Autoecologia

Por Monik da Silveira Suçuarana

Mestre em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais (UFAC, 2015)
Graduada em Ciências Biológicas (UFAC, 2011)

Categorias: Ecologia
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A Ecologia é a parte da Biologia que estuda a relação dos seres vivos entre si e com o meio. Ela pode ser dividida em duas formas de abordagem: a sinecologia e a autoecologia. A sinecologia estuda as relações entre indivíduos pertencentes a diversas espécies e o meio em que elas vivem. Já a autoecologia estuda as relações de uma única espécie ou de um individuo com o seu meio, desprezando as interações desta espécie com outras espécies. Ela define os limites de tolerância e as preferências de uma espécie e investiga a influência do meio sobre sua morfologia, fisiologia e comportamento.

A autoecologia é o estudo clássico dentro da Ecologia, pois nas pesquisas iniciais os ecólogos realizavam o estudo das espécies de maneira individual, por exemplo: a ecologia do peixe-boi da Amazônia, a ecologia de uma determinada espécie vegetal, etc. Posteriormente, os ecólogos passaram a perceber a importância de analisar as relações entre as diversas espécies. A autoecologia é mais facilmente quantificável e útil nas pesquisas de campo e laboratório, pois está focada na relação de uma determinada espécie com apenas uma ou mais variáveis, como o clima, a vegetação, o relevo, entre outras. Nos estudos autoecológicos pode ser feita a observação direta do animal ou planta no meio natural, ou a experimentação, que é o estudo do comportamento do indivíduo quando se faz o controle dos fatores.

Em um estudo autoecológico sobre uma determinada espécie vegetal, por exemplo, pode-se avaliar a distribuição dos indivíduos por classes de tamanho e estágios de vida, a distribuição espacial e a abundância da espécie na área estudada, o ritmo de crescimento da espécie e o comportamento de queda e emissão de folhas, relacionando esses fatores com as variáveis ambientais, como a umidade do solo, declividade, insolação, temperatura, precipitação, etc. Para uma espécie animal, estudos autoecológicos podem investigar o hábito alimentar desta espécie, o ciclo reprodutivo, a distribuição geográfica, o uso do habitat, etc., e verificar como estes fatores são influenciados por algumas das diversas variáveis ambientais.

Esse tipo de estudo parte de uma visão mecanicista, ou seja, considera que o estudo das partes é a melhor forma para compreender o todo. Mas, por não considerar o ecossistema como um todo, atualmente a autoecologia é considerada uma área limitada. Esta limitação passou a ser percebida com o surgimento da visão holística, a qual prioriza o entendimento dos fenômenos de maneira integrada, buscando compreender um determinado ecossistema através da interação entre os seus vários componentes, pois considera que as partes são coordenadas pelo todo e quando estão juntas possuem um comportamento diferente de quando estão separadas.

Apesar de ter suas limitações, a autoecologia é um ramo científico ainda bastante utilizado. Ela contribuiu com pelos menos dois conceitos importantes: a constância da interação entre um organismo e o seu ambiente e a adaptabilidade genética das populações aos fatores ambientais do local em que vivem. Estudos autoecológicos fornecem dados importantes para que sejam estabelecidas estratégias de manejo e conservação das populações naturais de uma determinada espécie.

Referências:

Cassini, S. T. Ecologia: conceitos fundamentais. (Texto preliminar para o Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental - PPGEA UFES). Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Centro Tecnológico (CT). Vitória (ES), 2005.

Odum, E. P. & Barrett, G. W. Fundamentos de Ecologia. 5º Edição. São Paulo: Thomson Learning, 2007.

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