Jamaica

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A Jamaica é um país situado na América Central. Por ser uma ilha, não possui fronteiras terrestres com nenhuma outra nação. Porém, localiza-se a 150 km de Cuba e está a 180 km da ilha de São Domingos (Ilha de Hispaniola), que é formada pela República Dominicana e pelo Haiti.

Em 2021, a população da Jamaica foi estimada em 2.976.234 habitantes, sendo que ¼ deste total vive na capital, Kingston. A população da Jamaica é formada etnicamente por 90% de cidadãos com origem africana e sua moeda corrente é o Dólar Jamaicano. O país tem o sistema de governo a partir de uma monarquia constitucional parlamentar. O poder legislativo apresenta-se pelo senado e uma câmara formada por meio de representantes eleitos pelo povo.

Localização e bandeira da Jamaica. Fonte: Cephas / Wikimedia Commons / CC-BY-SA 4.0

Primeiros habitantes

A região onde se situa a Jamaica foi habitada, entre os anos 700 e 800, pelos tainos. Este povo batizou a área como Xaymaca, que significa terra de florestas e águas. Entre as atividades dos tainos, destacavam-se a construção de embarcações, a tecelagem e a pesca.

Colonização pela Espanha

Em 1494 Cristóvão Colombo desembarcou junto de sua tripulação na Baía de Santa Glória (Baía de St. Ann). Isto ocorreu na segunda viagem que fez à região a qual chamavam de Novo Mundo. Desta forma, a ilha foi reivindicada para o domínio espanhol e, embora Colombo não tivesse permanecido no território naquela ocasião, batizou-o como Santa Jago.

Invasão britânica

A invasão inglesa da Jamaica teve início em 1655. Quase quarenta embarcações chegaram à Jamaica, com 8.000 tripulantes armados. Este movimento era parte de um plano ambicioso de Oliver Cromwell - militar e líder político inglês - de tomar para a Grã-Bretanha as colônias situadas nas Américas. Assim, houve luta entre os ingleses e os espanhóis, além de escravos e quilombolas.

Em 1660 os espanhóis foram derrotados na Batalha de Rio Bueno e a região ficou sob o domínio da Grã-Bretanha. Após dois anos, já estavam instalados na Jamaica cerca de 4.000 cidadãos de origem britânica.

Rebeliões

Em 1690 ocorreu a primeira revolta dos escravos, na paróquia de Clarendon. Cativos, escravos fugidos e outros libertos juntaram-se em áreas quilombolas. Após 10 anos de guerra, os ingleses conseguiram derrotar os insurgentes.

Em 1807, depois de diversos processos abolicionistas, a Grã-Bretanha decidiu pela proibição da comercialização de escravos. Isso, porém, não alterou o fato de que o trabalho escravo continuasse existindo na Jamaica. Em 1831 ocorreu a Rebelião de Natal, na qual 20.000 escravos se revoltaram contra os colonos. As forças britânicas logo responderam com 400 enforcamentos.

Século XX

Naquela década ocorreu a diminuição no comércio de bananas devido à Grande Depressão nos EUA. Em 1938, dentro de um contexto de greve, surgiu o sindicalista e líder Alexander Bustamante, criador do Sindicato Industrial Bustamante.

O primo de Bustamante, Norman Manley, criou o PPN – Partido Popular Nacional – partido político pioneiro da Jamaica. Desta forma, foram reivindicadas reformas no plano econômico e político. Em 1943, Bustamante fundou o PTJ – Partido Trabalhista da Jamaica.

Em 1944 foi promulgada uma Constituição que concedia o direito ao sufrágio universal. O PTJ assumiu o poder. Em 1962 a Jamaica conquistou sua independência, tornando oficial a bandeira do país. A cor preta simboliza o povo, o verde remete às terras e dourado ao Sol.

O Desenvolvimento nos anos 1970

Em 1972 o filho de Norman Manley, Michael Manley (PPN), derrotou o PTJ nas eleições. Dessa forma, teve início na Jamaica um governo de caráter socialista e democrático, dentro dos limites constitucionais. Manley ampliou o controle regulatório do Estado na economia, assim como aumentou os tributos cobrados na direção da exportação de bauxita.

Em outro aspecto, Manley posicionou-se perante as companhias estrangeiras no sentido de participar do direcionamento da produção e reconquistar as terras da Jamaica que estavam sob o poder destas empresas. Notavelmente, 1/3 do solo da ilha era privatizado.

Michael Manley instituiu um salário mínimo para os trabalhadores, alicerçou as atividades operárias no setor industrial, nacionalizou serviços públicos básicos e fortaleceu os sindicatos. Na política externa, iniciou o fortalecimento geopolítico com integração a outros países para proteger a economia.

Manley criou uma companhia – em conjunto com Venezuela e México – para processar a bauxita, em detrimento de simplesmente exportar por meio de empresas de fora. Em conjunto com a Costa Rica e com o Caribe, executou políticas para diminuir a influência dos Estados Unidos na América Central, além de ter integrado a Frota Mercante do Caribe.

Dessa forma, o povo jamaicano observou notáveis melhorias em sua condição de vida. Assim, Manley obteve apoio em seu governo. Ele venceu as eleições de 1976. Porém, suas ideias eram contrárias aos interesses dos EUA para a região.

Como forma de conter o crescimento, o establishment estadunidense iniciou embargos em diversos aspectos, tanto no plano econômico como no diplomático. Ao mesmo tempo, empresas estrangeiras diminuíram sua produção na Jamaica, causando uma crise na economia.

Anos 1980

Novamente instável, a Jamaica viveu um clima de insatisfação popular na década de 1980. Isso resultou na antecipação de eleições. Manley foi derrotado por Edward Seaga, político do PTJ nascido nos Estados Unidos. Em 1984 o Fundo Monetário Internacional (FMI) impôs à economia jamaicana condições severas que tiveram por resultado políticas de corte nos gastos públicos e acirramento inflacionário.

Com o parco funcionamento dos serviços essenciais, o governo não teve aptidão para atuar perante os danos ocasionados pelo furacão Gilbert (1988). Ao mesmo tempo, Manley continuava sendo o político popular mais conhecido da Jamaica. Assim, nas eleições de 1989, o PPN ascendeu novamente.

Ao longo da década de 1990, a Jamaica oscilou entre governos mais voltados aos interesses do povo e outros voltados às reivindicações estrangeiras. O retorno de Manley foi moderado e, em 1997, o PTJ retomou o poder. O crescimento da década de 1970 tinha ficado no passado, o que pode ser observado pelo aumento da violência nos anos 1990 e início dos 2000, em que se registrou o índice de 1.000 assassinatos por ano e crescimento do tráfico de entorpecentes. Em 2009 Patrick Linton Allen foi eleito Governador-geral da Jamaica.

Fontes:

https://jis.gov.jm/information/jamaican-history/

https://www.jamaicaobserver.com/columns/Colonialism-and-neocolonialism-in-Jamaica-_15717745

https://www.nlj.gov.jm/BN/Manley_Michael/bn_manley_mn_021.pdf

Sader, E., Jinkings, I., Nobile, R., & Martins, C. E. (2006). Latinoamericana: enciclopédia contemporânea da América Latina e do Caribe. São Paulo: Boitempo Editorial/ Laboratório de Políticas Públicas (LPP).

Arquivado em: América
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