Theodor Adorno

Doutorado em andamento em Filosofia (UERJ, 2018)
Mestre em Filosofia (UERJ, 2017)
Graduado em Filosofia (UERJ, 2015)

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Theodor W. Adorno (1903 – 1969) foi um filósofo, sociólogo e musicólogo alemão. Foi um dos principais membros da primeira geração da chamada Escola de Frankfurt e também um dos principais pensadores da teoria crítica, modo de pensar a sociedade inaugurado no pensamento da escola de Frankfurt pelo filósofo Max Horkheimer. Em parceria com Horkheimer, Adorno deu ao Instituto para pesquisa social uma orientação mais filosófica, tendo em vista que, anteriormente, o instituto carregava um caráter de pesquisa mais social e econômico. O foco inicial de seus estudos foram a música e a teoria da arte, mas posteriormente, sob a influência do filósofo e teórico da literatura Walter Benjamin, dedicou-se ao estudo da sociedade capitalista, a partir de sua leitura da razão na filosofia iluminista e da filosofia de G.W.F. Hegel. Devido à ascensão de Hitler e do partido nazista na Alemanha, mudou-se para Nova York e, em 1938, retomou sua pesquisa junto à Escola de Frankfurt, que também havia mudado sua sede para aquela cidade. Após o fim da Segunda Guerra, voltou para a Alemanha em 1953, tornando-se diretor do Instituto para pesquisa social em 1959.

Em sua obra de 1931, intitulada A atualidade da filosofia, Adorno já demonstrava um pensamento que se tornaria marcante em seu desenvolvimento posterior. Segundo ele, quem decide dedicar-se ao trabalho filosófico deve renunciar à pretensão, ilusória, de que é possível captar a totalidade da realidade a partir do exercício do pensamento, como haviam pensado os filósofos anteriores, especialmente aqueles ligados ao Iluminismo. Tal ilusão se baseia no pressuposto de que o ser das coisas, ou seja, aquilo que as coisas são em si mesmas, correspondem ao pensamento e que, portanto, elas estão acessíveis a ele.

Para construir sua crítica a essa compreensão, Adorno, em Dialética Negativa, de 1966, apoia-se na obra Fenomenologia do Espírito, de Hegel, apropriando-se do desenvolvimento que este filósofo faz do potencial crítico (ou, também, negativo) da dialética, modo de pensar a relação entre elementos ou conceitos opostos, comum à filosofia de Hegel. Adorno rejeita outro caráter da dialética, o da reconciliação entre os opostos, baseando-se na dialética da negação (a dialética negativa) para criticar a conciliação, quer dizer, a identidade (como identificação) entre o pensamento e a realidade, explicada no parágrafo acima. Essa crítica cabe dentro da análise social da escola de Frankfurt porque não diz respeito ao pensamento humano mas, sim, à realidade social como um todo, não porque, de acordo com Adorno, o pensamento não seja capaz de conhecer o real mas, antes, porque o real não é razão. Assim, Adorno quer chamar atenção para a particularidade do que é individual e diferentes, que não cabe em grupo de massa e que, portanto, é subestimado pelos sistemas filosóficos em geral.

Contudo, apesar da grandiosa relevância desse pensamento, Adorno é mais amplamente conhecido por sua crítica à chamada Industria Cultural. Na obra que recebe esse mesmo nome, escrita em conjunto com Max Horkheimer, o filósofo estabelece uma crítica a uma indústria que tem como objetivo a manipulação das consciências através dos meios de comunicação. Assim, os filmes no cinema, os programas de televisão, as músicas, e, em tempos mais recentes, os conteúdos da internet são pensados ideologicamente já em sua criação, a fim de incitar às pessoas a um certo tipo de pensamento, bem como a um certo modo de enxergar o mundo. Dessa forma, a Indústria Cultural funciona também como alienação das massas de sua realidade de trabalho, por exemplo, mantendo-as cumprindo seu papel social, através de uma espécie de catarse, que as impede de tomar consciência de sua individualidade.

Referências:

AUDI, Robert. The Cambridge Dictionary of Philosophy. New York: Cambridge University Press, 1999.

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Trad. Alfredo Bosi e Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

ANTISIERI, Dario; REALE, Giovanni. História da filosofia: Do romantismo até os nossos dias. São Paulo: Paulus, 1991.

BUNNIN, Nicholas; YU, Jiyuan. The Blackwell Dictionary of Western Philosophy. Oxford: Blackwell Publishing, 2004.

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