Movimentos sociais

Mestre em Ciências Humanas (PUC-RJ, 2016)
Graduado em Geografia (UFF, 2009)

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Os Movimentos Sociais podem ser definidos como sendo a expressão da organização da sociedade civil. Essas organizações agem de forma coletiva como resistência à exclusão e luta pela inclusão social. É nas ações destes grupos que se apresentam as demandas sociais de determinada classe social. Essas demandas se materializam em atividades de manifestações como ocupações e passeatas em ruas provocando uma mobilização social, e chamando a atenção de outros indivíduos para as demandas de determinado grupo, conforme Gohn (2011) destaca ao realizar essas ações, projetam em seus participantes sentimentos de pertencimento social. Aqueles indivíduos que eram excluídos passam a se sentir incluídos em algum tipo de ação de um grupo ativo.

Seguindo este raciocínio, Ferreira (2003) define os Movimentos Sociais a partir das ações de grupos organizados que objetivam determinados fins. Ou seja, de acordo com o autor, os movimentos sociais se definem como tal por conta da ação coletiva de um grupo organizado e que tem como objetivo alcançar mudanças sociais por meio da luta política, em função de valores ideológicos compartilhados questionando uma determinada realidade que se caracteriza por algo impeditivo da realização dos anseios de tal movimento.

Gohn (2014) define as características gerais de um movimento social. De acordo com a autora, para ser considerado um movimento social, deve haver uma liderança, uma base e uma demanda. Além disso, para a autora, deve haver ainda opositores e antagonistas, conflitos sociais, um projeto sociopolítico, entre outros. Scherer-Warren (2006) vai ao encontro com Gohn (2014) ao definir os movimentos sociais em torno de uma identificação de sujeitos coletivos que possui adversários e opositores em torno de um projeto social. Medeiros (2014), se apoiando nos autores citados, cita como exemplos de Movimentos Sociais o Movimento Negro e Movimento Indígena. Ambos movimentos se unem pela força de uma identidade étnica (negra ou índia) e combatem o adversário do colonialismo, racismo e expropriação, tendo como objeto de luta o reconhecimento de sua identidade, suas tradições, seus valores e até mesmo de manutenção de um território que vive sob constante ameaça de invasão, como é o caso das reservas indígenas e das áreas de quilombos.

Dessa forma, devemos destacar que, de acordo com Medeiros (2014), o simples fato de ir às ruas protestar contra a corrupção, por exemplo, não caracteriza um movimento social. Uma ação esporádica, ainda que mobilize um grande número de manifestantes, pode ter em seu coletivo representantes de movimentos sociais e populares mas não caracterizam um movimento social como tal. Medeiros (2014) ainda destaca que estes protestos e mobilização podem ser frutos da articulação de atores de movimentos sociais, ONG’s, tanto quanto podem incluir cidadãos comuns que não estão necessariamente ligados a movimentos organizados como tais.

Medeiros (2014) destaca que com a luta dos movimentos sociais ampliou-se o leque de atores sociais e, como resultado, surgiram novas facetas à cidadania com ênfase na responsabilidade dos cidadãos na elaboração de Políticas Públicas, com espaços criados institucionalmente para esta parceria entre o Estado e a sociedade civil, como é o caso, por exemplo, dos conselhos gestores de políticas públicas. Devemos enfatizar que os movimentos sociais estão mudando. Por exemplo, no passado os movimentos sociais eram principalmente para as demandas materiais no trabalho. Atualmente, os movimentos sociais procuram uma finalidade mais social e cultural (movimentos feministas, por exemplo). Os novos movimentos sociais procuram mudanças nos valores das identidades para o gênero, as orientações sexuais, as identidades locais ou regionais, etc. Além disso, Medeiros (2014) destaca a importância e a capacidade de comunicação em massa das redes sociais na internet.

Referencias:

FERREIRA, D. Manual de Sociologia – Dos Clássicos à Sociedade da Informação. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

GOHN, M. G. Conselhos gestores e gestão pública. Revista Ciências Sociais Unisinos, Rio Grande do Sul, v. 42, n. 1, p. 5-11, jan/abr. 2006. Disponível em: http://revistas.unisinos.br/index.php/ciencias_sociais/article/view/6008.

____. Sociologia dos Movimentos Sociais. 2. ed. São Paulo: Cortez Editora, 2014. (Questões da nossa época, 47).

____. Movimentos Sociais na Contemporaneidade. Revista Brasileira de Educação, Minas Gerais, v.16, n. 47, p. 333-351, maio/ago. 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v16n47/v16n47a05.pdf.

MEDEIROS, A. M. Os Movimentos Sociais. Disponível em: https://www.sabedoriapolitica.com.br/ci%C3%AAncia-politica/movimentos-sociais/ -

SCHERER-WARREN, I. A política dos movimentos sociais para o mundo rural. Estudos Sociedade e Agricultura, Rio de Janeiro, vol. 15, nº 1, p. 5-22, 2007. Disponível em: https://revistaesa.com/V3/ojs-3.1.0-1/index.php/esa.

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