Adenite Equina

Graduada em Medicina Veterinária (UFMS, 2009)

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A adenite equina, conhecida também pelo nome de garrotilho, é  uma enfermidade bacteriana contagiosa, causada pelo Streptococcus equi subsp. equi, caracterizando-se por uma inflamação mucopurulenta do trato respiratório anterior de equinos de todas as idades, porém, mais predominantemente em animais jovens.

Distribui-se mundialmente, sendo responsável por significativas perdas econômicas, devido ao custo do tratamento, gastos com medidas de controle e eventuais mortes que podem ocorrer. Leva a óbito em apenas 10% dos casos da doença, e a morte ocorre em consequência da disseminação dos abscessos ou púrpura hemorrágica, causada pelo acúmulo de anticorpos ligados à proteína M.

A transmissão ocorre de forma direta entre equinos que estão incubando a doença, que apresentam sintomas, mas estão em recuperação e de forma indireta (fômites). Esta bactéria possui um período de incubação de 3 a 14 dias.

O agente do garrotilho causa a enfermidade ao fixar-se nas células epiteliais da mucosa nasal e oral, invadindo as mucosas nasofaríngeas, levando à uma faringite aguda e rinite. Quando o organismo do hospedeiro não consegue impedir o processo inflamatório, o agente invade a mucosa e o tecido linfático faríngeo. Ao passo que a enfermidade evolui, há a formação de abscessos, em especial, nos linfonodos retrofaríngeos e submandibulares, causando uma obstrução local devido à compressão. Entre sete a 14 dias após, fistulam, sendo drenados, liberando o pus repleto de bactérias, contaminando o ambiente.

Os sinais clínicos manifestados pelos animais são típicos de um processo infeccioso generalizado; apresenta também uma secreção nasal serosa, que em seguida passa a ser mucopurulenta e, dentro de alguns dias passa a ser purulenta, tosse produtiva, dor à palpação da região mandibular, linfadenopatia, em especial, dos linfonodos submandibulares, extensão do pescoço devido à dor na região da laringe e faringe. Estes sintomas são clássicos do garrotilho, embora animais mais velhos possam não desenvolver abscessos em consequência de uma prévia infecção pela bactéria S. equi subsp. equi. A letalidade dessa doença é baixa, mas pode levar a óbito por complicações como:

  • Garrotilho bastardo: caracteriza-se pela disseminação dessa bactéria para outros linfonodos do organismo, dando origem a abscessos em qualquer região do corpo, mais frequentemente nos pulmões, no mesentério, no fígado, no baço, nos rins e no cérebro, sendo que se houver a ruptura, resulta em uma infecção generalizada e,  consequentemente, leva a morte.
  • Púrpura hemorrágica: caracteriza-se por uma vasculite aguda imuno-mediada que ocorre, na maioria das vezes, em animais convalescentes do garrotilho, devido à precipitação de imunocomplexos nos capilares, que são formados por anticorpos e frações da bactéria, resultando em severo edema nos membros, cabeça e em outras regiões do corpo.
  • Empiema das bolsas guturais: pode ocorrer durante o curso clínico da doença ou no período de convalescência da adenite eqüina. A persistente infecção dessas bolsas pode levar à aspiração de pus e, as vezes, até à formação de condróides.
  • Pneumonia aspirativa.

O diagnóstico é feito através do quadro clínico e sua confirmação pode ser feito através do isolamento da bactéria S. equi subsp. equi, através da pesquisa da secreção nasal purulenta ou do conteúdo de abscessos, coletado com o auxílio de swab nasal e conservação sob refrigeração até o momento da análise. Pode ser realizado também a técnica de Reação em Cadeia de Polimerase (PCR), que detecta do agente vivo ou morto. A técnica de ELISA também pode ser utilizada na busca de anticorpos contra a bactéria em questão.

O tratamento é feito com base no estágio da enfermidade. Equinos que não apresentam abscessos nos linfonodos devem ser tratados com penicilina G, na dosagem de 18.000-20.000 UI/kg, ou trimetoprim em associação com sulfametaxol na dose de 20 mg/kg, administrado por via intramuscular durante 5-10 dias. Quando o animal apresenta abscessos, há a aplicação de substâncias revulsivas para facilitar sua maduração para depois serem pronunciados, como por exemplo, o iodo. Posteriormente deve ser feito um curativo no local. Animais em risco devem ser tratados anteriormente com penicilina, durante o período de exposição ao microrganismo. Em casos de complicações, deve ser feito um tratamento suporte, como fluidoterapia, medicamentos expectorantes e antimicrobianos em dosagens superiores das recomendadas normalmente.

Fontes:
http://www.biologico.sp.gov.br/docs/arq/v73_4/silva1.pdf
https://web.archive.org/web/20090824075240/http://www.sovergs.com.br:80/conbravet2008/anais/cd/resumos/R0110-2.pdf
http://www.scielo.br/pdf/cr/v39n6/a220cr851.pdf
http://cavalodecorrida.blogspot.com/2009/10/cientistas-podem-em-breve-ter-vacina.html

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