Fisiologia muscular

Mestre em Neurologia / Neurociências (UNIFESP, 2019)
Especialista em Farmácia clínica e atenção farmacêutica (UBC, 2019)
Graduação em Farmácia (Universidade Braz Cubas, UBC, 2012)

Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição:


Ouça este artigo:

O músculo esquelético é um órgão formado por células multinucleares fibrosas capazes de promover contração e se alongar. Os músculos podem ser classificados de acordo com suas características sendo eles o cardíaco, o liso e o estriado. O último é o mais difundido no corpo com cerca de 600 espalhados, representando cerca de 40 a 50% do peso corporal. Dentre as funções que podemos citar está a produção de movimentos corpóreos, como caminhar, correr, levantar entre outros movimentos. A estabilização das posturas, através das contrações, há a estabilização das articulações e equilíbrio do peso favorecendo o indivíduo a permanecer em pé por exemplo, além disso também favorece a movimentação de substâncias ao longo do corpo pelo processo de contração, funcionando como uma segunda bomba, auxiliando o coração. A geração de calor e a regulação do volume de alguns órgãos também são funções importantes para o corpo humano.

Esse órgão funciona como um transformador de energia química, transmitida pelo sistema nervoso central, em energia mecânica (em movimento). Para que essa ação mecânica ocorra é necessário um conjunto de fibras com proteínas contráteis capazes de agir em conjunto e sincronismo: a actina e a miosina, ambas compõem filamentos finos e grossos respectivamente, essas estão inseridas nas miofibrilas que fazem parte das fibras musculares. As miofibrilas estão dispostas de forma paralela formando bandas escuras e claras inseridas em série, formando o padrão conhecido e caracterizando as estrias musculares, limitando os sarcômeros, que são consideradas as unidades contráteis, estão os discos Z, local onde a tinina e a nebulina se ancoram na alfa Actinina.

O processo de contração muscular se dá através do encurtamento das fibras musculares e ocorre quando a concentração do cálcio [Ca2+] aumenta gerando assim diversos eventos intracelulares que promovem a interação da miosina com a actina, onde a actina desliza sobre a miosina gerando encurtamento dos sarcômeros e consequentemente das fibras musculares em série. Esse aumento de Cálcio se dá através da liberação de Acetilcolina, um neurotransmissor, que ativa receptores muscarínicos na fenda neuromuscular promovendo o influxo de Sódio na célula muscular causando despolarização das células musculares. Essa despolarização (ou potencial de ação) se propaga por todas as fibras levando ao aumento de cada vez mais cargas positivas por toda membrana celular. O potencial de ação faz com que retículo sarcoplasmático, presente dentro das células musculares juntamente com os túbulos T, libere Cálcio e esse promove o encontro da miosina com actina e o consequente encurtamento da fibra (isso de maneira simplificada já que o processo envolve outros fatores mais complexos como o envolvimento das proteínas DHP entre outros).

As moléculas de miosina formam, em disposição ordenada, um filamento mais grosso que a actina, essas moléculas são formadas por dupla hélices e em uma das pontas há duas cabeças globulares que funcionam através da ação da Adenosina trifosfato ou também conhecido como ATP elevando a miosina levando ao encontro com os filamentos mais finos de actina. Os filamentos de actina por sua vez são formados por actina globular que se entrelaçam formando a actina filamentosa e essa estará ligada a tropomiosinas fixadas pelas troponinas. O cálcio liberado do retículo sarcoplasmático se liga a troponina e essa, alterando sua conformação, expõe a tropomiosina fazendo com que a cabeça da miosina se projete e consiga se ligar a tropomiosina. Com a ação da adenosina trifosfato, há o deslizamento dos filamentos de actina sobre os filamentos de miosina aproximando as extremidades dos sarcômeros e produzindo força de contração ao longo de toda a fibra muscular.

A massa muscular pode sofrer variação em diversas espécies ao longo do tempo, inclusive a espécie humana, ao avançar da idade perdemos cerca de 30 a 40% de massa muscular naturalmente. Por conta da diminuição de massa muscular há a perda de força de contração, consequentemente, pessoas acima de 65 anos de idades são mais suscetíveis a quedas, o que são fatores que contribuem para a morbidade e mortalidade. Para se ter uma base da frequência que idosos sofrem com aproximadamente uma queda por ano.

Bibliografia:

Brooks SV. Current Topics for Teaching Skeletal Muscle Physiology. Adv Physiol Educ 2003; 27: 171-172.

Brooks SV and Faulkner JA. Skeletal muscle weakness in old age: underlying mechanisms. Med Sci Sports Exerc 26: 432– 439, 1994.

Geeves MA, Holmes KC. Structural Mechanism of Muscle Contraction. Ann Rev Biochem 1999; 68: 687-728. 4. Brooks SV.

Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição: