Pau-brasil

Por Monik da Silveira Suçuarana

Mestre em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais (UFAC, 2015)
Graduada em Ciências Biológicas (UFAC, 2011)

Categorias: Reino Plantae (plantas)
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O pau-brasil é uma espécie arbórea nativa do Brasil, considerada árvore símbolo nacional. Possui grande importância econômica e cultural, com histórico de mais de 500 anos de exploração. Seu nome científico é Caesalpinia echinata, mas foi recentemente renomeada, passando a ser descrita como Paubrasilia echinata. Pertence à família Fabaceae (leguminosas). Atinge até 15 metros de altura, mas relatos na literatura afirmam que no passado essa árvore chegava aos 30 metros. É longeva, alcançando cerca de 300 anos de idade ou mais.

É perenifólia a semidecídua, considerada uma espécie do tipo clímax. Suas folhas são compostas e alternas, formando uma folhagem densa de cor verde-escuro. As flores são amarelas e perfumadas e a pétala maior apresenta uma mancha vermelha no centro. A floração geralmente é bastante breve e ocorre entre setembro e novembro, podendo se estender até janeiro. Os períodos coincidem com o final da época de seca e início do período de chuvas e as variações provavelmente estão relacionadas às diferenças ambientais específicas de cada região. As inflorescências apresentam entre 15 e 40 flores.

O fruto é uma vagem recoberta por numerosos acúleos e carrega de 1 a 3 sementes. A coloração é verde quando são imaturos e castanha quando estão maduros. Possuem deiscência explosiva (o fruto é capaz de lançar a semente para longe da planta mãe). As sementes são elípticas, lisas e chatas com contorno irregular. A madeira do pau-brasil apresenta alta densidade, é pesada, compacta e resistente ao ataque de fungos e cupins.

Apesar do pouco conhecimento sobre as propriedades medicinais do pau-brasil, alguns trabalhos realizados concluíram que essa árvore possui uma substância capaz de agir como grande aliada no tratamento do câncer. Também há estudos que mostraram a presença de proteínas nas sementes com ação antiinflamatória e anticoagulante. O pau-brasil também é reconhecido como uma excelente árvore paisagística, sendo muita utilizada em parques, praças, jardins e na arborização urbana.

Com a descoberta do Brasil, a exploração e comercialização do pau-brasil foram as primeiras atividades econômicas desenvolvidas pelos portugueses. A madeira era comercializada para a produção de móveis finos e para a extração de um corante vermelho, utilizado para tingir tecidos. O papel dos índios foi fundamental no processo de exploração do pau-brasil, eles cortavam e transportavam a madeira para os navios.

O pau-brasil continuou a ser explorado de forma predatória, contribuindo para a devastação do bioma Mata Atlântica. Por outro lado, a destruição desse bioma através do desmatamento e das queimadas reduziu ainda mais as populações naturais do pau-brasil. Em meados de 1800 a extração da madeira para o mercado de corantes foi cessada. Mas sua utilização para a fabricação de instrumentos musicais ganhou destaque. Por apresentar muita flexibilidade, o pau-brasil foi e ainda continua sendo muito utilizado na confecção de arco de violino. Considerada uma árvore abundante no período de descobrimento do Brasil, em 1920 o pau-brasil era considerado raro e quase extinto.

Atualmente o pau-brasil é uma espécie ameaçada de extinção, fazendo parte da Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção (Portaria IBAMA nº 37- N, de 3 de abril de 1992). É classificada como “Em perigo” de acordo com a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. Hoje existem importantes iniciativas de conservação da espécie in situ nos estados de sua ocorrência natural. Há também iniciativas para a conservação ex situ através do seu cultivo em parques, jardins botânicos, empresas e grupos comunitários. A conservação ex situ é feita inclusive em regiões onde naturalmente não há ocorrência do pau-brasil, como no Estado de São Paulo.

Atualmente o pau-brasil pode ser encontrado no bioma brasileiro Mata Atlântica, nos tipos vegetacionais Floresta Estacional Semidecídua, Floresta Ombrófila Densa e Restinga. Sua ocorrência é registrada de maneira esporádica nos seguintes estados: Alagoas, Espírito Santo, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Sergipe e Bahia.

Referências Bibliográficas:

Rocha, Y.T. & Barbedo, A.S.C. 2008. Pau-brasil (Caesalpinia echinata Lam., Leguminosae) na arborização urbana de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Recife (PE). Revista SBAU 3:58-77.

Carvalho, P. E. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informações Tecnológicas; Colombo, Embrapa Florestas, 2003. p.719-725.

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