Vegetação do Rio de Janeiro

Mestre em Ciências Humanas (PUC-RJ, 2016)
Graduado em Geografia (UFF, 2009)

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De acordo com Martinelli (2010), as espécies da flora não estão distribuídas ao acaso, mas sim agrupadas em formações vegetais em equilíbrio com o solo, clima, além de contar com a concorrência de ações por parte da sociedade humana. Assim, vegetação é a forma de agrupamento das espécies vegetais em consonância com o ambiente, incluindo a participação da ação do homem na sucessão de seus modos de produção.

Originalmente, a vegetação predominante na área que hoje pertence ao Estado do Rio de Janeiro era composta pela floresta tropical, chamada de Mata Atlântica, composta por uma grande variedade de espécies como: as quaresmeiras, os ipês, as paineiras, as palmeiras, os jequitibás, as embaúbas, as orquídeas e as bromélias. Contudo, a ação do homem no decorrer dos ciclos econômicos dizimou a maior parte dela para dar lugar a plantações, pastos e cidades. O pouco que restou da Mata Atlântica faz parte atualmente de parques e reservas naturais, como o parque nacional de Itatiaia, o parque nacional da Serra dos Órgãos, o parque nacional da Floresta da Tijuca e o Parque da Pedra Branca. De acordo com a Ong SOS Mata Atlântica, em levantamento realizado em 2015 junto com o INEA, há cerca de 1,3 milhão de hectares de Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro, sendo 34 mil hectares dentro do município do Rio de Janeiro, representando cerca de 30% do total preservado (Lisboa, 2015).

Mata Atlântica. Ao fundo, cidade do Rio de Janeiro. Foto: Dmitry V. Petrenko / Shutterstock.com

Além da presença da vegetação de floresta tropical, temos presente no Estado do Rio de Janeiro as áreas de Manguezal. Dentro dos limites do Estado do Rio de Janeiro, as áreas mais extensas de manguezal são a foz do rio Paraíba do Sul e as baías de Guanabara, Sepetiba e Angra dos Reis (BERNINI & RESENDE, 2003). Por definição, os manguezais são uma zona úmida, um ecossistema costeiro, de transição entre o ambiente terrestre e o ambiente marinho, característico de regiões tropicais e subtropicais e sujeito às mudanças nas marés (SCHAEFFER-NOVELLI, 1995). De acordo com Diegues (2002), na Baía da Guanabara, do Estado do Rio de Janeiro, esse ecossistema apresenta grande extensão, apesar do intenso processo de degradação que sofre, devido à ocupação irregular e do despejo ilegal de esgoto.

Outra forma de vegetação presente no Estado do Rio de Janeiro é a vegetação de restinga, presente principalmente na Região dos Lagos. De acordo com Silva & Oliveira (1989), restinga refere-se à vegetação ocorrente sobre depósitos arenosos costeiros característicos do litoral brasileiro. A costa fluminense é constituída por depósitos sedimentares provenientes de regressões e transgressões marinhas ocorridas durante o período Quaternário. Esses movimentos levaram a formação de cordões arenosos onde ficaram aprisionados sistemas de dunas e alagados. Essas áreas vêm sofrendo pressão, por conta da ocupação desordenada e o avanço dos empreendimentos imobiliários. No Estado do Rio de Janeiro foi sancionado em 2008 o Decreto Nº 41.612 definindo, de forma detalhada, o ambiente de restinga, ajudando a evitar o surgimento de novos empreendimentos nessas áreas dentro do Estado Fluminense.

Vegetação da região do Parque Estadual da Costa do Sol, com resquícios de Mata Atlântica e Restinga. Foto: Luiz Souza / Shutterstock.com

Referencias:

BERNINI, E. & RESENDE, C. E. Estrutura da Vegetação em Florestas de Mangue do Estuário do Rio Paraíba do Sul, Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Acta Botanica Brasilica, 2004. Disponível em:

BRANDÃO, T. Uma lei para a restinga. Blog Verde, 2009. Disponível em: http://blogs.oglobo.globo.com/blog-verde/post/uma-lei-para-restinga-162993.html - Acesso em 10 de janeiro de 2018.

LISBOA, V. Estado do Rio tem 30,7% de cobertura original da Mata Atlântica. EBC – Agencia Brasil, 2015. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2015-05/medicao-mostra-que-estado-do-rio-so-tem-307-de-mata-atlantica - Acesso em 08 de janeiro de 2018.

MARTINELLI, Marcelo. Estado de São Paulo: aspectos da natureza. Confins Online, 2010. Disponível em: http://journals.openedition.org/confins/6557 – Acesso em 20 de dezembro de 2017.

SCHAEFFER-NOVELLI, Y. Manguezal ecossistema entre a terra e o mar. São Paulo: Caribbean Ecological Research, 1995.

SILVA, J.G. & OLIVEIRA, A. S. A Vegetação de Restinga no Município de Maricá -RJ. Acta Botanica Brasilica, 1989.

Arquivado em: Rio de Janeiro
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