Segunda Guerra da Chechênia

Licenciatura em História (IFG, 2022)

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A Segunda Guerra da Chechênia (1999 – 2000) foi um conflito militar envolvendo a Federação Russa e as forças nacionalistas da antiga República da Chechênia, ocorrido na região norte do Cáucaso. O conflito eclodiu em decorrência direta do final da Primeira Guerra da Chechênia, ocorrido entre 1994 e 1996. Em seu desfecho, a Chechênia perdeu a sua autonomia, passando a fazer parte da Rússia.

Antecedentes

Para compreender bem esse conflito, é necessário compreender os fatos que o precederam. As tensões entre a Rússia e as nações da região geográfica do Cáucaso, onde se encontram países como a Geórgia, Azerbaijão, Armênia entre outros, localizados entre o Mar Cáspio e o Mar Negro, remontam a meados do século XIX (19), quando os imperadores da Rússia, os czares, tentavam expandir o domínio russo para essas regiões.

Após a Revolução Russa de 1917, os dirigentes soviéticos deram continuidade a expansão do poderio russo para o Leste europeu e para o Cáucaso, anexando países e populações, e exercendo sobre elas o processo de “russificação” – assimilação cultural dos povos dominados, que tinham por exemplo, que começar a usar a língua russa em seu cotidiano.

A Chechênia foi anexada pelo novo governo soviético, se tornando a República Socialista Soviética Autônoma da Chechênia e Inguchétia, onde no início algumas práticas culturais como a religião islâmica eram permitidas, mas isso mudou com o governo Stálin, que mandou fechar mesquitas islâmicas a partir de 1925, o que alimentou grupos nacionais opostos ao domínio russo sobre a nação.

A União Soviética a partir dos anos 80, adentrou em um período de crise, que resultou em sua fragmentação, em 1991, o que fez surgir várias regiões menores que passaram a contestar o controle centralizador de Moscou.

Dentre elas, estava a Chechênia, que motivada pela ação de grupos nacionalistas internos como o CNPC (Congresso Nacional do Povo Checheno), declarou independência em 1991, porém, foi invadida em 1994, pelo exército russo, que não aceitou a sua autonomia.

A guerra prosseguiu até 1996, quando o exército russo, derrotado, precisou se retirar, encerrando de forma temporária seus atritos com a nação.

O novo conflito

A Chechênia como país autônomo, reestruturou a liberdade de profissão da religião islâmica, e a Rússia por sua vez, veio a reconhecer em 1997, o governo checheno de Aslan Maskhadov no país, como sinal de paz.

A luta pela independência chechena começou a ser liderada por membros de grupos islâmicos, ganhando também adeptos estrangeiros árabes, por conta do princípio de união de todos os povos mulçumanos do mundo (ummah). No entanto, juntaram-se a causa, voluntários mais radicais da religião, que professavam uma vertente do islã denominada de wahabismo, como Amir ibn Khattab, que já havia participado de guerras no Afeganistão, Tajiquistão e Bósnia.

Mesmo o presidente da Chechênia Aslan Maskhadov, não apoiando essa radicalização, o movimento se expandiu e se tornou em um grupo paramilitar, que invadiu a região vizinha da República do Daguestão – que permitia a Chechênia obter um canal de escoação de sua produção pelo mar Cáspio.

Porém o momento que levou a guerra, foi quando esses grupos militares religiosos promoveram ataques terroristas contra vários apartamentos na capital da Rússia: Moscou, o que levou a morte de trezentas pessoas, e mais mil feridos. A Rússia por sua vez, que agora tinha como primeiro-ministro Vladimir Putin, realizou uma operação militar de bombardeamento a capital da Chechênia: Grozny.

Alguns observadores chegaram a afirmar que o governo russo se aproveitou da situação para invadir novamente a Chechênia e domina-la, auxiliando ao mesmo tempo, na construção da popularidade de Putin perante o povo russo, em um momento em que este pretendia concorrer nas eleições presidenciais de 2000 no país.

A Rússia conseguiu destruir as resistências chechenas, e ao contrário do primeiro conflito de 1994, dessa vez ela venceu. A partir de maio de 2000, a Chechênia perdeu a sua autonomia, vindo a fazer parte da Rússia, e vindo a ser governada por um uma administração aliada de Moscou, chefiada por Akhmad Kadyrov.

Fontes:

DE ALMEIDA MELLO, João Lucas; FILHO, Paulo Edson Alves. Um olhar histórico sobre o conflito russo-checheno. Revista Brasileira de História Militar. Rio de Janeiro Ano XI – N 28, p. 48 – 59, novembro de 2020.

PINELI, A. A. Gustavo de Miranda. O renascimento de uma potência? A Rússia no século XXI. Brasília: Ipea, 2012. 214 p.

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