Sete povos das missões

Licenciatura Plena em História (Faculdade JK-DF, 2012)
Pós-graduação em História Cultural (Centro Universitário Claretiano, 2014)

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Sete Povos das Missões foram povoados indígenas comandados por Jesuítas espanhóis que se instalaram no Sul do Brasil na fronteira com a Argentina, Uruguai e Paraguai com a intenção de impedir que os portugueses expandissem o território mais a Sul da América.

Os Jesuítas fizeram a sua primeira grande instalação em 1682 em São Francisco de Borja e assim como indica a cultura urbanística espanhola, a igreja ficava ao centro da aldeia e do lado Leste havia o cemitério bem como o hospital. No Oeste havia a casa dos Jesuítas e o colégio, ao fundo a horta dos padres e à frente uma praça. As casas dos índios cercavam todas essas construções e eram todas iguais e enfileiradas tanto na horizontal como na vertical.

Tudo o que havia nessas reduções (aldeias Jesuítas) era coletivo. As ferramentas das lavouras, o plantio e a colheita. Os índios trabalhavam três vezes por semana em conjunto e os outros dias eram para si e para suas famílias. Através da agricultura tinham milho, mandioca, cana-de-açúcar, frutas e a famosa erva mate, que de tanto ser bebida por eles, foi estipulado um horário pelos padres para ser consumida.

Os gados eram criados um pouco mais distantes das aldeias e somente os animais domesticados ou de pequeno porte como galinhas e outras aves ficavam no vilarejo. O ferro era extraído do solo, fundido e depois utilizado para a fabricação de ferramentas para a agricultura e utensílios domésticos. Toda a madeira era artisticamente transformada em escultura ou lenha para se aquecerem.

Além de catequizarem os indígenas, os Jesuítas ensinavam artes, marcenaria, tecelagem e mecânica. Toda criança ia à escola para aprender a cultivar, plantar e colher. Os homens vestiam calças e uma blusa branca e os filhos dos caciques eram alfabetizados. As meninas aprendiam tricô, bordado e a costurar. Não calçavam sapatos e vestiam-se com vestidos. Quando chegavam à puberdade, seus pais escolhiam com quem iam se casar.

Em meio essa civilização foram fundadas sete reduções; São Francisco de Borja em 1682, que tinha 2.814 pessoas e deu origem à atual cidade de São Borja. São Luiz Gonzaga, que começou com 2.922 pessoas em 1687, mas foi reduzida a 1.997 e também deu origem à cidade de São Luiz Gonzaga. São Nicolau que surgiu em 1626 e pertenceu ao território da Argentina, mas em 1687 unificou-se ao Rio Grande do Sul e chegou a ter 7.751 pessoas.

São Miguel Arcanjo que em 1681, devido aos ataques dos Bandeirantes levou a que 4.195 pessoas se refugiassem no Paraguai, pelo que em 1707 passou a ter 3.110 habitantes. As ruínas dessas civilizações estão presentes nos atuais territórios da Argentina, Brasil, Bolívia e Paraguai.

Ruínas de São Miguel Arcanjo, Rio Grande do Sul. Foto: ThiagoSantos / Shutterstock.com

 

Ruínas de São Miguel Arcanjo, Rio Grande do Sul. Foto: ThiagoSantos / Shutterstock.com

São Lourenço Mártir surgiu em 1690 e em 1731 contava com 6.400 habitantes. São João Batista que dirigida pelo Padre Antônio Sepp em 1708 tinha 3.400 habitantes. Por fim, Santo Ângelo em 1707 tinha 2.879 indígenas comandados pelo Padre Diogo Hasse.

Por volta do século XVIII esses territórios foram disputados por Portugal e Espanha. No ano de 1750 o Tratado de Madri favoreceu Portugal na medida em que essas terras foram concedidas ao país, mas em troca deveriam desocupar a Colônia do Sacramento. Esse acordo gerou muitos conflitos e nem os índios nem os Padres queriam sair de Sacramento. Esse fato ocasionou muitas mortes e destruições de diversos locais.

Em procedência do descumprimento das ordens do Tratado de Madri, os Jesuítas ficaram com má reputação e foram expulsos das terras de ambos os colonos. Portugal e Espanha se apropriaram desses terrenos fazendo com que os índios se dispersassem. Em 1801, ocorreu uma nova guerra, dessa vez com a participação indígena e os lusitanos se apropriaram do atual território do Rio Grande do Sul e instalaram uma base militar para assegurarem-se.

As ruínas deixadas pelos Sete Povos das Missões são atualmente sítios arqueológicos reconhecidos pela UNESCO e o acervo do estatuário é Patrimônio tombado pelo IPHAN. Esses povos deram origem a importantes cidades do Rio Grande do Sul e auxiliaram ativamente nas demarcações territoriais brasileiras contribuindo em diversos aspectos para a cultura regional e nacional.

Referências:

https://historia-do-rio-grande-do-sul.webnode.com/sete-povos-das-missoes/ 18.01.2019.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Sete_Povos_das_Miss%C3%B5es 18.01.2019.

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