Desmatamento da Amazônia

Mestrado em Ciências Biológicas (INPA, 2015)
Graduação em Ciências Biológicas (UFAC, 2013)

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Entre as atividades que o homem pratica que afetam diretamente as maiores áreas de Floresta Amazônica brasileira está o desmatamento. A terra, originalmente florestada nessa região brasileira era do tamanho da Europa Ocidental. As áreas que estão desmatadas e agora, sob pastagens ou convertidas em floresta secundária, já degradadas e abandonadas, somam, pelo menos, 80% do total alterado pelo homem.

Área desmatada ilegalmente na Floresta Amazônica. Foto: marcio isensee / Shutterstock.com

A taxa de desmatamento da Amazônia já variou ao longo do tempo por diversas vezes, alternando entre redução e aumento entre as taxas, mas nos últimos anos o aumento do desmatamento tem sido exponencial. Em Agosto do ano de 2019, o céu da capital de São Paulo escureceu repentinamente a partir das 15h e esse incidente ficou conhecido como o “dia escuro”.

O fenômeno chocou a população brasileira e chamou a atenção do mundo para o que estava acontecendo. Naquele dia, além de uma recém chegada massa de ar frio, que formou nuvens densas e pesadas, o evento também contaria com a chegada da fumaça dos grandes incêndios florestais que consumiram a floresta Amazônica, a uma centena e milhares de km de distância dos estados amazônicos até a grande São Paulo, fazendo chover “água preta” dos céus, no mês de agosto.

Além deste incidente, o dia 10 de agosto de 2019 ficou conhecido como o “dia do fogo” o qual produtores rurais da região norte do pais teriam iniciado um movimento conjunto para incendiar pontos ao longo da floresta tropical. No dia 11 de agosto, o Amazonas declarou estado de emergência e calamidade pública.

Foram contabilizados 161.236 focos de incêndios no pais de janeiro a outubro de 2019, o que significa 45% de área desflorestada a mais em relação ao mesmo período no ano de 2018. Em 2019, cerca de 52,1% das queimadas ocorreram na Amazônia, 30,3% no Cerrado, 10,4% na Mata Atlântica, 3,6% no Pantanal, 2,5% na Caatinga e 1,1% nos Pampas. Do mês de janeiro até agosto de 2019, já haviam sido registrados 43.421 focos de incêndios na Amazônia, 25.253 no Cerrado, 8.704 na Mata Atlântica, 2.974 no Pantanal, 2.072 na Caatinga e 905 nos Pampas.

O desmatamento causa severos impactos sobre a perda de biodiversidade, provoca exposição do solo à erosão, promove a perda das funções ecológicas da floresta no ciclo da água e no armazenamento de carbono. A perda de biodiversidade é um dos impactos mais severos do desmatamento, porque a maioria das espécies presentes não pode sobreviver às mudanças radicais que são provocadas pelo corte e queima da floresta.

A floresta amazônica possui um alto grau de endemismo presente em áreas restritas, o desmatamento contribui para que áreas extensas sejam conduzidas a extinção de muitas espécies. O risco de extinção de qualquer espécie não é uma função linear da área restante do habitat, mas ele se eleva quando a área restante se aproxima de zero.

O melhor entendimento das causas do desmatamento pode ser uma das primeiras prioridades para pesquisas na Amazônia. A identificação de quem desmata, a identificação de qual seria o papel relativo dos grandes e médios fazendeiros versus os dos pequenos agricultores, a quantificação da especulação de terras, a sonegação fiscal e o papel de vários tipos de incentivos ainda existentes deveriam ser analisados.

Quantificar o impacto de processos específicos como a exploração madeireira, a reforma agrária e a construção de infra-estrutura de monoculturas como o caso da soja também deveriam ser contabilizados em decorrência das atividades de desmate. Ano após ano o governo anuncia sobre os dados de desmatamento de anos anteriores junto com medidas para frear o processo. No entanto, os dados do ano seguinte indicam subidas e descidas que tem pouco a ver com as medidas recomendadas para implementação e a taxa do desmatamento segue com o ritmo elevado.

Para se ter uma aderência sobre estratégias de valorização de serviços ambientais a longo prazo é necessário compreender a dinâmica do desmatamento para poder chegar a medias eficazes no controle dos fatos. O fatalismo sobre o destino da floresta amazônica contém a tomada de ações para controlar o desmatamento. O destino da floresta amazônica depende fundamentalmente de decisões humanas, baseadas em informações confiáveis sobre os processos de desmatamento e as ações governamentais podem ter efeitos reais sobre as taxas de perda de floresta na região amazônica.

Leia também:

Referências bibliográficas:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Inc%C3%AAndios_florestais_na_Amaz%C3%B4nia_em_2019 acessado em 27/01/2020

Philip M. Fearnside. A floresta amazônica nas mudanças globais. Manaus:INPA, 2003.

Arquivado em: Ecologia, Geografia
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