Primeiros povos da Europa

Por Saulo Castilho

Mestre em História Comparada (UFRJ, 2020)
Bacharel em História (UFRJ, 2018)

Categorias: Pré-História
Ouça este artigo:
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!

O estudo das primeiras sociedades europeias é denominado pela historiografia como Antiguidade Clássica. Historiadores ocidentais, em especial a partir do século XVI, utilizaram-se desta denominação eurocêntrica a fim de exaltar os valores greco-romanos na construção das sociedades modernas. Além disso, havia o interesse em construir a identidade europeia a partir do contraste em relação à “barbárie” da Ásia.

O continente europeu é limitado pelos mares Mediterrâneo, Atlântico e Mar do Norte. O Mediterrâneo exerceu grande influência na estruturação das sociedades antigas, posto que era uma via marítima entre os três grandes continentes Europa, Ásia e África. A ilha de Creta, contida na Grécia, foi o mais importante centro comercial do Mediterrâneo.

A história grega pode ser dividida em alguns períodos: no contexto do período Homérico, entre os séculos XII e VIII a.C, houve a organização de comunidades rurais na região da Grécia. No período Arcaico, entre os séculos VIII e VI a.C, foram formadas as cidades-estado (póleis) gregas. O período Clássico, compreendido entre os séculos V e IV a.C foi cenário do apogeu da cultura grega, até o advento do Helenismo, entre os séculos IV e II a.C, que viu a decadência das póleis e o predomínio de Roma sobre a Grécia.

No período homérico, a sociedade grega organizava-se de maneira descentralizada, realizando atividades coletivas em propriedades comunais. Este modelo de organização, porém, não garantiu a sobrevivência da sociedade, visto que após o aumento populacional, houve fome entre a população.O processo de centralização social deu origem às conhecidas póleis gregas.

A pólis grega marcou a história política Grega, no sentido de que não consistia apenas em um espaço físico, mas em uma organização social, econômica, civil, política, moral e religiosa não existente na sociedade grega até então. O desenvolvimento de centros urbanos como as Póleis gregas propiciaram o aumento da produção agrícola. Além disso, a pólis constituía um centro de formação moral e religiosa, posto que sua organização baseava-se na acrópole, na ágora e no asty, regiões respectivamente de templos, praças e mercados. A base econômica da pólis estava na escravidão: escravos trabalhavam na produção agrícola campestre, enquanto senhores viviam nas cidades. Esta estrutura social demandava a existência e garantia de terras férteis e mão de obra.

Para além das guerras e invasões sofridas pela Grécia, houve o saldo positivo dos contatos entre a cultura grega e as culturas orientais: estas trocas culturais geraram uma fusão que originou a cultura Helenística. A escultura da deusa grega Afrodite e o Farol de Alexandria são exemplos de esculturas artísticas helenísticas. O epicurismo, corrente filosófica baseada nas ideias Epicuro, surgiu neste contexto. Além das contribuições de Euclides e Arquimedes à ciência matemática.

A religião grega era politeísta, isto é, os gregos cultuavam vários deuses, aos quais atribuíam forma e características comportamentais humana. Além disso, os gregos explicavam o mundo por meio de poemas e metáforas, direcionando à natureza olhares realistas e reflexivos. Grandes filósofos que influenciaram o pensamento racionalista ocidental viveram na Grécia entre os séculos V e IV a.C., como Sócrates, Platão e Aristóteles.

A variedade de características físicas, culturas, línguas e organizações sociais dos povos europeus evidencia que estes grupos passaram por intensos processos de miscigenação. Estudos arqueológicos recentes em fósseis dos primeiros habitantes da Europa revelam a mescla entre dados genéticos de imigrantes vindos da África e do Oriente Médio. Tal informação rompe com noções de pureza racial européia que atravessaram séculos da história humana, e endossaram regimes fascistas.

Leia também:

Referências:

FIDELIS, Thiago. Paideia e a Cultura Grega: breves reflexões. Revista Científica. UNILAGO, v1. n.1, São Paulo, 2018.

GUARINELLO, Norberto Luiz. História Antiga. 1.ed., 2. reimpressão. Contexto. São Paulo, 2016.

MORAES, José Geraldo Vinci de. História Geral e Brasil: ensino médio: volume único. 3.ed. Atual. São Paulo, 2009.

Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!