Sujeito inexistente

Por Daniele Fernanda Feliz Moreira

Mestre em Ciências Humanas (CEFETRJ, 2014)
Especialista em Linguística, Letras e Artes (CEFETRJ, 2013)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFRJ, 2011)

Categorias: Português
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Na frase “Lá faz muito frio” não é possível determinar ou imaginar “alguém” praticando a ação de “fazer muito frio lá”. Podemos observar que a maioria das frases apresenta um sujeito, seja ele determinado ou indeterminado. Quando não podemos apontar ou imaginar um elemento a respeito do qual se afirma ou declara alguma coisa, temos uma oração sem sujeito ou sujeito inexistente.

Exemplificando:

Faz cinco meses que ela foi embora.

Chovia no Sul.

Houve muita confusão na fila da padaria.

São quatro horas da manhã.

Basta de reclamações!

Os verbos destacados: fazer, chover, haver, ser e bastar não cabem os pronomes “ele” ou “ela”, “eles” ou “elas” funcionando como sujeito. A esses verbos que não admitem sujeito, chamamos de verbos impessoais.

Principais verbos impessoais

São:

OS VERBOS IMPESSOAIS SEMPRE APARECEM NA FORMA DE 3ª PESSOA DO SINGULAR

Desconhecendo-se a natureza impessoal dos verbos haver e fazer, é comum aparecerem erradamente na 3ª pessoa do plural, quando seguidos de substantivo no plural. Isto acontece porque o falante toma tais plurais como sujeito, quando, na realidade, não são: verbo impessoal não tem sujeito.

Adequado Inadequado
Houve enganos lamentáveis Houveram enganos lamentáveis
Haverá prêmios Haverão prêmios
Faz quinze dias Fazem quinze dias
Fazia duas semanas Faziam duas semanas

Também ficará no singular o verbo que, junto a haver e fazer, sirva de auxiliar:

Pode haver enganos entre a gente (e não podem haver).

Deverá fazer cinco meses de namoro (e não deverão fazer).

Observação: Na oração: "Margarida faz hoje quarenta anos", o verbo fazer não é impessoal. Seu sujeito é Margarida. Logo, pode ir ao plural em: Margarida e Antônio fazem quarenta anos.

É importante destacar que, fora de seu sentido normal, muitos verbos impessoais podem ser usados pessoalmente, vale dizer, constroem-se com sujeito.

Neste caso, a concordância se faz obrigatória:

Choveram bênçãos dos céus.

“No dia seguinte amanheci de cama”

Resumindo

Bibliografia:

DE OLIVEIRA, Ubaldo Luiz. A estrutura sintática da frase. São Paulo, Selinunte editora, 1986.

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. São Paulo, Nacional 1966.

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