Licopeno

Por Juliana Pires

Graduação em Farmácia e Bioquímica (Uninove, 2010)

Categorias: Bioquímica, Nutrição
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Pertencente a mesma família do betacaroteno, o licopeno está entre os 600 pigmentos carotenoides encontrados na natureza e um dos 25 presentes no plasma humano. Sua estrutura é composta apenas por átomos de carbono e hidrogênio e é responsável por fornecer a cor vermelho-alaranjada das frutas e vegetais em que estão presentes.

Benefícios

Este potente antioxidante protege as células contra a ação nociva do excesso dos radicais livres, ao retirar esses elementos oxidantes da circulação sanguínea, reduzindo os potenciais danos ao organismo e doenças que podem causar. Com isto, reduzem os riscos do desenvolvimento de doenças crônicas, incluindo as doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer. Pesquisas sugerem que uma dieta rica em licopeno contribui para a redução dos riscos do desenvolvimento de câncer de próstata, esôfago, gástrico e pulmão, além de apresentar benefícios no câncer de pâncreas, cólon e reto, cavidade oral, câncer de mama e cervical. Também, estudos mostram a relação entre o consumo de licopenos e o aumento da sensibilidade à insulina, em diabéticos.

Distribuição no organismo e fontes

Tomate é uma das principais fontes de licopeno. Foto: Tim UR / Shutterstock.com

Considerado um dos carotenoides mais abundantes no corpo humano, se encontram distribuídos pelo plasma e por diversos tecidos, como o fígado, pele e pulmão, também das mamas e coluna cervical.

Como o organismo não consegue sintetizar, o licopeno deve ser obtido através da dieta alimentar. As principais fontes incluem o tomate e seus derivados (sopa, suco, molho, polpa, ketchup e massa), considerados os melhores contribuintes dietéticos, além da goiaba vermelha, mamão papaia, pitanga e melancia.

Diversos fatores podem interferir na concentração do licopeno nas frutas e vegetais, tais como o estágio de maturação, variedade, estação do ano e local do plantio. Assim, os alimentos cultivados em regiões de climas quentes concentram mais este carotenoide. Um mamão Tailândia cultivado na Bahia, pode apresentar o dobro da concentração de licopeno, quando comparado ao mesmo tipo de mamão cultivado em São Paulo.

Exemplo da relação entre estágio de maturação do fruto e variedade da concentração de carotenoides está no tomate. Um tomate maduro contém mais licopeno do que betacaroteno, apresentando a cor vermelha característica desta alta concentração. Desta forma, a variedade de cores das espécies de tomate, que vão do amarelo, vermelho alaranjado ao vermelho, demonstram esta razão entre a concentração de licopeno e betacaroteno presentes.

Não há uma indicação específica da quantidade para a sua ingestão, que varia entre 4 mg e 10 mg de consumo ao dia, para se obter os benefícios do nutriente.

Biodisponibilidade e absorção

O licopeno é um pigmento lipossolúvel, tendo sua absorção aumentada quando consumido com alimentos que contenham gordura. Com o cozimento dos alimentos, como o tomate, se verifica o aumento da sua biodisponibilidade. Estudos revelam que o consumo de molho de tomate cozido em óleo pode dobrar ou até mesmo triplicar a concentração sérica de licopeno, embora fatores como o tipo de tomate utilizado possam interferir.

Determinados tipos de fibras, como a pectina, podem reduzir a absorção do licopeno, por promover aumento da viscosidade. Também, outros carotenoides podem interferir e diminuir a sua biodisponibilidade, como é o caso da luteína obtida por fonte vegetal e do betacaroteno, que competem com o licopeno durante a absorção intestinal.

A absorção ocorre sem gasto de energia, por transporte passivo. Acredita-se que seja transportado por proteínas específicas ou ligado a gotas de lipídios. Nos enterócitos, células da camada superficial do intestino, o licopeno não é convertido em vitamina A, como ocorre com os outros carotenoides. Os quilomícrons se ligam ao licopeno que então saiu do enterócito e o transporta aos tecidos, onde a enzima lipase lipoproteica age promovendo a sua absorção. No fígado, podem ser absorvidos e acumulados, ou se ligar a lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL) e ser transportados de volta ao sangue.

Bibliografia:

SHAMI, N.J.I.E; MOREIRA, E.A.M. Licopeno como agente antioxidante. Rev. Nutr. vol.17 no.2 Campinas Apr./June 2004.

MORITZ, B.; TRAMONTE, V.L.C. Biodisponibilidade do Licopeno. Rev. Nutr. vol.19 no.2 Campinas marzo / abril 2006.

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