Primeira Guerra Chechena

Licenciatura em História (IFG, 2022)

Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição:


Ouça este artigo:

A Primeira Guerra Chechena (1994 – 1996) foi um violento conflito militar que ocorreu quando a República da Chechênia tentou se separar da União Soviética (atual Rússia) durante o contexto histórico do fim da Guerra Fria e de crise do sistema denominado de Socialismo real.

Antecedentes

Para compreendermos melhor as origens do conflito iniciado em agosto de 1994 e encerrado em dezembro de 1996, é primordial entender a conjuntura histórica que o antecedeu.

Conflitos existiam na região desde o século XIX, na época da Rússia Imperial, quando os czares russos tentavam dominar a região geográfica do Cáucaso que fica entre o Mar Negro e o Mar Cáspio, onde se encontram países como Azerbaijão, Armênia, Geórgia e até então a Chechênia.

Após a conclusão da Revolução Russa de 1917, a União Soviética continuou a política de expansão do domínio russo para regiões como o Leste europeu e Cáucaso, anexando a Chechênia a sua zona de influência. O país se converteu na República Socialista Soviética Autônoma da Chechênia e Inguchétia – uma república que gozava de certa autonomia em relação a Moscou, permanecendo lá a prática da religião islâmica.

Durante a Segunda Guerra Mundial, os separatistas que não enxergavam com bons olhos a dominação de seu país pela URSS, tentaram aproveitar o momento em que a nação estava em conflito contra a Alemanha Nazista para se separar, contudo não obtiveram nenhum sucesso. Mas, uma nova oportunidade surgiria durante a crise soviética dos anos 90.

Na década de 1980, a União Soviética começava a enfrentar uma crise interna, e nesse contexto, Mikhail Gorbatchev chegou ao poder com a proposta de criar uma reforma política – denominada de glasnost (que significa transparência).

Com a glasnost, tornou-se possível o exercício da crítica ao regime soviético por parte das populações de toda a União Soviética, antes caladas pela censura do governo central de Moscou. Contudo a crise continuou se agravando até 1991 e a União Soviética, que comportava grande número de nações embaixo do manto de um só governo, acabou se fragmentando em 12 nações – ainda formalmente unidas na CEI – Comunidade de Estados Independentes.

As aberturas permitidas pela glasnost, estimularam vários movimentos nacionalistas que reivindicavam maiores liberdades para as suas nações, antes reprimidos nas várias províncias na União Soviética, voltaram a ganhar força. A Hungria, por exemplo, a partir maio de 1989 convocou eleições democráticas e permitiu a existência de novos partidos políticos.

Outros reflexos dessa crise foram a queda do Muro de Berlim em 9 de novembro de 1989, a divisão da antiga Tchecoslováquia em República Tcheca e Eslováquia. Outro foi a fragmentação da antiga Iugoslávia em países como: Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegóvina, Sérvia, Montenegro, Macedônia e Kosovo através de um violento conflito.

O conflito

Em 1991, a Chechênia, seguindo o exemplo de outras regiões, declarou a sua independência em relação ao governo russo, o que desagradou o governo de Moscou, chefiado por Boris Yeltsin, que no final de 1994 enviou tropas militares para reaver o controle da região.

O conflito foi marcado pela violência e pela morte de civis, se arrastando até o ano de 1996, quando as forças russas não tinham mais condições de continuarem o conflito, por conta das várias derrotas que se abateram sobre elas. Nesse ano, a Chechênia se tornou de fato independente.

Entretanto as hostilidades entre ambos países levariam poucos anos depois á uma Segunda Guerra da Chechênia. Uma consequência dessa guerra, foi o grande número de ataques terroristas orquestrados por grupos armados da Chechênia e outros países da região do Cáucaso contra a Rússia. Ataques que levaram o país inclusive a apoiar os Estados Unidos em suas ações de combate ao terrorismo após os atentados do 11 de setembro (2001).

A Rússia obteve com isso, o reconhecimento de que os grupos independentistas chechenos que lutavam pela manutenção da independência fossem considerados terroristas – obtendo por consequência apoio internacional para reprimi-los com violência, mas agora no contexto da Segunda Guerra da Chechênia, quando a Rússia estava agora, sob o governo de Vladimir Putin.

Fontes:

DE ALMEIDA MELLO, João Lucas; FILHO, Paulo Edson Alves. Um olhar histórico sobre o conflito russo-checheno. Revista Brasileira de História Militar. Rio de Janeiro Ano XI – N 28, p. 48 – 59, novembro de 2020.

PINELI, A. A. Gustavo de Miranda. O renascimento de uma potência? A Rússia no século XXI. Brasília: Ipea, 2012. 214 p.

Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição: