Demência com Corpos de Lewy

Graduada em Medicina Veterinária (UFMS, 2009)

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A demência com corpos de Lewy (DCL) consiste no segundo tipo mais comum de demência neurodegenerativa, vindo precedida somente pela doença de Alzheimer, ocasionando um declínio progressivo da capacidade mental.

A denominação “demência com corpos de Lewy” foi proposta no ano de 1996, objetivando facilitar e unir uma ampla gama de terminologias utilizadas para se referir ao mesmo quadro clínico, pois anteriormente esta moléstia era chamada também de variante com corpo de Lewy da doença de Alzheimer, demência associada com corpos de Lewy corticais, demência senil do tipo corpos de Lewy, doença com corpos de Lewy difusos e doença de Alzheimer com variações parkinsonianas.

Contudo, por tratar-se de uma demência do tipo Alzheimer, muitos estudiosos ainda a tratam como uma variante da doença de Alzheimer, e não como uma entidade distinta.

A maior incidência desta patologia é observada em indivíduos com idade mais avançada, especialmente acima dos 75 anos de idade.

Uma característica histológica da DCL é a presença de inclusões citoplasmáticas eosinofílicas arredondadas (os corpos de Lewy, compostos por agregados protéicos) nas células nervosas (neurônios) das regiões cerebrais afetadas. Estas estruturas foram descritas primeiramente por Heinrich Frederich Lewy, no ano de 1912, um contemporâneo de Alois Alzheimer.

Os corpos de Lewy são observados em toda a camada exterior do córtex cerbral e no interior do mesencéfalo e tronco cerebral. Estas estruturas são constantemente encontradas em pacientes portadores da doença de Alzheimer, Parkinson, síndrome de Down, dentre outros distúrbios.

Uma característica da DCL que deve ser observada obrigatoriamente é a presença de um declínio cognitivo suficiente para intervir no funcionamento sócio-ocupacional do indivíduo, representada pela existência de parkinsonismo espontâneo, alucinações visuais recorrentes e flutuações das funções cognitivas. Dentre os sinais parkinsonismo mais comuns estão a rigidez e bradicinesia, sendo pouco comum a presença de tremores. Essas manifestações afetam especialmente a deambulação.

Dentre outros sintomas estão:

  • Problemas com a memória recente;
  • Episódios de confusão passageiros e outros problemas comportamentais ou cognitivos;
  • Flutuação na ocorrência de manifestações clínicas cognitivas de tempos em tempos;
  • Alucinações visuais recorrentes, visualizando pessoas ou animais que não estão lá;
  • Problemas visuais, como visão dupla e/ou má interpretação do que vêem;
  • Distúrbios do sono.

Esta patologia é de difícil diagnóstico, uma vez que são similares a outras doenças, como, por exemplo, Parkinson e Alzheimer. Uma vez que não existe um teste específico para identificar a DCL, utiliza-se uma série de exames médicos, neurológicos e neuropsicológicos na tentativa de alcançar o diagnóstico correto. O diagnóstico confirmatório é obtido somente após a morte do indivíduo, através de uma autópsia.

Não existe cura para a DCL, sendo feito somente um tratamento de suporte, objetivando minimizar os sintomas. Os fármacos utilizados para tratar os sintomas são:

  • Inibidores de colinesterase: elevam os níveis de neurotransmissores no cérebro, auxiliando na melhora da atenção e cognição, além de poder reduzir os episódios de alucinações e outros problemas comportamentais.
  • Fármacos utilizados na doença de Parkinson: auxiliam na redução da sintomatologia similar à da doença de Parkinson; todavia, podem exacerbar alucinações, delírios e confusão mental.
  • Fármacos antipsicóticos: auxiliam na melhora de delírios e alucinações. No entanto, aproximadamente um terço dos pacientes portadores da DCL apresenta sensibilidade a algumas dessas drogas.

Outras abordagens não farmacológicas envolvem:

  • Modificação do ambiente: diminuindo a desordem e ruídos, ajudando na concentração dos portadores da DCL.
  • Modificação de respostas: evitar corrigir e interrogar um indivíduo com DCL.
  • Modificação de tarefas: dividindo as tarefas em etapas mais simples, além de estabelecer uma rotina, o que ajuda o paciente a se sentir mais seguro.

Fontes:
http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol30/n1/29.html
http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2005/RN%2013%2001/Pages%20from%20RN%2013%2001-5.pdf
http://www.webmd.com/mental-health/dementia-lewy-bodies
http://en.wikipedia.org/wiki/Dementia_with_Lewy_bodies

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Arquivado em: Doenças
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