Hegemonia

Graduada em História (UFF, 2017)
Mestre em Sociologia e Antropologia (UFRJ, 2012)
Graduada em Ciências Sociais (UERJ, 2009)

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Hegemonia significa em sentido estritamente etimológico liderança, derivada diretamente de do termo grego hēgemonia (liderança), que por sua vez, vem do verbo hēgeisthai (liderar). O termo ganhou outra concepção a partir das formulações do teórico italiano Antonio Gramsci (1891 – 1937) ao utilizá-lo como forma de explicação de um determinado tipo de exploração. A noção de hegemonia, segundo Gramsci, é a maneira como o poder é exercido não só através de um conjunto de instituições políticas, mas através também da cultura.

O conceito proposto pelo autor dialoga diretamente com a teoria marxista, pois, de acordo com Karl Marx, a base econômica seria controlada pela classe econômica que dominaria a classe trabalhadora através da criação da superestrutura com instituições e relações sociais. Gramsci propõe que a dominação de classe ocorre também culturalmente, pois a classe trabalhadora está sujeita às ilusões ideológicas perpetradas pela classe dominante.

A visão marxista da sociedade é uma constante luta entre grupos (sendo na modernidade a oposição entre proletários e burgueses) em que a exploração da classe dominante sobre os trabalhadores chegaria a um ponto tão extremo que seria inevitável a revolução orquestrada pela classe explorada. Gramsci argumenta que ocorre também um complexo processo de propagação das visões de mundo da classe dominante. Sendo apenas a repressão um meio insuficiente para garantir a ordem social, foi necessária também que ocorresse uma sujeição ideológica. A esse modo oculto de dominação de uma classe sobre outra, o autor denominou “hegemonia”.

É importante destacar que a hegemonia não é uma ação partidária e sim uma ação de classe, pois significa o exercício do poder por um conjunto de indivíduos de uma determinada classe social. A hegemonia está assim envolta em uma luta entre visões de mundo baseadas na divisão de classes (entendida como conjunto de valores, ideias, crenças) que acaba por propagar a ideologia da elite dominante de forma que sejam aceitas e assimiladas como verdades inquestionáveis. Quanto mais difundida uma determinada ideologia, mais sólida fica a hegemonia e há menos necessidade do uso de violência explícita.

A hegemonia é uma dominação consentida, baseando-se em um mecanismo invisível no qual posições de influência na sociedade são sempre ocupadas por membros de uma classe já dominante, e tem como resultado final a penetração das ideias da classe dominante por toda a sociedade. Através da exposição constante desse arsenal de concepções disseminadas pela elite, as ideias hegemônicas moldam o pensamento de todas as classes.

Gramsci ressalta, porém, que os indivíduos por serem capazes de analisar criticamente a respeito da visão que lhes é imposta, têm como modificar essa situação através do pensamento contra-hegemônico. Isso ocorreria, por exemplo, em um contexto de crises econômicas aprofundadas que levassem a uma crise de desemprego. Nesse cenário poderia haver o crescimento de protestos e movimentos sindicais, indicando a existência de forças anti-hegemônicas. Reconhece-se assim o papel dos indivíduos e das ideologias na luta por mudança social enfatizando a autonomia humana e a importância da cultura na manutenção ou mudança da sociedade.

Leia também:

Bibliografia:

O livro da sociologia / ilustração James Graham ; tradução Rafael Longo. – 1.ed -352p.

https://www.ufmg.br/proex/cpinfo/cidadania/?p=152

https://veja.abril.com.br/brasil/para-entender-o-conceito-de-hegemonia/

Arquivado em: Sociologia
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