Segunda Década Perdida (2010-2020)

Licenciatura em História (IFG, 2022)

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A Segunda Década perdida do Brasil, também chamada de “nova década perdida”, é o nome dado ao período que vai de 2010 até 2020, em que o Brasil registou baixos níveis de crescimento econômico, chegando a superar os que foram registrados durante a crise econômica dos anos 1980.

A crise

Para muitos especialistas, O Brasil da década de 2010, mais especificamente entre os anos de 2011 e 2020, registrou baixos índices de crescimento econômico, ficando seus níveis de crescimento acumulado do PIB, restringidos a meros 2,67%. Esse desempenho menor destoou muito do satisfatório crescimento de 3,68% da década anterior (entre 2003 e 2010), segundo dados do IBGE e de estudos da Universidade Estadual de Maringá.

A queda de crescimento registrado entre 2011 e 2020, foi influenciada principalmente por conta de eventos marcantes não apenas na história nacional, mas também mundial, como o impeachment da presidente Dilma Rousseff, e o fenômeno da pandemia do coronavírus (Covid – 19).

O crescimento do PIB per capita também foi insatisfatório, sendo inclusive menor que o registrado durante a “primeira década perdida”.

Origem do termo "década perdida"

O nome “segunda década perdida” é uma referência a um período do passado brasileiro, em que ocorreu a terrível crise econômica dos anos 80, que entrou para a história como a “primeira década perdida” ou simplesmente “década perdida”, ocorrida entre os anos da década de 80.

Durante essa primeira crise que assolou a década inteira, não apenas o Brasil, mas a América Latina como um todo sofreu com uma grave crise econômica, causada pela soma de fatores como: a elevação do preço dos barris de petróleo, que encarecia todos os preços dentro dos países, levando uma inflação alarmante que apenas crescia. A interrupção do fluxo de financiamento vindo dos países centrais, somado à elevação da taxa de juros desses credores, que causou uma crise de endividamento nos países latinos, como o Brasil, piorando a situação interna de cada um deles. O que levou a quedas no crescimento do PIB e regresso das economias.

Na época, vários planos econômicos foram concebidos para dar conta da situação, no entanto ela só foi superada de fato, após a criação do Plano Real em 1994, no âmbito do final do governo Itamar Franco, e início do governo Fernando Henrique Cardoso.

Comparando passado e presente

A segunda década perdida é fruto de uma queda mais acentuada do crescimento do país, do que a primeira. Pois, se a taxa acumulada de crescimento do PIB, na crise da década de 2010 foi de 2,67 % ao ano, essa mesma taxa de crescimento durante a crise da década de 1980 foi 16, 91%.

A mesma conclusão aparece se observamos o PIB per capita negativo das duas crises, porque, o da década de 2010 estacionou em - 5,50%, ao passo que o registrado na década de 80 estava em torno de - 4,21%. Em relação a isso, os professores de economia Ana Cristina Couto e Joaquim Miguel couto concluem que “Desta forma, a “década perdida” de 2010 foi mais perdida que a de 1980.”

Em relação á crise da década de 2010, observa-se um processo de desaceleração do crescimento, que vinha ocorrendo entre 2007 e 2010 durante o final do segundo mandato do presidente Luíz Inácio Lula da Silva. Ou seja, o governo de Dilma registrou queda do crescimento. Entre 2007 e 2010, o crescimento ao ano esteve em 4, 60%, contudo, este caiu para 2, 34 entre 2011 e 2014. Essa queda pode ser explicada pela elevação das importações do país nesse período, favorecidas pelo fortalecimento da nossa moeda, o que além de ter seu custo, afetou a produção industrial nacional.

A crise se avolumou com o impeachment de Dilma, chegando até 2020, quando foi piorada pela pandemia de Covid-19, quando as políticas (necessárias) de isolamento social, que visaram diminuir o grau de contágio do vírus na população, diminuindo assim a lotação dos hospitais, fez diminuir as atividades econômicas do país.

Fontes:

COUTO, J. M.; COUTO, A. C. L. A NOVA “DÉCADA PERDIDA” DO BRASIL (2011 – 2020). A Economia em Revista – AERE, v. 29, n. 3, 6 maio 2022.

PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. A GRANDE CRISE. In: Economia brasileira: uma introdução crítica. São Paulo: Editora 34, 1998. p. 162 – 169.

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