Árabe

A língua árabe, em sua forma atual e convencional, é oficial em 27 países no mundo todo, superada nesse quesito apenas pelas línguas francesa e inglesa. Isso faz do idioma um importante veículo de comunicação de uma população estimada em cerca de 280 milhões de falantes.

É importante enfatizar que as aulas a seguir irão tratar deste árabe moderno, oficial, que é derivado do árabe clássico ou corânico. A forma clássica ou antiga da língua é até hoje praticada e ensinada principalmente a partir da religião islâmica, já que o Alcorão, seu principal texto, é escrito em tal modalidade da língua, e suas palavras são sagradas, devendo ser transmitidas a todos os adeptos da forma mais fiel possível. Assim, todo o muçulmano conhece árabe clássico em nível satisfatório, mesmo que não seja falante de árabe e não viva em um país cuja língua oficial é o árabe.

Ao mesmo tempo, o árabe moderno, standard, é na verdade uma modalidade formal do idioma, que não reflete perfeitamente a linguagem coloquial das sociedades. É muito parecido com o que acontece com a língua portuguesa no Brasil, onde a forma ensinada nas escolas chega a ser bastante diferente daquela praticada nas ruas ou nos lares dos brasileiros. Talvez o maior problema seja o árabe falado em Marrocos, mais difícil de se compreender que as outras variedades, pois a vertente local recebeu uma grande quantidade de vocabulário francês e espanhol. Há ainda a variedade hassania, falada ao sul de Marrocos, Saara Ocidental, Mauritânia, oeste da Argélia e Mali, que é muitas vezes considerada uma língua à parte. Essas diferenças entre árabe corânico, standard ou coloquial, entretanto, não chegam a travar a comunicação entre as diversas comunidades que partilham da língua. Quando há algum problema com as expressões locais, basta recorrer ao árabe standard, que é a forma que será abordada.

A escrita árabe deriva da escrita aramaica, a partir de sua variedade nabateia, usada na região do Sinai e Jordânia. Seu sistema é denominado "abjad" ou consonantário, onde os símbolos representam consoantes, e as vogais são supridas pelo próprio leitor, que deve ser uma pessoa já familiarizada com a língua. Isso causa muitos problemas de transliteração (conversão de palavras do árabe para um outro sistema de escrita), como por exemplo, o recente problema com o falecido ditador líbio Muammar Gaddafi, cujo nome foi transcrito pela mídia em cerca de 30 formas diferentes. O domínio da escrita depende de uma certa prática, e virá com o tempo. O sistema de escrita da língua hebraica segue a mesma lógica do árabe, e é outro grande exemplo de abjad. Devido à influência islâmica, muitos outros idiomas são escritos com o abjad árabe, como o persa, o curdo, o urdu, o uigur, entre outras. No passado, línguas como o suaíle, o turco, o somali e o uzbeque também utilizavam este sistema.

Já a conversão do idioma para o alfabeto latino é um assunto que inicialmente trará dificuldades, pois não há um sistema de transposição do vocabulário para as normas ortográficas do português. Existem sistemas de transliteração desenvolvidos para as línguas italiana, alemã, inglesa, francesa e espanhola, devido à influência dos países europeus na área. Como Portugal não tem contato intenso com a região desde o século XVI e o Brasil praticamente nunca teve, muitas vezes se recorre a arcaísmos. Como a maioria da informação na internet é proveniente de fontes em língua inglesa, e provavelmente é esta a forma de transliteração com a qual todos terão eventualmente contato, o autor desta série de aulas decidiu por seguir a transliteração em inglês da língua árabe, tentando sempre indicar a melhor forma de pronúncia quando necessário.

Elaborado por Emerson Santiago Silva.