Atentado da Rua Tonelero

Graduada em História (UVA-RJ, 2014)

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A História quanto ciência não pretende, nem deve buscar a verdade fiel dos fatos acontecidos, mas almeja reconhecer as mais diversas formas de se contar um mesmo fato ocorrido.

Na História do Brasil em diversos momentos os fatos históricos encontram imbricações múltiplas que geram diversas vertentes sobre o mesmo fato.

O caso do Atentado da Rua Tonelero é sem dúvidas um dos casos onde historiadores se debruçaram e se debruçam até os dias atuais buscando compreender o acontecido, visto que outros fatos importantes para a política brasileira acontecerem, possivelmente, em decorrência dele.

O jornalista Carlos Lacerda, antigo comunista que chegou a ser filiado à Aliança Nacional Libertadora, partido de oposição aos ideais nacionalistas do governo de Getúlio Vargas, era um dos maiores oposicionistas às políticas empregadas pelo presidente.

Em 05 de agosto de 1954, durante o governo democrático de Vargas, quando esse foi eleito de fato pelo pleito de 1951, o atentado ao jornalista Carlos Lacerda acontece na rua onde mora em Copacabana. A tiros o segurança de Lacerda, o militar da Aeronáutica, Major Rubens Vaz é morto, enquanto o jornalista é atingido no pé.

Lacerda, que já usava sua influência como jornalista de forma categórica em oposição ao governo de Vargas, usa dos meios de comunicação para acusar o Presidente pelo atentado que tirou a vida de seu segurança e o feriu.

As investigações do caso apontaram como suspeito a figura de Gregório Fortunato, homem de confiança de Getúlio Vargas, conhecido como “Anjo Negro”. Esse fato corrobora ainda mais com as denuncias feitas por Lacerda de que o presidente Vargas estaria envolvido com o atentado. Havia, porém algumas pontas soltas na investigação, como, por exemplo o fato do prontuário da Lacerda ter sumido do hospital. A investigação da polícia, no entanto colocava dois homens da segurança de Vargas na cena do crime: Fortunato, o chefe de segurança e Alcino, seu subordinado.

Em decorrência dessa ação e das fortes denuncias feitas por Lacerda aos jornais, a pressão contra o governo de Vargas cresce e seus opositores usam desse fato para deslegitimar seu governo, sobretudo as lideranças da UDN (União Democrática Nacional).

Outra oposição que se torna forte contra o governo de Vargas é a das Forças Armadas. A principal liderança dessa oposição é o Brigadeiro Eduardo Gomes que reivindicava a renúncia de Vargas ao governo devido às acusações de assassinato de um militar.

Em decorrência do agravamento da perseguição ao governo de Getúlio Vargas, principalmente por uma elite insatisfeita com os avanços realizados por seu governo aos grupos mais populares da sociedade brasileira, sabemos que Getúlio Vargas não renuncia ao posto, mas se retira da vida “para entrar para a História”. Getúlio se suicida em 24 de agosto de 1954.

Lacerda como grande pivô da pressão política sofrida por Vargas seria lembrado por muitos anos como o “assassino” de Vargas, e passa a sofrer a pressão da população que sente a morte de Vargas como resultado de toda aquela querela política e militar agravada pelo atentado da Rua Tonelero.

Referências bibliográficas:

Skidmore, Thomas E. Brasil : De Getúlio Vargas a Castelo Branco. São Paulo: CIA das Letras, 2010.

Arquivado em: Era Vargas
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