Tristeza Parasitária Bovina

Graduada em Medicina Veterinária (UFMS, 2009)

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A Tristeza Parasitária Bovina (TPB) é uma doença infecciosa parasitária, tendo como agente etiológico dois parasitas: uma riquetsia do gênero Anaplasma (Anaplasmose) e um protozoário do gênero Babesia (Babesiose). O vetor mais comum destes parasitas é o carrapato Boophilus microplus. No entanto a transmissão pode também ser feita pela mosca hematófaga Stomoxys calcitrans, por tabanídeos e culicídios.

No Brasil, as espécies dos principais agentes etiológicos desta enfermidade são: Anaplasma marginale, Babesia bovis e Babesia bigemina. O impacto econômico desta doença está relacionado com a redução da produção de carne e leite, o custo do tratamento, gastos com medidas preventivas, quando há a introdução de animais de áreas livres em áreas endêmicas, por causar infertilidade temporária do rebanho bovino, mas principalmente devido à mortalidade dos animais.

Existem trabalhos que dizem que o Brasil é um país que se encontra em estabilidade enzoótica para esta doença, pois os bovinos se encontram naturalmente imunizados contra a Babesia. É mais comum sua presença em bezerros, pois estes ainda estão sendo expostos à infecção (primoinfecção), adquirindo imunidade a estes parasitas com o tempo. Deste modo, este infecção se mantém assintomática nos animais mais velhos, pois são constantemente reinfectados em conseqüência da manutenção da população de B. microplus no rebanho.

Para que seja evitado o surgimento de animais doentes em uma área quando há uma grande infestação de carrapato nos animais (conseqüentemente doses infectantes maiores), é recomendado que o rebanho receba de 10 a 20 larvas de carrapato/animal/dia, mantendo assim, a estabilidade enzoótica em um rebanho.

Existem fatores que tornam os animais mais susceptíveis as hemoparasitoses, como: animais Bos taurus, pois são mais sensíveis aos carrapatos, consequentemente, às hemoparositoses; bovinos jovens são mais resistentes do que os adultos, devido aos anticorpos colostrais, rápida resposta imunitária celular, maior produção de eritrócitos pela medula óssea e presença de hemoglobina fetal nos eritrócitos.

Os sinais clínicos apresentados pelos animais afetados pela TPB, começa com um quadro de intensa apatia e prostração; as mucosas oculares apresentam-se intensamente pálidas ou amareladas, indicando anemia ou icterícia, respectivamente; febre alta (acima de 40°C); pêlos arrepiados e ásperos; urina com cor de chocolate (hemoglobinúria). Nos casos de babesia causada pela B. bovis, os animais irão apresentar sinais neurológicos, especialmente relacionados à locomoção, como andar cambaleante, incoordenação, principalmente dos membros posteriores; tremores musculares; agressividade e quedas com movimentos de pedalagem, evoluindo para óbito dentro de 3 dias.

O diagnóstico pode se feito baseado no histórico dos animais (como infestação de carrapatos), através do exame clínico, em achados de necropsia (macro e microscópicos), e para um diagnóstico conclusivo, podem ser realizado exame de sangue, utilizando a técnica de esfregaço sanguíneo e observando este material em microscopia em busca do parasita.

O tratamento da TPB é feito com medicamentos que possuem ação direta sobre a Babesia spp., à base de diaminazina, e o Anaplasma spp. À base de oxitetraciclinas. Quando a infecção for mista, ou seja, Babesia spp. juntamente com Anaplasma spp., recomenda-se a administração do Imidocarb. É necessário o uso de suplementos, como tônicos fortificantes, minerais, vitaminas, aminoácidos e antitóxicos, auxiliando na recuperação do animal.

Medidas de controle e prevenção devem ser tomadas, como: dar atenção especial aos animais que estão sob risco de adquirir a doença, como os bezerros; atenção especial também aos animais provenientes de áreas livres desta doença, quando entram em áreas endêmicas. A principal medida que deve ser tomada no controle desta enfermidade é a adoção de medidas integradas, visando à redução da infecção nos animais e a infestação das pastagens e dos animais, através do controle de carrapatos nestes e também na propriedade. No entanto, devem ser mantidas durante o ano todo, baixas infestações destes artrópodes no rebanho para que haja a imunidade de presença. Esta medida é conhecida como controle estratégico.

Fontes:
http://www.scielo.br/pdf/cr/v30n1/a30v30n1.pdf
https://web.archive.org/web/20120121021548/http://www.vallee.com.br:80/doencas.php/7/62
http://www.intervet.com.br/Doencas/TPB/010_Introdu__o.aspx

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