Projeção de Mercator

Especialista em Geografia do Brasil (Faculdades Integradas de Jacarepaguá, RJ)
Mestre em Educação (Estácio de Sá, 2016)
Graduado em Geografia (Simonsen, 2010)

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Sabemos que a Terra possui a forma de um geoide, ou seja, uma forma quase esférica com os polos achatados. Porém, o uso de globos terrestres para a representação da Terra não é prático para a navegação e nem viável quando você pretende dar um zoom em determinadas áreas do mundo para melhor visualizar. Portanto, torna-se necessário tornar em plano aquilo que é quase esférico.

Esse foi o desafio que o matemático, cartógrafo e geografo Gerhard Mercator (sua projeção ficou pronta em 1569), pouco depois do descobrimento do Brasil, teve. Fazer uma projeção cartográfica da Terra em que o quase esférico estivesse reproduzido de forma mais fiel possível na superfície plana.

É importante frisar que já existiam mapas anteriormente, porém não com a mesma precisão matemática na projeção. A projeção de Mercator é uma projeção cilíndrica, Ou seja, imagine o globo terrestre, em seguida imagine que foi colocado um cilindro ao seu redor, tocando o mesmo nas áreas próximas da linha do Equador. Em seguida, imagine que as partes da Terra que não tocam o cilindro são empurradas de dentro para fora, de modo que toda a Terra esteja tocando no cilindro (que passa a ser sua própria forma). Em seguida, o cilindro recebe um corte no sentido Norte-Sul, ficando aberto e sendo possível que seja colocado de forma plana.

Projeção de Mercator. Ilustração: Strebe [CC-BY-SA-3.0], via Wikimedia Commons

Esse pequeno exercício de imaginação, serve para ilustrar o trabalho realizado por Mercator. Evidentemente não de forma não simplista e sem qualquer precisão matemática como fizemos neste artigo. Porém, o caminho é exatamente esse: o geoide se torna cilíndrico e o cilindro se torna plano.

Naturalmente, para passar do geoide para o plano, haveria alguma distorção na Terra e portanto Mercator optou por preservar as formas dos continentes (projeção conforme), porém distorcer o tamanho dos mesmos. Na parte do Equador, que naturalmente já encostava no cilindro em nosso exercício de imaginação, as distâncias foram preservadas sem grandes problemas, porém na medida em que a latitude vai aumentando, ou seja que vamos indo em direção aos polos, a distorção no tamanho é maior. Por isso que na projeção de Mercator o que está mais próximo dos polos parece tão maior do que realmente é. Ex.: A Groenlândia parece maior que a América do Sul, sendo que na realidade ela é muito menor.

Ainda hoje a projeção de Mercator é a mais utilizada em nossos mapas. Porém, ela sofre muitas críticas especialmente pelo fato de que os países do Norte desenvolvidos acabam ficando maiores que os do Sul que são subdesenvolvidos ou estão em desenvolvimento. Isso se deve pelo formato dos continentes em que os países do Sul estão mais próximos do Equador (onde não sofrem distorções) e os países do norte se mantém mais distantes do mesmo (ficando ampliados no mapa).

Some-se a isso com o corte vertical no cilindro sendo feito geralmente no Oceano Pacífico, colocando o Oceano Atlântico no centro com destaque para a Europa. Além da convenção de se colocar o Norte na parte de cima do Mapa e o Sul na parte de baixo do mapa, sendo que não há “em cima” ou “em baixo” no Universo. Todos esses fatores fazem com que alguns grupos ideológicos critiquem o uso da projeção de Mercator.

Referências:

http://www.mercator.ufc.br/mercator/article/view/159/127

http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/de-mercator-ao-google-maps/

http://www.bbc.com/portuguese/internacional-39349115

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/11/o-criativo-mapa-que-mostra-o-mundo-como-realmente-e.html

Arquivado em: Cartografia
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