Absorção do Etanol no organismo

Por André Luis Silva da Silva

Licenciatura Plena em Química (Universidade de Cruz Alta, 2004)
Mestrado em Química Inorgânica (Universidade Federal de Santa Maria, 2007)

Categorias: Bioquímica
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Como atualmente tem se vinculado à mídia de forma mais efusiva, o etanol presente nas bebidas alcoólicas é uma droga, que pode ser tão perigosa ao organismo quanto qualquer outra. A atuação desta substância nas sinapses cerebrais provoca o que chamamos de embriaguez, que se trata da lentidão dos reflexos mentais e motores do indivíduo, reduzindo assim drasticamente a sua capacidade de tomar decisões. Com a ingestão de doses um pouco mais elevadas, o fígado fica prejudicado, o indivíduo passa a sentir náuseas e vomitar, precisando de atendimento médico. A rota metabólica final do etanol no organismo está associada ao sintoma de depressão (apesar de inicialmente o etanol trazer uma sensação de euforia, o aumento de sua concentração na corrente sanguínea leva à depressão), podendo então ser seguida do coma e finalmente da morte.

Na molécula de etanol está a resposta para sua alta absorção pelo organismo. Trata-se de uma molécula pequena, polar (portando, hidrossolúvel), composta por dois átomos de carbono, seis de hidrogênio e um de oxigênio, conforme mostrado abaixo:

CH3-CH2-OH

Sendo que a presença do grupo químico (-OH), chamado de hidroxila, ligado a um carbono saturado (que faz apenas ligações simples) identifica a função orgânica conhecida por álcool, da qual a espécie etanol é a que está mais presente em nosso cotidiano, razão esta pela qual é muitas vezes chamada apenas de álcool.

Popularmente se comenta que o estado de embriaguez é mais lento, ou necessita de uma dosagem maior de bebida alcoólica, quando o estômago está cheio. Esse fato encontra uma sustentação científica no fato do etanol ser absorvido pelas paredes estomacais, o que é dificultoso quando o estômago já apresenta alimento em seu interior, reduzindo assim o contato entre a substância e suas paredes internas. Dessa forma, um estômago vazio pode absorver até seis vezes mais etanol do que um estômago cheio, ao se ingerir a mesma dose da bebida alcoólica.

O etanol é metabolizado no fígado, onde é convertido em gás carbônico (CO2) e água (H2O), forma pela qual o fígado o eliminará. Entretanto, quando sua dosagem é elevada, o fígado não é capaz de metabolizá-lo, o fazendo chegar à corrente sanguínea. Dessa forma então terão início os sintomas característicos de sua ingestão. O etanol, após a sua metabolização pelo fígado, é eliminado pela urina e pelo processo da respiração, o que permite a utilização de instrumentos como o bafômetro, que trazem uma noção do grau de ingestão alcoólica pelo indivíduo.

Referências:
RUSSELL, John B.; Química Geral vol.2, São Paulo: Pearson Education do Brasil, Makron Books, 1994.

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