Reciclagem de plásticos

Graduação em Química (Faculdades Anhanguera, 2016)

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Alguns materiais poliméricos possuem uma característica térmica que permite que os mesmos sejam reciclados através do emprego de temperatura, onde estes materiais passam do estado sólido para o estado líquido pastoso (fundido), e podem ser reprocessados através dos diversos tipos de processos de transformação existentes. Os materiais poliméricos que possuem essa característica de reprocessabilidade são os termoplásticos.

Parece um processo simples, mas requer muita atenção, pois os resíduos que são reciclados passam por algumas etapas antes de poderem passar pela etapa de reprocessamento, além disso é necessário separar os materiais termoplásticos de acordo com o polímero do qual o resíduo é feito, para que no momento de reprocessá-los não haja degradação devido à incompatibilidade de materiais.

Planta de reprocessamento de plásticos PET. Foto: Albert Karimov / Shutterstock.com

Rotulagem e símbolos de reciclagem

Todas as categorias de materiais recicláveis possuem símbolos que facilitam a sua identificação no momento da separação e seleção destes materiais antes de serem reprocessados. Essas simbologias se baseiam na norma ISO 14062.

Simbologia de materiais recicláveis

Para os materiais plásticos em específico, existe ainda uma outra classificação por meio de símbolos, que definem uma classificação dos materiais plásticos de acordo com o polímero, como podemos verificar na imagem a seguir:

Simbologia dos materiais plásticos recicláveis.

Devido a crescente quantidade de materiais plásticos utilizados atualmente, é recomendável identificar com o símbolo do polímero termoplástico que é classificado com a simbologia 7 (outros).

Para saber como é feito o processo de reciclagem dos materiais plásticos, vamos dividi-los em etapas:

  1. SELEÇÃO E SEPARAÇÃO DOS MATERIAIS: O primeiro passo a ser seguido é realizar a separação dos materiais provenientes de diversas fontes (resíduos industriais, resíduos de coleta seletiva, resíduos de cooperativas de catadores, etc.) de acordo com a simbologia dos materiais plásticos e do tipo de material do qual esse resíduo é feito. Normalmente os resíduos provenientes de indústrias já vem previamente separados de acordo com o material e devidamente identificados, facilitando a identificação, contudo, os resíduos provenientes principalmente de coleta seletiva necessitam de uma triagem para que possam ser separados. As cooperativas de catadores normalmente possuem seu próprio processo de triagem, que é feito separando os materiais por tipo e posteriormente por cor, pois valoriza o mesmo no momento da venda.
  2. MOAGEM E FRAGMENTAÇÃO: Os materiais previamente separados são então submetidos ao processo de moagem mecânica, que é feito comumente em moinhos de facas, fragmentando os resíduos em partículas de menor dimensão, que são chamadas de flakes.
  3. LAVAGEM E SEPARAÇÃO: Os flakes passam por um processo de lavagem que é feito utilizando água. Neste momento, a separação dos materiais é feita através da diferença de densidade, onde os materiais menos densos se mantêm na superfície dos tanques de água e os mais densos tendem a permanecer no fundo.
  4. SECAGEM: Após serem lavados e separados por densidade, os flakes são então submetidos ao processo de secagem, que é feito com auxílios de secadores que utilizam a circulação de ar quente para efetuar a secagem de forma homogênea. Quando os materiais possuem a densidade muito baixa, podem passar por processo de aglutinação, que promove aumento de densidade dos flakes, possibilitando que os mesmos sejam então submetidos a próxima etapa.
  5. REPROCESSAMENTO OU EXTRUSÃO: Os flakes são inseridos no funil de alimentação de uma máquina chamada extrusora, onde passam por um cilindro de metal que possui resistências em seu exterior, que promovem o aquecimento deste cilindro, previamente programado de acordo com o tipo de material que vai ser processado. No interior deste cilindro há uma rosca transportadora, que faz movimentos rotacionais transportando o material ao longo do cilindro e promovendo além do transporte, a homogeneização e consequentemente a plastificação do material (através da geração de calor causada pelo atrito entre o material e as partes metálicas da máquina). Em seguida esse material é forçado a passar por orifícios que dão forma ao material, ou seja, ele é extrudado através de uma matriz, formando os filamentos, que são resfriados em uma banheira contendo água circulante (para manter a temperatura sempre estável e facilitar o resfriamento do filamento), em seguida passam por um secador para retirada da umidade e são então granulados e embalados.

Existem outros tipos de processos de reciclagem para materiais que são de difícil separação:

  • RECICLAGEM QUÍMICA: Consiste em despolimerizar o material plástico, através de reações e processos químicos, formando como produto outras substâncias químicas diferentes do polímero de origem.
  • INCINERAÇÃO: Este processo de reciclagem consiste em queimar os materiais plásticos em fornos apropriados, e convertendo a energia térmica gerada em outras formas de energia, como energia elétrica ou vapor por exemplo. Este tipo de processo é utilizado quando os materiais não podem ser separados e seu reprocessamento é inviável devido à grande chance de contaminação e degradação, e é uma alternativa como fonte de energia para industrias.

CURIOSIDADE: Isopor® é reciclável? – Esta é uma indagação que muitas pessoas fazem, mas que devido à baixa divulgação, não são devidamente informadas. Por possuir valor econômico reduzido e não ser um material denso, as cooperativas de reciclagem não costumam valorizar a reciclagem do isopor ou poliestireno expandido. Mas respondendo ao questionamento inicial, SIM! Este material é 100% reciclável, e existem empresas e cooperativas especializadas em reciclagem de poliestireno expandido. Então, ajude na coleta seletiva de sua cidade e descarte resíduos de Isopor junto com os demais materiais recicláveis que você conhece, o meio ambiente agradece!

Referências:

Canevarolo Jr., Sebastião V. – Ciência dos Polímeros: um texto básico para Tecnólogos e Engenheiros. São Paulo, Editora Artiliber, 2002.

Franchetti S.M.; Marconato J.C., Polímeros Biodegradáveis – Uma solução parcial para diminuir a quantidade dos Resíduos Plásticos, Quim. Nova, 2006

http://www.plasticotransforma.com.br/etapas-do-processo-de-reciclagem-do-plastico

http://www.setorreciclagem.com.br/reciclagem-de-plastico/processo-de-reciclagem-de-plastico/

http://www.recicloteca.org.br/plastico/cadeia-da-reciclagem-de-plasticos/

http://embalagemsustentavel.com.br/2010/09/02/dica-rotulagem-reciclagem/

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