Triquinose

Por Débora Carvalho Meldau

Graduada em Medicina Veterinária (UFMS, 2009)

Categorias: Doenças
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A triquinose é uma infecção parasitária que apresenta como agente etiológico os parasitas nematódeos do gênero Trichinella, sendo que a espécie de maior interesse para a medicina humana é o Trichinella spiralis.

Trichinella spiralis

T. spiralis é um parasita pertencente à ordem dos nematóides, que apresentam um gânglio cefálico, ou seja, um cérebro rudimentar, e um aparelho digestório completo.

Este parasita é hospedeiro natural do rato, sendo transmitido de geração para geração. Por acidente, as carcaças de ratos são ingeridas por suínos, sendo, por conseguinte, ingerida por humanos na carne ou nos subprodutos crus ou mal cozidos fabricados com a carne suína. Estes parasitas penetram na mucosa intestinal do homem, local onde maturam-se e multiplicam-se de forma sexuada, sendo que os machos morrem logo após o acasalamento. As fêmeas grávidas geram então, durante aproximadamente um mês, ovos que subseqüentemente eclodem liberando as larvas que se disseminam pelo sangue e pela linfa, alcançando as células-alvo, que são as células musculares estriadas. As microlarvas invadem as células sem destruí-las, dando origem a cápsulas em seu interior, local onde se aninham, adquirindo a forma de espiral, permanecendo, deste modo, quiescentes por anos até serem ingeridas por outro animal.

As manifestações clínicas variam de acordo com a quantidade de larvas invasoras, dos tecidos comprometidos e do estado físico geral do indivíduo acometido. Muitos indivíduos não apresentam nenhuma sintomatologia. Normalmente, os sintomas intestinais iniciam-se dentro de 1 a 2 dias após a ingestão do alimento infectado, havendo também a presença de febre baixa. Contudo, é rara a manifestação da larva durante os primeiros 7 a 15 dias pós-infecção.

Um dos primeiros e característicos sintomas é a tumefação das pálpebras, que surge por volta do 11° dia pós-infecção. Subseqüentemente aparecem hemorragias na esclera ocular e na parte posterior dos olhos, dor ocular e fotossensibilidade. Em seguida há o aparecimento de dor muscular, juntamente com uma erupção cutânea e hemorragia abaixo das unhas. A dor é intensa nos músculos ligados à respiração, mastigação e deglutição.

Os sintomas envolvem sede, sudorese profusa, febre, calafrios e debilidade. No processo, por parte do organismo, de combate às larvas fora dos músculos, pode haver a inflamação tanto dos linfonodos, como do cérebro e das meninges; pode haver também perturbações da visão e da audição. Também há a possibilidade de ocorrer processo inflamatório dos pulmões, pleura e coração.

Não existe teste diagnóstico evidenciar a presença de larvas no intestino. Contudo, quando estas encontram-se na musculatura, dentro de um período de quatro semanas após ocorrida a infecção, é possível observar por meio de uma biópsia do músculo, a presença de larvar ou quistos. É muito rara a presença dos parasitas nas fezes, sangue ou líquido cefalorraquidiano.

As análises sanguíneas são muito confiáveis, embora possam fornecer resultados falso-negativos, especialmente quando são realizados dentro das primeiras duas semanas de infecção. Normalmente, a taxa eosinofílica começa a elevar-se perto da segunda semana, atingindo seu pico entre a terceira e quarta semana, declinando, por conseguinte, gradativamente. Os testes cutâneos não são confiáveis.

A profilaxia dessa parasitose é feita por meio do cozimento adequado da carne de porco e seus derivados. As larvas também morrem quando submetidas a temperaturas inferiores a -15°C por 3 semanas, ou a -20°C durante um dia. A prevenção deve ser realizada também em pocilgas, evitando que os suínos ingiram cadáveres de roedores.

Os fármacos de eleição para o tratamento desta doença são o mebendazol e o tiabendazol, administrados por via oral. O repouso auxilia no alívio da dor muscular; todavia, é possível que seja necessária a administração de analgésicos, como a aspirina ou a codeína. Determinados corticosteróides, como a prednisolona, podem ser usados para diminuir o quadro inflamatório cardíaco e encefálico.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Triquinose
http://adam.sertaoggi.com.br/encyclopedia/ency/article/000631.htm
http://www.manualmerck.net/?id=210&cn=1754
http://www.medipedia.pt/home/home.php?module=artigoEnc&id=622
http://www.iac-azores.org/biblioteca-virtual/arruda-furtado/outros-artigos/texto5-10.pdf
Foto: http://158.83.1.40/Buckelew/Trichinella%20spiralis%20male%20and%20female.htm

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