Trofoblasto

Doutora em Ciência Animal (UFG, 2020)
Mestrado em Ciências Veterinárias (UFU, 2013)
Graduação em Ciências Biológicas (UEG, 2010)

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O trofoblasto é o conjunto de células que envolvem o embrião, na fase de blástula, responsável por erodir o endométrio do útero na implantação e originar a placenta. No início da implantação e formação da placenta, fornece rota para a nutrição entre o endométrio materno e o embrião. Quando a placenta está completamente formada, ele cobre a superfície das vilosidades coriônicas e forma a porção fetal da placenta.

Blastocisto, com a localização do trofoblasto. Ilustração: Designua / Shutterstock.com

Células do Trofoblasto

A estrutura celular do trofoblasto é composta de três tipos de células: o citotrofoblasto, sinciciotrofoblasto, e trofoblasto intermediário ou extraviloso.

O citotrofoblasto possui alta atividade mitótica, mas não apresenta a síntese de hormônios. Ele dá origem às outras células do trofoblasto, como o sinciciotrofoblasto.

O sinciciotrofoblasto é o principal componente da placenta humana, é central para transporte de nutrientes, tem baixa atividade mitótica e sintetiza o hormônio Gonadotrófico Coriônico Humano (HCG). Esse hormônio é uma proteína composta pelas subunidades α e β-hCG, que é utilizada para detecção sorológica da gestação, por ser produzido pelo embrião. É também um marcador tumoral de Neoplasias Trofoblásticas Gestacionais.

O trofoblasto intermediário tem características dos outros dois componentes e é responsável pela invasão do endométrio e implantação.

Formação do Trofoblasto

O trofoblasto desenvolve-se no embrião na fase da Blástula. Para compreender melhor, vejamos como se dá essa fase durante o desenvolvimento embrionário.

O desenvolvimento embrionário tem início após a fecundação. A nova célula, o zigoto, inicia seu desenvolvimento por meio de sucessivas divisões celulares e a diferenciação dessas células, que vão originar as primeiras fases do embrião: a mórula e a blástula.

O embrião com duas, quatro, oito, até 32 células possui aspecto de amora, por isso, é chamado mórula. Todas as células nesse estágio, possuem tamanhos semelhantes. Porém, ao final dessa fase, inicia-se o processo de compactação do embrião, no qual as células internas formam um agrupamento chamado de Massa Celular Interna ou embrioblasto e as células externas diferenciam-se em um epitélio firmemente unido, formando uma superfície mais lisa.

Essa camada externa é chamada de trofoectoderma, nos períodos que antecedem a placentação, e trofoblasto quando estas células já participam do processo de formação da placenta. Essa modificação do trofoectoderma inicia o processo de diferenciação do embrião característico da fase de blástula.

Nessa fase, o embrião, agora chamado de blastocisto, já encontra-se no útero vindo da tuba uterina, onde ocorreu a fecundação. As células do trofoectoderma absorvem líquido do útero e formam uma cavidade interna com esse conteúdo, chamada de blastocele.

Logo, o blastocisto contém três estruturas:

  • A camada que o reveste, o trofoectoderma. Suas células vão originar o trofoblasto, responsável pela implantação do embrião no útero, por sua nutrição e pelo desenvolvimento da placenta e os outros anexos fetais;
  • A massa celular interna, o embrioblasto, com suas células agregadas em um polo do embrião. Esse conjunto de células vão dar origem ao embrião em si;
  • A blastocele, uma cavidade contendo líquidos nutritivos para o embrião e que faz parte da formação dos celomas embrionários.

O aumento da quantidade dos líquidos na blastocele faz o blastocisto se expandir, o que ocasiona a ruptura da zona pelúcida que ainda o recobre, de forma que suas células agora podem iniciar a implantação do embrião no útero.

Cerca de seis dias após a fecundação, na gestação humana, o blastocisto se adere à superfície do endométrio e inicia a implantação. Com essa adesão, o trofoectoderma, agora chamado de trofoblasto, se prolifera rapidamente e se diferencia em duas camadas: o citotrofoblasto, interno; e o sinciciotrofoblasto, externo, multinucleado e invasivo, responsável por erodir os tecidos maternos, criar o espaço para completar a implantação e obter nutrientes para o concepto.

Essa aquisição de nutrientes maternos inicia-se com a erosão das glândulas e vasos sanguíneos do endométrio, feita pelo sinciciotrofoblasto, posteriormente, ocorre o processo de placentação, no qual o trofoblasto e outras membranas fetais formam a placenta, um órgão materno-fetal transitório.

Referências:

MOORE K. Embriologia Básica. 8ª Edição. Rio de Janeiro: Elsevier. 2013.

GILBERT, S. F. Biologia do Desenvolvimento. 6ª edição, Ribeirão Preto: FUNPEC. 2008.

Arquivado em: Embriologia
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