Ano dos Quatro Imperadores

Mestrado em História (UFJF, 2013)
Graduação em História (UFJF, 2010)

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O Ano dos Quatro Imperadores corresponde ao período em que quatro indivíduos se sucederam no trono romano no período de apenas um ano.

Ao longo da história romana, aconteceram alguns períodos de extrema instabilidade política nos quais houve uma grande alternância na liderança de tal povo. O ano 68 foi um desses momentos em que, no curto período de um ano, os romanos tiveram vários imperadores. Nesta ocasião específica, o problema começou com a morte do imperador Nero. Seu suicídio abriu espaço para um ambiente de guerra civil, pois já havia grande movimentação para ocupação do trono em seu lugar. Antes de morrer, Nero tinha sido considerado persona non grata pelo senado e havia se iniciado uma rebelião com o objetivo de tornar Galba, governador da Hispânia Tarraconense, o imperador romano. Galba passou a contar com cinco legiões de soldados e marchou para Roma.

Enquanto Galba avançava e Nero vivia seus últimos dias de paranoia, houve uma desastrosa revolta na Gália que foi derrotada pelo exército liderado por Lúcio Virgínio Rufo, o qual ganhou grande prestígio e esperava uma recompensa do império. De todo modo, Galba foi efetivamente reconhecido como imperador. Em lugar de recompensa, as legiões germânicas de Lúcio Rufo passaram a serem vistas como elemento de atraso na ascensão de Galba. A confiança nos germânicos ficou debilitada e Lúcio foi substituído por Aulo Vitélio, desencadeando em uma rebelião.

Galba logo perdeu sua credibilidade ao se revelar um líder que não cumpria suas promessas com o exército e com políticos importantes. Era muito desconfiado e mandou matar vários senadores e militares por medo de sofrer um golpe. Seu perfil o fez perder aliados progressivamente. A situação chegou no limite quando Galba escolheu Lúcio Calpúrnio Pisão Liciano para ser seu sucessor. O fato desagradou muito o ambicioso Marco Sálvio Otão, que conspirou com a guarda pretoriana para assassinar Galba.

No mesmo dia da morte de Galba, Otão foi reconhecido como imperador romano. Apesar de tudo, esperava-se que o novo imperador desenvolvesse um governo justo. Todavia, já existia um desafio pela frente, Vitélio marchava vindo da Germânia em direção à Roma. Como Vitélio contava com as legiões de elite do império e Otão não desejava iniciar nova guerra civil, mandou emissários para negociar a paz com o líder germânico. Mas já era tarde, Otão foi sofrendo uma série de pequenas derrotas até ser completamente abatido na Batalha de Bedriacum. Derrotado, Otão se matou.

Vitélio foi reconhecido imperador pelo senado e foi para Roma. Seu governo foi marcado por um grande descontrole baseado em festanças que levaram os cofres romanos à falência. Com as dívidas em evidência, Vitélio mandou matar todos que fizessem cobranças. Além disso, assassinou todos os rivais que teve oportunidade também. Com o prestígio em baixa, as províncias do Oriente Médio aclamaram Vespasiano como imperador. Aos poucos, Vespasiano foi conquistando mais e mais apoio e sendo reconhecido como imperador em outras regiões do Império Romano também. O exército liderado por Marco Antônio Primo esmagou o exército de Vitélio na segunda Batalha de de Bedriacum.

Vitélio ainda tentou manter o poder subornando a todos e tentando negociar a paz com as legiões de Vespasiano, mas nada funcionou. O exército inimigo avançava cada vez mais e, quando já estavam na entrada de Roma, Vitélio se preparou para fugir. Em um último ato de saudosismo, Vitélio resolveu visitar o palácio pela última vez e lá foi preso e morto por homens de Vespasiano.

Vespasiano foi reconhecido pelo senado como imperador no dia seguinte da morte de Vitélio. Assumindo em dezembro de 69 o comando do Império Romano, Vespasiano não encontrou ameaça a seu governo, originando a Dinastia Flaviana. Permaneceu no poder por 10 anos e morreu de causas naturais em 79.

Arquivado em: Civilização Romana
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