Criptosporidiose

Graduada em Medicina Veterinária (UFMS, 2009)

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A criptosporidiose ou criptosporidíase é uma afecção causada por um parasita unicelular coccídeo pertencente ao gênero Cryptosporidium, que acomete tanto o homem quanto os animais. Nos humanos, este parasita está relacionado a um quadro de gastrenterite severa e prolongada em paciente imunodeficientes, bem como diarréias em indivíduos jovens.

Cryptosporidium Parvum

Este é um parasita cosmopolita, que foi descrito pela primeira vez no ano de 1907, em camundongos, nos Estados Unidos. Desde que este protozoário foi descoberto, já foram descritos mais de 20 espécies diferentes pertencentes ao gênero, porém os pesquisadores ainda divergem quanto a sua taxonomia.

Geralmente, este parasita é encontrado no trato digestório, mas também pode ser visto em outras regiões, como, por exemplo, no trato respiratório, sendo este último local mais comum em aves.

Nos humanos, duas espécies deste parasita são responsáveis pela maior parte das infecções: C. parvumC. hominis.

O ciclo biológico do Cryptosporidium requer somente um hospedeiro, sendo que são formados dois tipos de oocistos, dos quais 80% apresentam parede grossa e são liberados junto com as fezes, enquanto que 20% deles são envoltos apenas por uma delgada membrana que se rompe com facilidade na luz intestinal, levando a um novo ciclo no mesmo hospedeiro.

Ao multiplicar-se no interior da célula intestinal, este parasita leva à má absorção e prejudica a digestão dos alimentos. Consequentemente, causa diarréia no hospedeiro, além de atrofia das vilosidades e perda de enzimas digestivas.

A fonte primordial de infecção são as fezes contaminadas com ovos, que são adquiridos por meio da ingestão de alimentos e água potável contaminados. Outra forma de infecção é a direta, quando há contato de um indivíduo infectado com outro não infectado, podendo ser de pessoa para pessoa ou de animal para pessoa (ou vice-versa).

Os oócitos dessa parasita são altamente resistentes à maior parte dos desinfetantes, bem como à cloração da água.

Criptosporidiose no Homem

Embora o C. parvum e o C. hominis sejam as espécies de ocorrência mais frequente nos humanos, outras espécies podem acometê-los, como a C. meleagridis (aves), a C. felis (gatos) e a C. canis (cães).

A criptosporidiose humana varia de acordo com a imunidade do indivíduo. Pessoas que estão com a imunidade dentro da normalidade, o quadro clínico caracteriza-se por uma gastrenterite semelhando à causada pela giardíase, sendo que o principal sintoma é a diarréia, que pode vir após um quadro de anorexia e êmese. A cura ocorre de forma espontânea.

Quando a doença afeta pessoas mal nutridas ou imunodeprimidas, como é o caso de indivíduos portadores da AIDS, a infecção causa uma diarréia intensa e prolongada, juntamente com náuseas, êmese, cólica, redução de peso e febre, podendo evoluir para o óbito.

O controle é feito por meio de educação sanitária, saneamento básico, adoção de medidas básicas de higiene como lavar as mãos antes de manusear alimentos e após utilizar o banheiro e filtrar ou ferver a água que será consumida ou utilizada no preparo de alimentos. Quando um indivíduo estiver apresentando um quadro diarréico, recomenda-se que esteve evite manipular alimentos que serão consumidos por outros indivíduos.

Criptosporidiose nos Animais

Este parasita apresenta relevância na sanidade animal por ser um agente enteropatogênico causador de diarréias neonatais.

Este quadro diarréico leva a elevadas taxas de morbidade e mortalidade, acarretando sérios prejuízos econômicos, pois além do gasto com medicamentos, pode haver diminuição no desenvolvimento dos animais, comprometimento dos índices de ganho de peso ou produção leiteira (animais de produção), podendo evoluir para a morte do animal.

É comum o Cryptosporidium estar associado a outros parasitas, vírus ou bactérias nos quadros de diarréia. Existem também outros fatores que influenciam no curso da infecção, como a idade do animal, estado nutricional, condições imunológicas, problemas na ingestão do colostro e o ambiente (por exemplo, estresse térmico e superlotação).

A forma subclínica nos animais comumente é observada, sendo, portanto, de grande importância epidemiológica os portadores assintomáticos.

Nos animais de produção, o manejo é o principal modo de controlar a disseminação do parasita. Os animais infectados devem ser mantidos em ambientes separados dos animais jovens (mais susceptíveis), na medida do possível. Também é de grande importância para a profilaxia a realização do controle de roedores e adequada limpeza periódica do ambiente.

O diagnóstico, tanto para humanos quanto para animais, é feito por meio da observação do parasita, especialmente a partir de amostras de fezes frescas ou fixadas em formalina a 10%, utilizando técnicas de concentração ou métodos especiais de coloração. Técnicas sorológicas também são utilizadas, bem como o PCR.

Deve ser feito tratamento sintomático para humanos e animais.

Fontes:
http://www.infobibos.com/Artigos/2008_2/criptosporidiose/index.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Criptosporid%C3%ADase
https://web.archive.org/web/20190127190709/http://www.biotaneotropica.org.br/v7n3/pt/fullpaper?bn01407032007+pt
http://www.biologico.sp.gov.br/artigos_ok.php?id_artigo=64
Foto: https://web.archive.org/web/20100528051852/http://www.cbu.edu/~seisen/CadSu0402.htm

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