Energia das marés

Por Monik da Silveira Suçuarana

Mestre em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais (UFAC, 2015)
Graduada em Ciências Biológicas (UFAC, 2011)

Categorias: Energia
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A energia das marés, ou energia maremotriz, é uma forma de geração de energia proveniente da movimentação das marés. Basicamente, as marés são geradas pela força gravitacional exercida pela Lua e pelo Sol. A energia proveniente das marés pode ser aproveitada para a geração de eletricidade de duas maneiras: pela transformação da energia cinética das correntes marítimas e pela transformação da energia potencial pela diferença de altura entre as marés alta e baixa.

O método mais comum de aproveitamento da energia potencial das marés é através do uso de turbinas instaladas em barragens, construídas em estuários. O processo é similar ao utilizado em usinas hidrelétricas. O reservatório, a barragem, as comportas e os equipamentos eletromecânicos são os principais componentes de uma usina maremotriz. O aproveitamento da energia pode ser feito durante a maré enchente e durante a maré vazante. Durante a maré alta, a água entra no reservatório, passando pela turbina hidráulica e gerando energia elétrica. Durante a maré baixa, a água sai do reservatório, passando novamente pela turbina e gerando energia. Denomina-se geração de efeito simples quando o sistema opera apenas durante a maré enchente ou maré vazante, quando as duas formas são utilizadas denomina-se geração de efeito duplo.

A geração eletricidade a partir das correntes de maré é semelhante ao processo utilizado na geração eólica. São utilizadas turbinas submersas ligadas à um gerador. As correntes marítimas movimentam essas turbinas, produzindo energia elétrica. Como a densidade da água é maior do que a do ar, podem ser utilizadas turbinas menores para produzir a mesma energia. Esse tipo de geração de energia ainda é pouco utilizado, mas tem sido foco de muitas pesquisas.

Além de ser renovável, a energia maremotriz é limpa, pois não há liberação de gases poluentes durante sua produção e utilização. Outra vantagem é que as marés, assim como as correntes marítimas, são extremamente previsíveis, o que permite saber quando e o quanto será possível produzir de energia elétrica, diferente de outras fontes alternativas, como a solar e a eólica. Além disso, os custos de operação e manutenção de usinas maremotrizes são baixos.

As desvantagens deste tipo de geração de energia são: alteração das características naturais do local, com possíveis impactos negativos sobre a fauna e flora; o custo inicial para a implantação de uma usina é bastante elevado; esta energia só pode ser produzida em locais específicos, com condições geográficas favoráveis para o represamento da água e com ocorrência de marés de grandes amplitudes; a geração de energia é intermitente, pois ocorre de acordo com o ciclo natural das marés.

As usinas maremotrizes já estão presentes em diversos países do mundo. O primeiro projeto que se tem conhecimento é a usina de La Rance, na França, em operação de 1967. Essa usina aproveita o potencial do estuário do rio Rance. Outros exemplos de usinas são: Annapolis Royal (Canadá), Kislaya Guba (Rússia), Jiangxia (China) e Sihwa Lake (Coreia do Sul).

No Brasil, as maiores amplitudes de marés estão no litoral norte (Amapá, Pará e Maranhão), nesses locais existem estuários com potencial para a geração de energia por meio das barragens. Destaca-se o estuário de Bacanga, em São Luís (MA). Na década de 70 uma barragem foi construída nesse local e nessa época foi discutida a possibilidade de aproveitá-la para a geração de eletricidade, mas a obra nunca foi realizada. É necessário o investimento em pesquisas a fim de verificar o atual potencial de aproveitamento da energia maremotriz no país.

Referências:

Neto, P. B. L. et al. Exploração de energia maremotriz para geração de eletricidade: aspectos básicos e principais tendências. Revista chilena de ingeniería, 19(2), p. 219-232, 2011.

Santos, F. B. S. et al. Viabilidade da maremotriz em algumas das regiões litorâneas do Nordeste do Brasil. Revista Eletrônica de Energia , v. 5, p. 71-78, 2015.

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