Imperialismo cultural

Mestre em Ciências Sociais (PUC-Rio, 2015)
Graduada em Ciências Sociais (UERJ, 2012)

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Imperialismo cultural como um modelo de organização de correlação de forças de poder que busca a homogeneização da cultura de uma sociedade (AXTMANN, 2012, p.69). Um fenômeno global em que indústrias culturais poderosas e atores principalmente ocidentais dominam outras culturas locais, regionais e nacionais.

Schiller (1976) complementa este pensamento ao afirmar que

“o conjunto dos processos pelos quais uma sociedade é introduzida no seio do sistema moderno mundial e a maneira como a sua camada dirigente é levada, pelo fascínio, a pressão, a força ou a corrupção, a modelar as instituições sociais para que correspondam aos valores e às estruturas do centro dominante do sistema ou a tornar-se no seu promotor”.

O autor também chama atenção para a necessidade de não se confundir imperialismo cultural com americanização, que é apenas um tipo de imperialismo cultural. O surgimento do conceito de imperialismo cultural, contudo, também pode ser entendido como parte do anti-americanismo que cresceu por parte de movimentos de esquerda à época da guerra do Vietnã como uma maneira de demonstrar os males da sociedade norte-americana (KUKLICK, 2000, p.505).

A teórica Armand Mattelart analisou alguns aspectos importantes do imperialismo dos Estados Unidos e percebeu que seus interesses estão presentes em praticamente todas as esferas da indústria do conhecimento. A autora também atenta para a influência dos canais de comunicação e publicidade dominados pelas empresas norte-americanas.

A influência cultural ocorre em sociedades que tem contato uma com a outra e acontece desde a Antiguidade. Embora o imperialismo cultural e as influências culturais sejam melhor observados em países em desenvolvimento, vale ressaltar que o imperialismo cultural não se restringe a dominação entre um país desenvolvido e um menos desenvolvido, mas também entre países com níveis semelhantes de desenvolvimento (KURLICK, 2000, p.668).

Outra característica do imperialismo cultural é a criação de um discurso para os outros, ou seja, criar uma história, para um grupo sem a participação de seus atores sociais. É categorizar o outro, muitas vezes com categorias que não são auto reconhecidas. O conceito de imperialismo cultural não é muito antigo e data dos anos 1960 (TOMLINSON, 2001), fruto de uma crítica radical característica deste período. O conceito é genérico e problemático, pois traz em si duas palavras de significado complexo e permanentemente disputado.

Imperialismo refere-se ao mesmo tempo ao sistema dominante político e econômico, além de se relacionar com as conquistas coloniais do século XIX. Cultura também possui diferentes significados, como apresenta Roque Laraia (2001), podendo significar erudição, conjunto de práticas e hábitos, dentre outros.

De forma geral o conceito de imperialismo cultural pode ser definido como uma tentativa atentar para a necessidade de preservação da autenticidade, da tradição das culturas locais em diferentes partes do mundo frente ao assédio das relações comerciais, da mídia e da influência dos Estados Unidos. Outra forma de refletir a respeito é pensar em uma variedade de diferentes articulações com características em comum, mas que possuem tensões entre si e contradições.

Discutir o discurso do imperialismo cultural (TOMLINSON, 2001) é outra saída argumentativa. Ao falar em discurso se reconhece as diferentes vozes que participam deste processo e que postulam legitimidade, autoridade e representatividade.

Desta forma o conceito de imperialismo cultural diz respeito não apenas sobre as culturas que devem ser protegidas, mas também sobre quem defende a necessidade de proteção dessas culturas e por que.

Referências Bibliográficas:

DEMONT‐HEINRICH, C. Cultural Imperialism Versus Globalization of Culture: Riding the Structure-Agency Dialectic in Global Communication and Media Studies. Sociology Compass, 2011.

IANNI, O. Imperialismo e cultura. Rio de Janeiro, 1976.

LARAIA, R. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro, Zahar, 2001.

KURLICK, B. The Future of Cultural Imperialism. Diplomatic History, 2000.

SCHILLER, H.I., O. império norte-americano das comunicações. Petrópolis: Vozes, 1976.

TOMLINSON, J. Cultural imperialism. London, Continuum. 2001.

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