos, o menino não desenvolveu varíola, mesmo semanas após este contato. A partir deste ponto Jenner conduziu mais alguns testes e em 1798 publicou seu trabalho sobre a segurança e eficiência da imunização contra a varíola para crianças e adultos através da inoculação; processo que mais para frente foi chamado de vacinação (vindo de vaccinae – vaca, em latim)

Vacinas são recursos essenciais para a saúde individual e pública. Após a compreensão do princípio da imunização, inicialmente compreendido por Jenner e depois amplamente estudado por diversos cientistas, até o dia de hoje, as vacinas se tornaram um mecanismo essencial para sobrevivência. O princípio da vacinação consiste em, através do uso especificamente controlado de microrganismos causadores de doenças, ou suas toxinas, estimular o sistema imunológico de modo que este seja capaz de montar uma defesa contra tal antígeno. Dessa forma, quando o indivíduo entrar em contato com este antígeno ele já possua mecanismos efetores eficientes para protege-lo e garantir sua segurança e saúde, prevenindo assim diversas doenças. Isso acontece pela geração de memória imunológica, ou seja, nosso sistema imune é capaz de armazenar uma memória para cada antígeno que entramos em contato ao logo da vida e assim, é capaz de se defender e combater tal antígeno.

A vacinação é o modo conhecidamente mais eficaz de se prevenir doenças causadas por agentes infecciosos. Diversas doenças têm sido eficientemente restringidas pela sua administração, como o tétano a poliomielite e o sarampo e até mesmo erradicadas globalmente, como a varíola.

Existem também as vacinas terapêuticas que buscam tratar doenças crônicas ou degenerativas, como no caso das vacinas para HIV ou vacinas voltadas para os cânceres, as quais têm sido amplamente estudadas afim de melhorar a resposta do indivíduo contra certos tipos de tumores. No entanto ainda há bastante estudo a ser feito nesta área e poucos produtos estão disponíveis para uso, atualmente.

É importante ressaltar que como qualquer tratamento ou prevenção de doença, as vacinas podem variar de eficiência levando em conta certos fatores como:

  • A variação de pessoa para pessoa – relacionada a capacidade individual de cada sistema imune em gerar respostas eficientes contra os patógenos.
  • A variação do microrganismo – certos patógenos possuem alta capacidade de mutação e portanto a cada “nova forma” que se apresentam é necessária uma nova vacinação para aquele patógeno.
  • Fatores externos como genética, idade, etc.

Por fim, muitas vezes juntamente com a vacina (patógeno atenuado ou toxinas deles), é necessário que haja adição de adjuvantes, substancias conhecidamente capazes de aumentar a resposta imune e que farão com que a resposta para aquele específico antígeno seja mais eficaz.

Leia também:

Referências:

United States National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID). NIAID Biodefense Research Agenda for Category B and C Priority Pathogens. "Vaccines are the most effective method of protecting the public against infectious diseases."

Baxby, Derrick (1999). «Edward Jenner's Inquiry; a bicentenary analysis». Vaccine. 17 (4): 301–7. PMID 9987167. doi:10.1016/s0264-410x(98)00207-2

Pasteur, Louis (1881). «Address on the Germ Theory». Lancet. 118 (3024): 271–2. doi:10.1016/s0140-6736(02)35739-8

Alex Matos (ed.). «Eficácia da vacina». News Medical.

Riedel S. Edward Jenner and the history of smallpox and vaccination. Proc (Bayl Univ Med Cent). 2005 Jan;18(1):21-5.

<http://www.butantan.gov.br/producao/vacinas/Paginas/default.aspx> Consultado em 05/11/17

DINIZ, Mariana de Oliveira and FERREIRA, Luís Carlos de Souza. Biotecnologia aplicada ao desenvolvimento de vacinas. Estud. av. [online]. 2010, vol.24, n.70, pp.19-30. ISSN 0103-4014. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142010000300003.

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