Simbióticos

Por Juliana Pires

Graduação em Farmácia e Bioquímica (Uninove, 2010)

Categorias: Farmacologia
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Os simbióticos são produtos originados da combinação entre prebióticos e probióticos, que em doses adequadas atuam sobre a microbiota intestinal, podendo trazer diversos benefícios à saúde.

Composição

Os probióticos são micro-organismos vivos, que podem ser compostos por bactérias conhecidas e em quantidades especificadas ou, por culturas de bactérias não definidas. No entanto, alguns gêneros de bactérias estão presentes em todas as culturas, tais como os Lactobacillus e Bifidobacterium, além dos Enterococcus, Bacteroides e Eubacterium.

Nos intestinos, podemos encontrar milhares de micro-organismos vivos que formam a microbiota intestinal, sendo responsáveis pela absorção de nutrientes ingeridos durante a alimentação. Esses micro-organismos vivem em harmonia com nosso organismo, exercendo várias funções na manutenção e regulação fisiológica.

Os lactobacilos são importantes para o sistema digestivo e imunológico. Essas bactérias gram-positivas agem permanentemente no intestino delgado, principalmente as espécies Lactobacillus casei, Lactobacillus rhamnosus e Lactobacillus acidophilus. As bifidobactérias estão predominantemente presentes no intestino grosso, agindo no controle da diarreia.

O termo prebiótico é usado para definir os componentes nutricionais não digeríveis, que atuam estimulando o crescimento e/ou metabolismo de bactérias da microbiota intestinal. São carboidratos, como a inulina e frutoligossacarídeos. Desta forma, servem de alimento para os micro-organismos probióticos. Como características fundamentais, devem atuar como substrato para essas bactérias, sendo capaz de modificar a microbiota à benefício do hospedeiro. Também, não deve sofrer metabolização ou absorção, até chegar ao intestino.

Os simbióticos são, portanto, os produtos alimentares que possuem os probióticos e os prebióticos em sua composição. Como os prebióticos atuam em sinergismo com os probióticos, ao estimular a sua proliferação e ação, a presença desses compostos alimentares possibilita não somente a sobrevivência das bactérias probióticas contidas neste alimento, como a sua vitalidade ao atingir o meio gástrico. Podem possuir um ou mais probiótico, assim como um ou mais prebiótico.

Os principais exemplos de simbióticos são os iogurtes, bebidas lácteas fermentadas, sucos de frutas, alguns fármacos e suplementos alimentares.

Ação e efeitos no organismo

Quando utilizados em doses adequadas, são capazes de promover maior resistência às bactérias probióticas, que atuam contra os micro-organismos patogênicos. Os probióticos inibem o crescimento de bactérias patogênicas, ao competir por nutrientes e sítios de ligação, além de reduzir o pH intestinal. A produção de ácidos orgânicos, como o lactato, proprionato, butirato e acetato, levam à acidez intestinal. Também produzem bacteriocinas, proteínas com propriedades antibióticas, que intensificam a proteção ao organismo.

Desta forma, a microbiota intestinal fornece um importante meio de barreira de defesa, auxiliando no sistema imune local e sistêmico. Indivíduos desnutridos apresentam deficiência nesta barreira.

O consumo do simbiótico permite reforçar a resposta imune intestinal, onde se observa o aumento de linfócitos circulantes e de citocinas. As bifidobactérias promovem o aumento da biodisponibilidade e digestão de certos alimentos. Os lactobacilos liberam enzimas que também auxiliam na digestão, resultando na maior absorção de nutrientes, como o cálcio, magnésio e ferro.

O mecanismo dos simbióticos no controle de quadros de diarreia, pode ser devido à ação dos probióticos na competição por locais de ligação na mucosa intestinal, com os micro-organismos patogênicos, impedindo-os de se ligar. Já os prebióticos exercem a ação seletiva, favorecendo apenas o crescimento das bifidobactérias. Com isto, há o equilíbrio da microbiota intestinal, trazendo diversos benefícios ao organismo.

Dentre esses, estão a diminuição do colesterol sérico, controle glicêmico, auxílio no sistema imunológico, tratamento de diarreias e constipação, alívio dos sintomas da intolerância à lactose, além de efeitos anticarcinogênicos.

Dose

Segundo regulamento da ANVISA, a recomendação diária de um simbiótico deve conter porção probiótica mínima viável em torno de 108 a 109 UFC e, no mínimo 4g ao dia da porção prebiótica. O consumo de doses maiores a 14g ao dia pode causar desconforto intestinal.

Bibliografia:

CAVALCANTI, L. Produtos simbióticos e seus benefícios. Instituto de Microbiologia Paulo de Góes UFRJ. Disponível em < http://www.microbiologia.ufrj.br/portal/index.php/pt/graduacao/informe-da-graduacao/440-produtos-simbioticos-e-seus-beneficios>.

FLESCH, A.G.T; POZIOMYCK, A.K; DAMIN, D.C. O uso terapêutico dos simbióticos. ABCD Arq Bras Cir Dig. 2014;27(3):206-209. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/abcd/v27n3/pt_0102-6720-abcd-27-03-00206.pdf>.

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