Relações intraespecíficas desarmônicas

Graduação em Ciências Biológicas (UNIFESP, 2016)

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Os organismos estão constantemente interagindo entre si, seja de forma positiva ou negativa, a fim de obterem vantagens determinantes para o aumento de seu fitness, reprodução e sobrevivência. Interações positivas são chamadas de interações harmônicas, e trazem vantagem para ao menos um dos indivíduos envolvidos. Já as interações desarmônicas são interações negativas e apresentam desvantagem para ao menos um dos indivíduos envolvidos. Nesse tipo de interação, muitas vezes um dos indivíduos apresenta vantagem às custas do outro, obtendo recursos necessários para a reprodução e sobrevivência como parceiros reprodutivos, recursos e território. Podem acontecer entre indivíduos da mesma espécie (relações intraespecíficas), ou entre indivíduos de diferentes espécies (relações interespecíficas). Quando interações negativas acontecem entre indivíduos da mesma espécie são chamadas de relações intraespecíficas desarmônicas, e podem ser divididas em canibalismo e competição.

Canibalismo

Um tipo de interação desarmônica que pode ser observada principalmente entre indivíduos de diferentes espécies, mas também entre indivíduos da mesma espécie é a predação, definida como o consumo de um organismo por outro. Quando o consumo se da entre indivíduos da mesma espécie, a predação leva o nome de canibalismo. Fêmeas da aranha viúva-negra pertencentes ao gênero Latrodectus se alimentam do macho após a cópula, necessitando desse recurso energético para desenvolver sua prole. O mesmo acontece entre indivíduos de louva-a-deus pertencentes a família Mantoideae e a classe Insecta, onde machos servem de alimento após a cópula.

Competição intraespecífica

A competição é uma das interações mais estudadas por cientistas, e pode ser observada tanto entre indivíduos de diferentes espécies, conhecida como competição interespecífica, como também entre indivíduos da mesma espécie, chamada de competição intraespecífica. A competição entre indivíduos da mesma espécie normalmente é regulada pela quantidade de recursos disponível no ecossistema, como recursos alimentares, parceiros reprodutivos, abrigos e territórios por exemplo. A quantidade máxima de indivíduos de uma população (organismos da mesma espécie em um mesmo local) que podem sobreviver e se reproduzir com uma determinada quantidade de recursos sem que seja necessário competirem é chamada de capacidade de suporte (k), e é responsável por regular o tamanho das populações.

Quando o número de indivíduos ultrapassa a capacidade de suporte, os recursos se tornam limitantes e os membros da população passam a competir entre si. Por exemplo, a competição por recursos alimentares e território acontece entre indivíduos de diferentes espécies de beija-flor, e a competição por fêmeas é observada em quase todas as espécies de aves, onde machos apresentam ornamentos e cores radiantes para atração de parceiras reprodutivas.

Mamíferos podem competir fisicamente, como leões que disputam entre si pelo acesso a fêmeas para reprodução e também pelo controle do grupo. Na Mata Atlântica, os saguis do gênero Callithrix apresentam vocalização territorial emitida de acordo com a presença de outros indivíduos na vizinhança, e há disputa entre bandos por território, abrigo e recurso. Diferentes espécies de anfíbios anuros formam coros em corpos d’água parados, onde os machos vocalizam para atração de fêmeas e defesa de territórios, e competem entre si muitas vezes pela oportunidade de acasalamento.

Leia também:

Referências Bibliográficas

[1] Begon, M.; Townsend, C. R. & Harper, J. L. Ecology: from individuals to ecosystems. 4 ed. Reino Unido: Editora Blackwell Publishing Ltd, 759p., 2006.

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